segunda-feira, 16 de julho de 2012

Idiossincrasia nacional e/ou Chico-espertismo nacional?

O ministro Relvas é tão relevante como um aparador de excrescências vegetais num jardim, bem ou mal cuidado.


O "caso" Relvas SÓ SERVE para mostrar como a irrelevância pode tomar forma institucional e conduzir-nos, pelos vistos (abra-se um parenteses para realçar que o Portugal da segunda década do sé. XXI, AINDA NÃO TEVE a força cívica para obrigar à auto-demissão mas que JÁ TEVE a força cívica para contribuir para a sua mais que provável demissão), ainda.


É bom não esquecer que temos um presidente da República, com sólida e reconhecida formação académica mas com densidade intelectual, e com projecção simbólica, próxima do copo de água... vazio.


Mas o Verão vai-se animando...


"A convocatória surgiu no Facebook na segunda-feira passada, pela mão do realizador de cinema Miguel Gonçalves Mendes, e já agregou uma outra iniciativa que estava marcada para sábado. (...)
"Isto não é nem uma manifestação partidária, nem contra a crise, nem contra a 'troika', nem contra o poder político, nem contra o estado miserável em que o mundo está", disse à agência Lusa Miguel Gonçalves Mendes.
"O objetivo é apelar à demissão do ministro Miguel Relvas e exigir dignidade aos órgãos que nos representam. Exatamente por isso é que foi marcada para a Assembleia da República", esclareceu.
Sublinhando que a manifestação não surgiu por causa da questão da licenciatura do ministro -- "uma pessoa ter um curso superior não a torna mais legítima para governar" -- o realizador explica que a ideia é combater "um padrão de comportamento de mentiras e mudanças de versões de uma semana para a outra".
"O ministro mentiu declaradamente no Parlamento, dizendo que não conhecia (o ex-espião) Jorge Silva Carvalho, depois houve uma pressão aos jornais, e depois vem esta cereja no topo do bolo, que é esta questão do curso superior", declarou.

CONTUDO, no Portugal da segunda década do séc. XXI, demitido o ministro (das) Relvas, logo um Cargo como Administrador surgirá na MOTA-ENGIL, na parte lucrativa da TAP, ou em mais uma qualquer dependência arquitectada pela engenharia sócio-capitalista, e que O acolherá de braços abertos...
Com o beneplácito dos cilícios da OPUS DEI ou com os aventais ridículos da MAÇONARIA...

Realidade

Que pena não ser eu um dos primeiros homens a inventar as palavras,
para criar a verdade!
Encontrei-as já todas feitas
umas doces, outras amargas,
estas rudes, aquelas imperfeitas,
acasos de som
- mar de espuma de gaivotas e vagas.

Com este cheiro tão bom
a realidade.

José Gomes Ferreira
A poesia continua: velhas e novas circunstâncias (Moraes, 1981), o poema IV
(pescado no De Rerum Natura)