quarta-feira, 17 de agosto de 2011

IRAQUE#AFEGANISTÃO: o atoleiro

Porca miséria!

O Conde d'Abranhos

"Todo o homem tem vícios, ou paixões, ou gostos perversos, mas o seu dever é escondê-los e mostrar-se apenas aos seus semelhantes como um ser regrado e bem equilibrado. Era assim, por exemplo, que apesar de gostar de genebra, Alípio nunca se entregava a esta inclinação na publicidade brutal dos botequins ruidosos: aí, tomava regradamente o seu copo de orchata. Mas, tendo assim cumprido o seu dever de homem, de cidadão, de premiado, dando um exemplo severo de sábia sobriedade, julgava poder, sem escrúpulos, depois de satisfeito o dever, satisfazer a inclinação; e em casa, no seu quarto solitário, usava com largueza da garrafa de genebra que guardava debaixo da cama, no caixote da roupa suja.
Tocante exemplo de respeito pessoal e de submissão à decência!
A mesma discrição usava no que se refere aos sentimentos temos: seria incapaz de ir com condiscípulos, «numa troça», a casa dessas Vénus vulgares que batem o lajedo com sapatos cambados e cujo leito é como uma praça pública. Mas se a natureza, nas suas iniludíveis exigências, que às vezes os eflúvios da Primavera ou a preguiçosa e tépida atmosfera do Outono tornam mais mordentes, o solicitasse, esperava pela noite, e, com sapatos de borracha para que nem lhe ouvissem os passos, procurava as vielas mais retiradas, onde, depois de ter pactuado com a paciente que lhe seria guardado absoluto segredo, sacrificava com seriedade
no altar de Vénus Afrodite."

Rafael Bordalo Pinheiro
"Essa foi a geração que depois de ruidosamente promover as Conferências do Casino, (proibidas pelo governo por serem revolucionárias e anti-católicas, facto que Rafael Bordalo Pinheiro explorou à exaustão) para trazer a estética moderna a Lisboa, vinte anos depois, em 1890, se auto designou por Vencidos da Vida.

Tendo em conta a personalidade das principais figuras culturais de então, Rafael Bordalo Pinheiro destaca-se pela modernidade militante, pelo optimismo visceral e pela tranquilidade com que sempre viveu a sua agitada e nada fácil vida."
http://www.museubordalopinheiro.pt/

Brueghel

Brueghel
"Foi um pintor de multidões e de cenas populares, com tal vitalidade que transborda do quadro. Além da sua predileção por paisagens, pintou quadros que realçavam o absurdo na vulgaridade, expondo as fraquezas e loucuras humanas, que lhe trouxeram muita fama. A mais óbvia influência sobre sua arte é de Hieronymus Bosch, em particular no início dos estudos de imagens demoníacas, como o "Triunfo da Morte" e "Dulle Griet". Foi na natureza, no entanto, que ele encontrou a sua maior inspiração, sendo identificado como um mestre de paisagens. É muitas vezes creditado como sendo o primeiro pintor ocidental a pintar paisagens para as suas próprias razões, e não como um pano de fundo histórico."

A liberdade pedagógica III

"Trans-Maître est une association qui réunit des instituteurs, des professeurs du secondaire, des professeurs d'université, des chercheurs, des professeurs d'Instituts de formation des maîtres, des parents qui souhaitent apporter une réponse concrète au grave problème de l'immense pauvreté  de l'enseignement actuel, dont les conséquences vont de l'analphabétisme dans le primaire et de l'illettrisme dans le secondaire à l'effritement des connaissances et de la recherche à l'université."

A liberdade pedagógica II

"4. O panorama da escola primária visto por um professor que, ao contrário de Hirsh, é tudo menos desapaixonado: Le Bris é apaixonado mas não é romântico: gosta do que faz, gosta dos alunos, e não gosta da destruição do saber e da civilização. Percebemos aqui, com perfeição, onde, imperativamente, deve começar a mudança: no 1.º ciclo do básico."

A liberdade pedagógica I

"Reduzir o professor ao papel de um executante encarregado de fazer respeitar as instruções, de proceder a avaliações e de preencher itens é privá-lo do essencial da sua função de professor e da sua qualidade de homem livre.  Mas a liberdade pedagógica não consiste igualmente em reinventar conteúdos de ensino que já foram apurados e ensinados com eficácia. A liberdade do professor não consiste em testar métodos empíricos com os alunos.
A liberdade do professor reside no modo pessoal com que instrui os seus alunos e lhes transmite o amor do saber e do estudo.
Porque o professor tem sobretudo o dever de transmitir e esta transmissão exige respeito pelas regras constituintes do património linguístico e matemático.
Sem esse determinismo de base, nenhum pensamento poderá exercer-se de forma fecunda, sólida e realmente livre, nem conduzir a uma qualquer descoberta."  Aqui.

O Conde d'Abranhos

"Muitas vezes ouvi o Conde afirmar, quando se agitavam as grandes questões do Clero, do Ultramontanismo:
– Não, não... Não é tanto assim! O Clero é extremamente virtuoso. Olhe, um padre conheço eu, o padre Augusto, que foi meu companheiro nas Portas de Santo Antão... Uma vez...
E era certo então vir alguma deliciosa anedota, em que as virtudes do padre Augusto resplandeciam, como jóias fulgurantes delicadamente engastadas. E julgando todos os eclesiásticos, de todo o Universo, por este sacerdote que conhecera na mocidade – tanto o seu espírito prático amava as opiniões a posteriori e fundadas na experiência – o Conde nunca concebeu o clero senão como uma classe cheia de virtudes, passajando meias, indiferente às engomadeiras e cheia de benevolência pelas fraquezas humanas."

Anatomia, Subsídios para um estudo XXI (Second Thoughts)

Eça de Queirós