quarta-feira, 29 de agosto de 2012

"Se trabalharem muito, podem roubar, mas só um bocadinho, diz ..."

...Diz um, pelo menos, sincero ministro , Shivpal Singh Yadav, no estado indiano de Uttar Pradesh.

Margarida Rebelo Pinto

"Se não achasse que a referida autora está para a escrita como o senhor Tobias, que me pintou os rodapés do corredor, está para as Belas Artes, provavelmente ter-me-ia chocado. Mas não. Depois temos "as outras", as que sabem escrever - graças a Deus. Os livros que vai expelindo aparecem nos escaparates normalmente agrafados a um brinde ou enfeitados. Um enorme laçarote, um espelho de rosto, um batom ou uma caixinha de pensos higiénicos. Em boa verdade o livro é o brinde, e não o contrário. Há que distrair os potenciais leitores, não deixá-los perceber de que há papel para além do higiénico, ou vão achar que mais valia terem gasto os quinze ou vinte euros no café da esquina a esfregar raspadinhas, ou pegado na "gordinha" e tirado a barriga de misérias num restaurante de rodízio."

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

A máquina

"Já repararam que quando alguém critica o governo, seja um bispo, um responsável desportivo, um empresário “vermelho”, um chefe dos bombeiros..." diz Pacheco Pereira.

domingo, 26 de agosto de 2012

“O Vaticano é um antro de misóginos”

"O que falta à Igreja?
Amor. Enquanto Jesus significava amor, solidariedade e compaixão, a Igreja tornou-se seca, árida, quezilenta e sempre contra tudo. É um espaço de exclusão e não de abertura.
Que balanço faz destes sete anos de pontificado do Papa Bento XVI?
Péssimo. Acho que é uma pessoa dura e, pelo que ele fez ao longo de 30 anos como braço-direito de João Paulo II, nomeadamente ao nível dos castigos permanentes aos teólogos, não tenho boa impressão dele.
A governação deste Papa é autocrática?
Sim, aliás monárquica absoluta. E outra coisa que me faz impressão é que ele voltou a usar aqueles chapéus... como é que num mundo tão pobre, os cardeais andam vestidos de seda e rendas. O luxo das igrejas horroriza-me."

Diz   Maria João Sande Lemos

Cursos de inserção...

"Para as prostitutas, o valor das multas vai "apenas" dos 100 aos 750 euros, podendo optar por participar em "cursos de inserção".

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Cartazes Políticos LXIV




quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Portugal Real I

Em 2007,

Em 2009,
"Segundo os resultados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento (EU-SILC), realizado em 2010, incidindo sobre rendimentos de 2009, a população residente em risco de pobreza mantinha-se em17,9%. O contributo das transferências sociais reduziu em 8,5 pontos percentuais a proporção da população em risco de pobreza, significando um aumento deste contributo face ao ano anterior (cerca de 6,5 pontos percentuais).
A título complementar, os resultados do inquérito para os indicadores Europa 2020 indicam uma proporção de 25,3% de indivíduos em risco de pobreza ou exclusão social: indivíduos em risco de pobreza ou vivendo em agregados com intensidade laboral per capita muito reduzida ou em situação de privação material severa.
E em 2012?

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Subida, passo a passo

Do poço sem fundo, renascer de vez até ao fim.
Reerguer, refazer, "re-ser".

Ninguém mandou Passos Coelho tentar salvar um povo tão estúpido

"Um dos problemas da salvação oferecida por Passos Coelho é que a maior parte das pessoas não se apercebe de que está a ser salva. Não compreende que está desempregada para seu bem, que vive mal para impressionar favoravelmente os mercados, que ganha salários miseráveis para glória presente e futura de Portugal.

Ninguém mandou Passos Coelho tentar salvar um povo tão estúpido."

terça-feira, 21 de agosto de 2012

"Ah! ah! monsieur est Persan? C'est une chose bien extraordinaire! Comment peut-on être Persan? "

RICA AU MEME.


A Smyrne.

