quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Britain. Britain. Quo vadis?

No Público

O Reino Unido  não quer jovens europeus a viajar nos seus comboios.

Não? O que querem os britânicos?

300 anos depois...


"James VI, Stuart king of Scotland, also inherited the throne of England in 1603, and the Stuart kings and queens ruled both independent kingdoms until the Acts of Union in 1707 merged the two kingdoms into a new state, the Kingdom of Great Britain.[2][3][4] Ruling until 1714, Queen Anne was the last Stuart monarch. Since 1714, the succession of the British monarchs of the houses of Hanover and Saxe-Coburg and Gotha (Windsor) has been due to their descent from James VI and I of the House of Stuart.
During the Scottish Enlightenment and Industrial Revolution, Scotland became one of the commercial, intellectual and industrial powerhouses of Europe."
Daqui. From here.
 (Scotland where are you?) 
   300 anos depois da adesão ao Reino…

(Inverness, 7 de Agosto de 2019)

Deutschland. Deutschland. Quo vadis?...

No Público
A Alemanha revela fantasmas antigos.

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Escandinávia, camisola amarela utópica

Cresce um movimento de boicote às viagens de avião por tudo o que elas representam na massificação e destruição de uma certa maneira de estar e viver. Com o slow food, as viagens e os retiros espirituais. As emissões de CO2 muito contribuem para isso. Essas pessoas incentivam-se (e a outros) para viajarem mais de comboio, barcos e até cargueiros. As modas são algo que detesto profundamente e esta parece-me mais uma a juntar a uma multiplicação diabólica delas, muito impulsionadas pelas “redes”sociais”.


A ideia de poluir menos, de ter comportamentos mais racionais e exequíveis (menor gasto de água, maior exigência com o meu ambiente que nos rodeia e nos faz viver), só pode ser naturalmente aceite e, se possível, concretizada. Mas estes movimentos quase sempre maximalistas, fazem imaginar modos de pensar que parecem obedecer a comandos vanguardistas que, esgotada uma convulsão, logo estarão na primeira linha de outra.

Como já referi, o turismo de massas está a destruir o turismo como conhecimento e fruição de todos os outros mundos diferentes dos nossos (e como há mundos opostos e inconciliáveis no interior mesmo de “cada mundo”!…). É uma verdade de Lapalisse já conhecida nas últimas décadas mas que aumentou exponencialmente com a baixa generalizada das tarifas aéreas e do aumento de nível de vida de fatias grandes da população. Há 30 anos eram poucos os chineses da China Continental que viajavam: as reformas de Deng Xiaoping estavam nas auroras do experimentalismo do colectivismo atávico. Volvidas poucas décadas os chineses de Xi Jinping dominam o mundo e a exploração turística. E, não sem mágoa, continuarão cada vez mais. Do exposto não se deve retirar nenhuma conclusão de animosidade especial para com estes asiáticos. Dos outrora europeus (os norte-americanos continuam a não ser muito curiosos de outras manteigas que não a de amendoim…) aos japoneses e outros poucos, a diversificação da origem dos turistas também é grande.
O que aflige, e já havia bastos exemplos disso no passado, é o modo como a grande maioria das pessoas viaja: procuram o mesmo tipo de prazer, ou muito parecido, que tiram da vida quando não estão a fazer de turistas: passam dias ou semanas em cruzeiros com condomínios de luxo, comem, nadam, descansam e saboreiam o tempo, sem nada que os estimule a conhecer o que quer que seja dos outros mundos, saem nas cidades, deslocam-se em manada, compram recordações, acotovelam-se nas filas para os monumentos, e acham tudo “very tipical”. O mesmo para as excursões organizadas onde se “vê” uma cidade numa tarde, uma vila noutra, um des(en)graçado fado numa noite ou essa beleza da irracionalidade humana que é o evento onde se espetam farpas em animais, à vista e ao aplauso entusiástico dos assistentes, sabendo que o bicho é morto depois para não ferir susceptibilidades, principalmente das crianças. Ou ainda para os resort de abundância ou aparentado onde o navio é em terra mas os marinheiros são mão de obra barata e sazonal, e onde os viajantes ficam a conhecer muito bem os grãos de areia, infelizmente não todos, que banham a praia em frente ao cercado, ou à volta das sempiternas piscinas, tudo isto mesmo não sendo na zona do Club Méditerranée. Os mesmos gelados, o mesmo tipo de animação, talvez agora também um pouco mais abertos ao turismo da natureza, mesmo que seja para ver pavões num jardim liofilizado. E as cidades? Que beleza e gosto de entrar numa Versace em Paris, que é completamente diferente da Versace de Tóquio e, para não destoar, ainda mais diferente da recentemente aberta na Cidade do Cabo. Ou Louis Vuitton, ou l’Oreal, ou Adidas, ou, ou, ou…(tenho desculpa de não saber mais mas, se fosse outro, faria uma acção de formação em marcas genuínas). Um café no Starbucks de Hanói muito diferente de outro em Lima. Ou em Oslo. E aí por diante.
Do exposto parece nutrir-se ódio a essas formas de viver. Não. Só comichão esbracejado, curado com aceitação plena das mesmas. Mas não, obrigado.
Quer isto dizer que só fazemos um tipo de turismo que fomos construindo desde a primeira viagem a Milão em 1978? Sim. Mas não foi possível, nem o quisemos, fugir a tudo. Até comemos hamburguers em MacDonald’s, mesmo em Riga ou em Swapamund.
O que é o nosso tipo de fazer turismo ( sendo claro que não somos autóctones dos países por onde passamos). Procuramos sempre não ir à espera de encontrar o que queremos, inconscientemente, encontrar. Viver o mais possível junto às pessoas, observar como se comportam, como se vestem, como são na sua maioria e descortinar, às vezes, variantes que pensamos incomuns à generalidade daquelas pessoas. Provavelmente errando. Queremos genuinamente tentar perceber como as pessoas vivem: se saem do escritório e ali mesmo, no canto do jardim, em Saigão, exercitam a meditação durante algum tempo e depois pegam na mala e desaparecem na multidão, ou se pescam nas margens de um rio indiano, em Agra, peixes desconhecidos, ou se vendem gelados numa praia de Goa, ou se trocam guturais sons em mercados livres de rua em Tallin, ou Vasta.
Provavelmente não entendendo nada, dada a nossa terrível falta de espiritualidade, percorrer o bairro copta e as suas igrejas numa parte menos apertada do Cairo, assistir subrepticiamente a uma oração muçulmana na Mesquita Azul de Istambul, assistir com alguma impressividade a um cortejo de purificação através do sacrifício de animais, nas bordas de um riacho não longe de Katmandu, apreciar o enlevo e o carinho com que os cemitérios por toda a Lituânia os cristãos ortodoxos exibem, observar os comportamentos de norte-americanos comuns ao assistirem, com pipocas a cavalo, a um espectáculo de crocodilos na Disneylândia de Los Angeles (cedência natural à pequenita de 5 anos na altura que não parece ter deixado marcas; com a retrospectiva pena de não termos visitado a Universal Pictures, ali quase ao lado); ou o arroz especialmente feito pelo sr Carlos em Pagim, Goa, ignominiosamente esquecido por se ter perdido o endereço; ou a montanha russa da bela San Francisco; ou a descida de cerca de 15 km, árida, estafante mas única, como no desfiladeiro de Samaria, em Creta; ou a viagem de moto-táxi na impressiva multidão moteira de Hanói; ou as chaminés-de-fada da Anatólia Central, ou as formações calcárias de Pamukalle; ou os sombrios templos de Angkor e da zelosa varredora do pó da floresta densa próxima; ou ouvir a conversa formal numa padaria de Besançon ou Paris; ou uma missa na Catedrale de Notre Dame ainda não devorada; ou nas maravilhosas luzes solares nas Ilhas Lofoten, já a norte do círculo polar árctico; ou as brincadeiras de elefantes-bebés no maravilhoso mundo de Etosha namibiano; ou muitas, muitas outras sensações e viveres.
Mas viajar sempre que possível nos transportes dos locais, comunicar com as pessoas ou entender o que se vai passando à nossa volta tem uma acre e desgostosa imponderabilidade: só percebendo a língua falada ou escrita, ou encontrar um interlocutor que fale uma língua moderadamente comum, se consegue algo. E existe essa sensação de termos compreendido muito pouco ou só a superficialidade das coisas, excepto no segundo país hispanófono que visitámos, Costa Rica, em Itália, em França, no Canadá (Québec).
Que pena não saber vietnamita, turco, holandês, grego, árabe, kmer, sueco, lituano, swaali, letão, alemão, gaélico irlandês e gaélico escocês, estónio, norueguês, basco, hebreu e hindi. Teria aprendido muito mais do mundo. E o meu livro teria mais páginas com vida.

