segunda-feira, 15 de junho de 2020

Batalha do Kosovo, 15 de Junho de 1389

       Arte russa do século XVI sobre a batalha do Kosovo

Esta batalha, em 15 de Junho de 1389, seguramente uma entre muitas, tem a particularidade
de ter marcado a consolidação da presença Otomana nos Balcãs.
Essa Batalha (sérvio: Косовска битка/Kosovska bitka or битка на Косову/bitka na) entre forças lideradas pelo príncipe sérvio Lázaro da Sérvia,
e as tropas comandadas pelo sultão Murade I então à frente do Império Otomano.
A derrota dos cristãos na batalha determinou que os cinco séculos seguintes fossem de ocupação Turca nos Balcãs.
nos
 As consequências foram a irresolução da convivência pacífica entre as várias nações e povos que coabitavam e coabitam na região.
A Jugoslávia de Tito tentou ainda colar azulejos de consistências, tamanhos, línguas, maneiras de ser, religiões, tribos diferentes durante algumas décadas, até à morte do sonhador, croata, em 1980.
Eram seis repúblicas que não tinham uma só língua (embora tenha havido uma miragem servo-croata, havia o sérvio, o croata, o bósnio, o macedónio, o albanês e o montenegrino!! ), uma só religião (havia católicos, ortodoxos e muçulmanos), um só alfabeto (havia 2+1, o latino, o cirílico e o árabe (usado na religião)). Havia uma Federação Jugoslava, uma bandeira, suponho que um hino mas, cruamente falando, todo o puzzle colado com cuspo, ressequido de lutas em séculos anteriores e ao sabor dos senhores da guerra e dos impérios. 
A I Guerra Mundial começa naquela esquina de Sarajevo,
não por um tiro fortuito. O caldo estava a cozer em lume brando, por vezes, bem à ferver, noutras. 
Lembro-me de ter estado em Sarajevo em 1985 e de ter intuitivamente sentido a grande salada que fluía das gentes e das praças. Desconhecia quase tudo e gostaria de lá voltar, com outro olhar e outra sensibilidade. E depois houve a Guerra terrível dos anos 90.

Na batalha do século XIV a grande maioria dos contendores morreu, inclusive os dois comandantes em presença, o príncipe Lázaro e o sultão Murade. Como consequência das baixas nas forças vencedoras o processo de conquista islâmica da Sérvia foi retardado mas não impedido. Nos anos e décadas posteriores consumou-se a vassalagem dos principados sérvios aos Sultões do Império Otomano.
A questão balcânica continua em aberto, ferida. 

Racists think England is theirs. It's time to show them it is not

"We don’t have to accept an archaic, hateful vision of our country. Let’s build on the diverse, multiracial place it actually is."
John Harris 
The Guardian, aqui