Les habitants de Paris sont d'une curiosité qui va jusqu'à l'extravagance. Lorsque j'arrivai, je fus regardé comme si j'avais été envoyé du ciel: vieillards, hommes, femmes, enfants, tous voulaient me voir. Si je sortais, tout le monde se mettait aux fenêtres; si j'étais aux Tuileries, je voyais aussitôt un cercle se former autour de moi; les femmes mêmes faisaient un arc-en-ciel nuancé de mille couleurs, qui m'entourait. Si j'étais aux spectacles, je voyais aussitôt cent lorgnettes dressées contre ma figure: enfin jamais homme n'a tant été vu que moi. Je souriais quelquefois d'entendre des gens qui n'étaient presque jamais sortis de leur chambre, qui disaient entre eux: Il faut avouer qu'il a l'air bien persan. Chose admirable! Je trouvais de mes portraits partout; je me voyais multiplié dans toutes les boutiques, sur toutes les cheminées, tant on craignait de ne m'avoir pas assez vu.

Tant d'honneurs ne laissent pas d'être à la charge: je ne me croyais pas un homme si curieux et si rare; et quoique j'aie très bonne opinion de moi, je ne me serais jamais imaginé que je dusse troubler le repos d'une grande ville où je n'étais point connu. Cela me fit résoudre à quitter l'habit persan, et à en endosser un à l'européenne, pour voir s'il resterait encore dans ma physionomie quelque chose d'admirable. Cet essai me fit connaître ce que je valais réellement. Libre de tous les ornements étrangers, je me vis apprécié au plus juste. J'eus sujet de me plaindre de mon tailleur, qui m'avait fait perdre en un instant l'attention et l'estime publique; car j'entrai tout à coup dans un néant affreux. Je demeurais quelquefois une heure dans une compagnie sans qu'on m'eût regardé, et qu'on m'eût mis en occasion d'ouvrir la bouche; mais, si quelqu'un par hasard apprenait à la compagnie que j'étais Persan, j'entendais aussitôt autour de moi un bourdonnement: " Ah! ah! monsieur est Persan? C'est une chose bien extraordinaire! Comment peut-on être Persan? "
A Paris, le 6 de la lune de Chalval, 1712

domingo, 19 de agosto de 2012

Orgulho Gay proíbido para os próximos cem anos!

Legislar para 100 anos!!
A Rússia dos dias de hoje (ou de anteontem?).

sábado, 18 de agosto de 2012

A necessária Implosão!

Louçã escreve aos militantes a anunciar saída da liderança

Bom exemplo.

Elena

"Elena e Vladimir (Nadezhda Markina e Andrey Smirnov) já passaram dos 60 e, apesar de um passado tão díspar, mantêm um casamento estável. Ele é um homem frio e distante, que nunca conseguiu manter um bom relacionamento com Katerina (Elena Lyadova), a filha de um casamento anterior. Ela, uma mulher simples, de temperamento doce, está sempre preocupada com o futuro de Sergey (Aleksey Rozin), o seu único filho, que luta com graves dificuldades financeiras e mal consegue sustentar a mulher e os seus dois filhos. Certo dia, depois de um ataque cardíaco que o leva ao hospital, Vladimir decide reatar com a filha e fazê-la herdeira de toda a sua fortuna. Uma decisão que compromete as esperanças de Elena em ajudar o filho e os netos a terem uma vida melhor. Porém, algo parece ter ateado nela uma capacidade de luta que nada deixava adivinhar."
Um belo filme sobre a solidão e o sofrimento e o despojamento.

Homens-Mulheres.Mulheres-Homens


"Open question to the Internet: Why is it apparently mysogynistic of men to get excited about the Olympics women’s beach volleyball because there’s pretty ladies jumping about in tight sport bikinis, when half of the female Internet population has done little else this week but perve over the Olympic male swimmers in their tiny swimming trunks?
Because female athletes aren’t considered to be serious competitors. Because the women’s football tickets are being given away, and the men’s football tickets cost thousands upon thousands of pounds. Because female athletes struggle for sponsorship unless they’re stereotypically aesthetically attractive enough to get modelling deals whereas Wayne Rooney’s neanderthal face gets paid millions. Because male athletes are valued because of their prowess, their skill, their charm, and female athletes are valued for their bodies. Because Michael Phelps breaks records and is a national hero, and Ye Shiwen breaks records and is accused of doping. Because the male gaze is a product of hundreds of years of oppression, of complex gender dynamics, of sexualisation and sexual exploitation, and there’s no female equivalent. Because the female exposure of the body is a sign of vulnerability, of sex, of reproduction, of physical use and nothing more, whereas male exposure is a sign of confidence, of power, of physical strength. Because women are naked on the covers of magazines to pleasure men and men are naked on the cover of magazines to inspire other men. In other words, the world is backwards, and twisted, and complicated, and your observation is perversely oversimplified."

