Finito, infinitamente...

Perfilados de medo, agradecemos o medo que nos salva da loucura. Decisão e coragem valem menos a vida sem viver é mais segura. Aventureiros já sem aventura, perfilados de medo combatemos irónicos fantasmas à procura do que não fomos, do que não seremos. Perfilados de medo, sem mais voz, o coração nos dentes oprimido, os loucos, os fantasmas somos nós. Rebanho pelo medo perseguido, já vivemos tão juntos e tão sós que da vida perdemos o sentido… ALEXANDRE O’NEILL (na voz e na música do José Mário Branco)

Na última das duas semanas de uma campanha eleitoral absolutamente miserável, reproduzindo o que de mais mau poderia haver no sentido de não se esclarecer quais são as verdadeiras propostas de políticas para as várias áreas da vida comum a todas as pessoas, não poderíamos aspirar a pior. Predominam o folclore arcaico, das feiras às arruadas, a truculência besteira e a irrelevância ideológica. Na segunda-feira, dia 6 de Junho, acordaremos com o esmagamento de um dos pilares do bloco central sobre o outro, mesmo que seja por escassos votos de diferença. O cúmulo dos cúmulos seria um governo composto pelos dois contendores principais. Mas não é inverosímel que isso possa acontecer, quer por nova imposição exterior, quer por imposição do clientelismo rosa ou laranja, ou de ambos. Falta-nos visão de futuro, sobra-nos a mesquinhice do presente.

Albrecht Durer