A Relíquia
"Eu ia depor na sua mão, brilhante de anéis, um beijo gratíssimo. Ela deteve-me, mais aprumada e seca: - Até aqui tens sido apropositado; não tens faltado aos preceitos, nem te tens dado a relaxações... Por isso te vais regalar de ver as oliveiras onde Nosso Senhor suou sangue, e de beber no Jordãozinho... Mas se eu soubesse que nesta passeata tinhas tido maus pensamentos, e praticado uma relaxação, ou andado atrás de saias, fica certo que, apesar de seres a única pessoa do meu sangue, e teres visitado Jerusalém, e gozar indulgências, havias de ir para a rua, sem uma côdea, como um cão! Curvei a cabeça, apavorado. E a Titi, depois de roçar o lenço de rendas pelos beiços sumidos, prosseguiu com mais autoridade, e uma emoção crescente que lhe punha, sob o corpete raso, como o fugitivo arfar de um peito humano: - E agora quero dizer-te, para teu governo, uma só cousa! Todos de pé, e reverentes, logo percebemos que a Titi se preparava a proferir uma palavra suprema. Nessa hora de sepa...