"Todo o homem tem vícios, ou paixões, ou gostos perversos, mas o seu dever é escondê-los e mostrar-se apenas aos seus semelhantes como um ser regrado e bem equilibrado. Era assim, por exemplo, que apesar de gostar de genebra, Alípio nunca se entregava a esta inclinação na publicidade brutal dos botequins ruidosos: aí, tomava regradamente o seu copo de orchata. Mas, tendo assim cumprido o seu dever de homem, de cidadão, de premiado, dando um exemplo severo de sábia sobriedade, julgava poder, sem escrúpulos, depois de satisfeito o dever, satisfazer a inclinação; e em casa, no seu quarto solitário, usava com largueza da garrafa de genebra que guardava debaixo da cama, no caixote da roupa suja. Tocante exemplo de respeito pessoal e de submissão à decência! A mesma discrição usava no que se refere aos sentimentos temos: seria incapaz de ir com condiscípulos, «numa troça», a casa dessas Vénus vulgares que batem o lajedo com sapatos cambados e cujo leito é como uma praça pública. Mas se ...