A Vergonha dos Desavergonhados

«Para aqueles que falaram de vergonha, é bom que façam um pequeno exercício de memória. Vergonha é ser condenado por corrupção desportiva. Vergonha para o país foi saber-se que houve quem corrompesse árbitros com prostitutas e outros esquemas. Vergonha foi todos sabermos o que se passou, quando e como se passou, mas a justiça portuguesa ter preferido ignorar os factos. Vergonha é recordar a imagem de árbitros como José Pratas e outros a fugirem de campo de jogadores e adeptos. Vergonha é agredir jornalistas por terem opinião. Vergonha é intimidar pessoas do próprio Clube apenas porque pensam de forma diferente. Vergonha é ameaçar ou agredir jogadores apenas porque estes não querem renovar ou ser emprestados. Vergonha é ter ordenados em atraso e fazer de conta que não se passa nada! Vergonha é saber que algumas pessoas gozam de total impunidade em Portugal", aqui

terça-feira, 14 de agosto de 2012

O homem que gostava de cães


"Em 2004, com a morte da mulher, Iván, um aspirante a escritor, relembra um episódio que lhe aconteceu em 1977, quando conheceu um homem enigmático que passeava pela praia acompanhado de dois galgos russos. Após vários encontros, «o homem que gostava de cães» começou a confidenciar-lhe relatos singulares sobre o assassino de Trótski, Ramón Mercader, de quem conhecia pormenores muito íntimos. Graças a essas confidências, Iván irá reconstituir a trajetória de Liev Davídovitch Bronstein, mais conhecido por Trótski, e de Ramón Mercader, e de como se tornaram em vítima e verdugo de um dos crimes mais reveladores do século XX.
Através de uma escrita poderosa sobre duas testemunhas ambíguas e convincentes, Leonardo Padura traça um retrato histórico das consequências da mentira ideológica e do seu poder destrutivo sobre a utopia mais importante do século XX."

Ciência e Conhecimento

Ciência e Conhecimento, aqui

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Ele está em toda a parte...


"Nesse Domingo também tinham reservado lugar outras pessoas, e eu tinha que me desembaraçar para deixar os quartos de dormir e os quartos de banho preparados antes de eles chegarem. Como tive um acidente num braço, sou um pouco lenta nestes trabalhos. Por isso confiei a S. Josemaria a organização do dia que se apresentava difícil."