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Ser mais velho do que o pai


Ser mais velho do que o pai

É algo em que decididamente não pensava quando era mais novo, mesmo quando o meu pai faleceu naquele Dezembro de 82, tinha eu vinte e três anos.
Quando o meu aniversário coincidiu com o do meu pai quando faleceu, achei estranho. Tinha, então, a idade do meu pai. Não deve ser incomum, sobretudo para aqueles órfãos de pais desaparecidos ainda na meia idade.  Mas agora que já sou seis mais velho do que ele já acho mesmo desagradável e deselegante. Tanta coisa que eu teria querido saber e não pude, e não consegui, quando tinha 6 anos! É algo que não deveria existir para pessoas como nós: para além do tempo.

Turismo Explosivo


1 em cada 7

1 em cada 7 habitantes do planeta viajam de avião num ano. Prevê-se que por volta de 2050 o número entre em equilíbrio repartido, sendo que serão cerca de 5 biliões de pessoas a viajar pelo mundo. Que futuro maravilhoso!

Lembro-me do fascínio que tive quando cheguei a Veneza pela primeira vez. Sair pela escadaria fronteira à Stazione di Venezia Santa Lucia e ver o Canal Grande e os , depois vim a saber, vaporetti ziguezagueando pelas águas. Passava uma ambulância aquática e eu nunca me tinha lembrado, ou imaginado, que os feridos também oscilavam nas pequenas vagas ocasionadas pelas múltiplas embarcações. Felizmente não teriam de sofrer com “nids de poule” nas estradas e se havia muitos, por aquelas alturas, anos 80 do longínquo séc.XX, nas vias portuguesas!…

Voltei mais três vezes àquela cidade, a caminho da ponta leste da Europa e, uma vez, mesmo com mais tempo. Adorei. As pequenas praças vazias, vielas, pontes e pontinhas, as escadarias das igrejas, o olhar sério das suas fachadas, os poucos turistas, exceptuando la Piazza San Marco e os seus mosaicos bizantinos que me encantaram tanto.

Lendo e vendo agora que aquela cidade especial recebe vinte milhões de turistas por ano, desfaleço. Não mais quero voltar a sentir ser feliz num sítio de onde a humanidade e a civilidade desertaram.

Quatro vezes num espaço de cinco anos, cerca de quinze dias no total, gostei muito de Veneza. Se lá voltasse agora iria odiar. Não volto.