domingo, 5 de julho de 2020

Qual é a principal semelhança entre o Fundão e a Nigéria?

″Tive muito medo, mas a Nigéria é um país muito duro para viver, não tinha alternativa″
DN clica em cima
Para quem é egoísta, mal-formado, xenófobo, racista, não-humano e incapaz de sair das palas de ferro que lhe coseram ao cérebro.

"O Joshua vive no Fundão há quase dois anos, é um dos refugiados resgatados ao Mediterrâneo em julho de 2018 pelo navio humanitário Aquarius, desativado em dezembro desse ano. Portugal recebeu 19 desses migrantes, mantêm-se por cá nove. Houve quem tivesse ido ao encontro de familiares noutros países europeus e houve quem saísse e voltasse, como é o caso de Habtetsion Tesfatiwet, da Eritreia, 46 anos: "Fui até França à procura de trabalho, coisas que nos passam pela cabeça", justifica. Não correu bem e atrasou o processo de integração, sendo o único que não está a trabalhar."

A Educação no Reino Unido segundo...

O povo, os burgueses, os ricos e eu

O povo, os burgueses, os ricos e eu
O povo quer ser burguês, inveja o burguês, faz tudo para vir a ser burguês. Mas o que ele queria mesmo era ser rico. Só que o povo que é realmente povo dificilmente será burguês, qualquer terço do trio, quanto mais rico.
Os burgueses dividem-se numa triada pouco original:  os pequenos, os médios e os grandes. Os pequenos fugiram do povo assim que puderam. Fazem de tudo para não olhar para trás. Os médios, ou já foram pequenos ou acham-se bem superiores a eles justamente porque acham que nunca o foram e são admirativos dos que são quase ricos, e que estão ali tão perto, ainda que vistam mais marcas caras. Os superiores nunca foram povo ou mesmo burgueses pequenos e, muitos, desprezam os médios por causa da mediania, claro. Aspiram a ser ricos e sabem que isso até pode vir a ser possível. E, se não for, continuam a tratar os filhos e os cônjuges por você e os filhos por tu aos pais, justamente para não haver confusões com as matilhas de baixo.
Os pobres do povo, os pequenos burgueses, os médios e os grandes, salivam com o último modelo de carro do Ronaldo com embotidos de diamante no tablier de prata e jantes reforçadas com cristal da Bohemia, com as suas camisas feitas de miolo de diamante puro, com os seus tiques de conquistador, bem orquestrado com a fidalguia de uma freguesia da Madeira que se fica a rir da parolice dos cótinêtais. Todos sonham com as férias nas Malvinas, que alguns confundem, para snobar, com as Maldivas. 
Por fim os ricos são ricos, muito porque herdaram fortunas historicamente duvidosas ou mesmo criminais, outros com propriedade nas propriedades mas todos com muito pavor do suor dos colaboradores, como se diz coevamente, que têm sempre de colaborar no sentido que lhes ordenam, os beneméritos.
E assim vão as 
classes em terras descendentes de filhos da mãe ou da outra mais vernácula, antigamente filhos d'algo, todos hoje colaboradores dos colaborados conquistadores de Dinheiro, sua Fama e Ambição e suas vestes cerimoniosas, famintas.
Eu detesto o garrafão branco de 5 litros, o copo de três na taberna, o gin tónico sobranceiro, o culto do in sempre pronto a fugir quando a maralha adere, todos os produtos de marca (a não ser os óleos Fula - what a magnificent name! - e Castrum), ser servido em restaurantes onde nos tratam por majestade e até nos levam o guardanapo aos lábios, e onde somos dignos e nos vestimos bem porque atamos uma fita ao pescoço, qualquer cor que usemos, desde que não seja sem o colarinho garrotal, os tios e as tias e os sobrinhos de Cascais, Cascais de cima, não Cascais de baixo, nunca estes porque misturados podem provocar revoluções ou gonorreia, estudos indicam.
Os ricos dos Três Estados, (Alto, Médio e Baixo) não se gramam mas, pelo menos, percepcionam que vão no mesmo cruzeiro. E alguns dos  de Baixo ficam no convés a sonhar com os jactos privados que por vezes vêm buscar compatriotas de casta, apressados. 
Os burgueses dos Três Estados não têm grandes perturbações nos horizontes mas os mais baixos são aconselhados muito sabiamente pelos técnicos do império bancal, sendo que este sentido dúbio tornar-se-á claro após o nevoeiro se dissipar, a guardar alguns dos ovos debaixo dos colchões não vá (ao Diabo) apetecê-los. 
Tudo pelos ovos, nada contra os ovos, tem sido a divisa (em tempos, o In god we trust também era laureado), e correcta. 
Os pobres dos Estados desestatizados aplaudem, aplaudem qualquer coisa ou assobiam, desancam qualquer coisa, se não puderem ver o Preço Certo, jogar nos Milhões, ou roubar migalhas que se desprenderem das toalhas das mesas, as mais das vezes, alugadas. 
E é por tudo isto que eu os detesto, eu, o eremita gasto que só guardou para si o magnus da troglotirania: antes deles, ainda sou eu o mais detestado pelo meu espelho rachado e imaginário.