O "nosso" Silva

O Silva das vacas

Algumas das reminiscências da minha escola primária têm a ver com vacas. Porque a D.ª Albertina, a professora, uma mulher escalavrada e seca, mais mirrada que uva-passa, tinha um inexplicável fascínio por vacas. Primavera e vacas. De forma que, ora mandava fazer redacções sobre a primavera, ora se fixava na temática da vaca. A vaca era, assim, um assunto predilecto e de desenvolvimento obrigatório, o que, pela sua recorrência, se tornava insuportavelmente repetitivo. Um dia, o Zeca da Maria "gorda", farto de escrever que a vaca era um mamífero vertebrado, quadrúpede ruminante e muito amigo do homem a quem ajudava no trabalho e a quem fornecia leite e carne, blá, blá, blá, decidiu, num verdadeiro impulso de rebelião criativa, explicar a coisa de outra forma. E, se bem me lembro ainda, escreveu mais ou menos isto:
"A vaca, tal como alguns homens, tem quatro patas, duas à frente, duas atrás, duas à direita e duas à esquerda. A vaca é um animal cercado de pêlos por todos os lados, ao contrário da península que só não é cercada por um. O rabo da vaca não lhe serve para extrair o leite, mas para enxotar as moscas e espalhar a bosta. Na cabeça, a vaca tem dois cornos pequenos e lá dentro tem mioleira, que o meu pai diz que faz muito bem à inteligência e, por não comer mioleira, é que o padre é burro como um tamanco. Diz o meu pai e eu concordo, porque, na doutrina, me obriga a saber umas merdas de que não percebo nada como as bem-aventuranças. A vaca dá leite por fora e carne por dentro, embora agora as vacas já não façam tanta falta, porque foi descoberto o leite em pó. A vaca é um animal triste todo o ano, excepto no dia em que vai ao boi, disse-me o pai do Valdemar "pauzinho", que é dono do boi onde vão todas as vacas da freguesia. Um dia perguntei ao meu pai o que era isso da vaca ir ao boi e levei logo um estalo no focinho. O meu pai também diz que a mulher do regedor é uma vaca e eu também não entendi. Mas, escarmentado, já nem lhe perguntei se ela também ia ao boi."
Foi assim. Escusado será dizer que a D.ª Albertina, pouco dada a brincadeiras criativas, afinfou no pobre do Zeca um enxerto de porrada a sério. Mas acabou definitivamente com a vaca como tema de redacção. Recordei-me desta história da D.ª Albertina e da vaca do Zeca da Maria "gorda", ao ler que Cavaco Silva, presidente da República desta vacaria indígena, em visita oficial ao Açores, saiu-se a certa altura com esta pérola vacum: "Ontem eu reparava no sorriso das vacas, estavam satisfeitíssimas olhando o pasto que começava a ficar verdejante"! Este homem, que se deixou rodear, no governo, pelo que viria a ser a maior corja de gatunos que Portugal politicamente produziu; este homem, inculto e ignorante, cuja cabeça é comparada metaforicamente ao sexo dos anjos; este político manhoso que sentiu necessidade de afirmar publicamente que tem de nascer duas vezes quem seja mais honesto que ele; este "cagarola" que foi humilhado por João Jardim e ficou calado; este homem que, desgraçadamente, foi eleito presidente da República de Portugal, no momento em que a miséria e a fome grassam pelo país, em que o desemprego se torna incontrolável, em que os pobres são miseravelmente espoliados a cada dia que passa, este homem, dizia, não tem mais nada para nos mostrar senão o fascínio pelo "sorriso das vacas", satisfeitíssimas olhando o pasto que começava a ficar verdejante"! Satisfeitíssimas, as vacas?! Logo agora, em tempos de inseminação artificial, em que as desgraçadas já nem sequer dispõem da felicidade de "ir ao boi", ao menos uma vez cada ano!


Noticiava há dias o Expresso que, há mais ou menos um ano e aquando de uma visita a uma exploração agrícola no âmbito do Roteiro da Juventude, Cavaco se confessou "surpreendidíssimo por ver que as vacas, umas atrás das outras, se encostavam ao robô e se sentiam deliciadas enquanto ele, durante seis ou sete minutos, realizava a ordenha"! Como se fosse possível alguma vaca poder sentir-se deliciada ao passar seis ou sete minutos com um robô a espremer-lhe as tetas!! Não sei se o fascínio de Cavaco por vacas terá ou não uma explicação freudiana. É possível. Porque este homem deve julgar-se o capataz de uma imensa vacaria, metáfora de um país chamado Portugal, onde há meia-dúzia de "vacas sagradas", essas sim com direito a atendimento personalizado pelo "boi", enquanto as outras são inexoravelmente "ordenhadas"! Sugadas sem piedade, até que das tetas não escorra mais nada e delas não reste senão peles penduradas, mirradas e sem proveito.


A este "Américo Tomás do século XXI" chamou um dia João Jardim, o "sr. Silva". Depreciativamente, conforme entendimento generalizado. Creio que não. Porque este homem deveria ser simplesmente "o Silva". O Silva das vacas. Presidente da República de Portugal. Desgraçadamente.

Luís Manuel Cunha in «Jornal de Barcelos», 5 de Outubro, 2011.