Revista, BENFICA e Salvador


O que podem estes dois "panfletos" ter de comum, ou que minimamente se relacionem? 
Temos um homem dividido entre duas exposições públicas intensas. Embora o futebol já arrastasse pequenas multidões, a arte cénica era talvez mais atractiva pelo contacto intenso com um público reactivo e, sobretudo, por garantir uma subsistência que o futebol naquela altura não dava, nem talvez se imaginasse que viesse a dar mais tarde. 
O pelado não se compararia às luzes da ribalta e havendo mesmo uma revista chamada... 
"(...) "Foot - Ball" em 1925, da autoria de "Gregos e Troianos", músicas de Raul Portela, com Lina Demoel, Hortense Luz, Carlos Leal, Alberto Ghira, Alfredo Ruas e Elisa de Guisette, "A Ramboia" em 1928, da autoria de Luís Galhardo e Xavier de Magalhães, músicas de Hugo Vidal, Raul Ferrão e Frederico de Freitas, com Corina Freire, Hortense Luz, Alberto Ghira e António Silva. A partir daqui os sucessos não iram parar nas décadas seguintes no Teatro Maria Vitória.
A revista "Cartaz de Lisboa" em 1937 foi um sucesso de cartaz, da autoria de Lino Ferreira, Fernando Santos, Lourenço Rodrigues e Xavier de Magalhães, músicas de Raul Portela, Raul Ferrão e Fernando Guimarães com Estêvão Amarante, Mariamélia, Alfredo Ruas, Carlos Leal e Hortense Luz, "O Banzé" em 1939, da autoria de "João Ninguém", músicas de Raul Portela, Raul Ferrão e Fernando de Carvalho, com Vasco Santana, Maria das Neves, Hermínia Silva, Carlos Leal e Costinha.
Em 1942 a revista "Voz do Povo", da autoria de Ascensão Barbosa, A. Nazaré, A. Cruz e António Porto, músicas de Raul Portela, Raul Ferrão e Fernando de  Carvalho, com Hermínia Silva, Augusto Costa e Ribeirinho. Fizeram grande sucesso em 1955 a revista "Ó Zé Aperta o Laço", da autoria de Amadeu do Vale, Aníbal Nazaré e Eugénio Salvador, música de Tavares Belo e Ferrer Trindade, com António Silva, Irene Isidro, Alfredo Ruas, Barroso Lopes, Anne Nicoles e Anita Guerreiro. Já na década de 60, em 1967 outro grande sucesso a revista intitulado "Pão Pão Queijo Queijo", da autoria de Aníbal Nazaré, Eugénio Salvador e José Viana, músicas de João Nobre e Carlos Dias, José Viana, Eugénio Salvador, Max, Mariema, Maria Dulce, Anita Guerreiro e Dora Leal, em 1969 a revista "Esperteza Saloia", da autoria de Aníbal Nazaré, Eugénio Salvador e José Viana, músicas de João Nobre e Carlos Dias, com Eugénio Salvador, José Viana, Mariema, Barroso Lopes, Dora Leal, Helena Tavares, Dina Maria e Victor Mendes".(...)



Do formoso grupo de "discípulas" não se sabe nada, só que era um grupo (bailarinas, figurantes?). 
Do grande "ballet", e ainda por cima, "internacional", só se suspeita o conceito, se é grande e, dedutivamente, "famoso", faltaria o nome mas, que importa? 
A atracção nacional HELENA TAVARES competiria com a "congénere" asiática e o sucesso era garantido. Mas ainda na área revisteira um elenco jovem e fogoso: o nosso Eugénio, o Barroso (falecido há pouco), o José Viana (pintor, decorador, encenador, actor com uma peculiar forma de falar e de articular os esgares, morto num acidente de viação, aos 80 anos), a Dora Leal, sua companheira de palco e de parte de vida, o pai de Fernando (sempre concorrentes na forma arredondada mas simpática de estar), a homónima do caudillo galego e a Cassola de origem desconhecida para alguém que ainda não tinha nascido... A esperteza saloia não tinha brotado de geração espontânea, nem de mutações cromossómicas. Pelo contrário, ela já estaria/estava/está no cromossoma original dos
muito antigos/antigos/pouco antigos e atuais portugueses. 
(De resto não é especificidade ibérica...) 
O saloio esperto é o que se acha ainda mais esperto do que acha que os outros o acham. O saloio tem-se em alta consideração mas não arvora uma proeminência visível. Faz parte da estratégia. Actua com subtileza e enrola os outros quando só mostra que sabe pouco. O saloio esperto é um espertalhão das dúzias! O saloio esperto, por vezes, é vítima da sua saloiice quando encontra outro esperto ainda mais saloio do que ele. 

Mas afastámo-nos do nosso Salvador. Como é que fui dar a ele que deixou de fazer espectáculo de gargalhada (assim, no singular) em 1992, com 83 anos?
Já não me lembro. Talvez por ter feito uma mudança de casa e de, talvez, estar na arrumação da prateleira do Benfica, na nova biblioteca, e ter dado com um sujeitinho muito parecido com o... Eugénio Salvador com a nossa camisola!