segunda-feira, 15 de julho de 2019

Bruno Lage, força!!!

A blogar, na procura de algo que não era isto...


O sr é... aquele indivíduo que foi coerente desde o início (e como medi-lo?), corajoso salazarista, arauto do regime autoritário, católico insuspeito e radialista interessante e com humor, Jaime Nogueira Pinto, não é?

O alvitre é sempre um tiro na dedução mas a verve sabatinal escorre das suas palavras e da sua prosa linear. 

Vale o que vale, um tiro. 

Mas, se o admiro, mais ainda se me tornam incompreensíveis os tecidos lógicos com que terá construído o seu legado intelectual.

Sou ateu, figurinha anónima e pouco ou nada significante, céptico profundo mas ainda, lá nas profundezas, idealista de um mundo menos injusto, desigual e não dominado pelo Império (que palavra/conceito/domínio mais horrível!...) do dinheiro e dos embrutecimentos ideológicos e, desculpar-me-á, religiosos.

Nem sequer sei porque razão lhe escrevo. Talvez para encontrar algo de espiritual que sei que não encontrarei por ser inexistente.

Cumprimentos 



Caro ….:

Eu, o Jaime Nogueira Pinto? Nem o conheço pessoalmente e leio-o apenas há alguns, poucos, anos. 

O Jaime Nogueira Pinto é um intelectual muito melhor preparado do que eu jamais serei. 

Ainda bem que admira alguma coisa no JNP porque também eu admiro, embora provavelmente não seja a mesma coisa que admiramos. 

Então vamos lá a isto, resumidamente:

Não sou ateu e isso nota-se e quero que se note. Deus é Algo de que precisamos como seres humanos, para entender quem somos e o que fazemos aqui. Sem Deus o vazio seria insuportável, para mim. Por outro lado, nunca teremos respostas suficientes para tudo se prescindirmos de Deus. 

Quanto à religião, a minha é a católica porque nasci aqui, onde o catolicismo é tradição. A religião católica é um modo de chegar a Deus e prestar vassalagem à única Entidade que verdadeiramente a merece. Todas as outras são figuras da humanidade e filhos do mesmo Deus. 

Salazar? Tento colocá-lo no seu tempo e admiro profundamente o que fez, do modo como fez. Como era crente, católico e vindo da terra, rural e ao mesmo tempo erudito no essencial da cultura, admiro-o acima da maior parte das figuras histórias que conheci.

Quanto ao "embrutecimento" a perspectiva que apresenta pode ser revertida e afinal o embrutecimento resultar dessas luzes de uma ribalta que cegam quem se deveria esforçar por ver ara além disso. 

Quanto ao resto, sou apenas um diletante que procura entender certas coisas. E escreve sobre elas do modo que sabe melhor, mas sem fazer muito esforço. Daí os erros de escrita, vírgulas fora do sítio e empenho em demonstrar com factos ou referências. Uma opinião gratuita, para mim é apenas isso e dou pouco valor, na maior parte dos casos. 

De qualquer modo obrigado pela atenção pois obriga-me a reflectir sobre mim mesmo.

Não se deixe fascinar pela aparência e tente sair da caixa intelectual em que se meteu. Deus é o mais importante, de tudo, para mim. Porque, existindo, deve ser assim mesmo. 

Não acha?

Cumprimentos,

 José



Bom dia, sr José

Obrigado pela sua resposta, a qual complementa bem o que li do seu pensamento e opiniões. 

Enfiando (para mim, não) a carapuça, não me sinto nada preso em nenhuma caixa de nenhuma espécie. 

Essa liberdade para mim é tão fundamental como a religião o é para si e para grande parte da humanidade (facto).

Liberdade, já agora, que um maravilhoso despertar telúrico em Abril trouxe a Portugal ou, pelo menos, à esmagadora e imensa maioria da população (facto) que a tempos negros não quer (e não vai: facto) voltar. 

Se o baptismo fosse sinónimo de catolicismo, eu sê-lo-ia. A ideia de me "desbaptizar" só não é levada à prática por mera preguiça. Talvez, quando a necessidade do baptismo católico for adquirida e praticada por indivíduos livres e pensantes, digamos, com capacidade para escolher a crença em que Querem acreditar, ou Não, eu complete essa total insignificância que trago comigo. 

Uma frase numa montanha do Chile "Dios es una necessidad" fez-me lembrar o quão verdadeira deve ser essa manifestação de existência de deuses ou deus (embora, confusamente, os believers de um deus singular anulem o deus único de outros believers, ou decretem sem valor ou inexistentes os milhares de deuses das crenças hindus, p.e.) para a humanidade. 

Também eles, crentes de todos os bordos, ateus ("Vá de retro, Satanás!" ) por empréstimo e sem remissão (o outro, ou os outros não existem....). 

Humanidade que, no desconhecimento, na ignorância e no medo ou no terror, tão paulatinamente elaborados, criou (facto, para mim; blasfémia, para si) os entes etéreos que os governam e dirigem. 

Seria fastidioso, penso que concordará comigo, prosseguir num debate inquinado à partida por tão inconciliáveis opiniões, posturas e práticas sobre, provavelmente quase, ou mesmo tudo, de essencial para cada um. 

Uma prisão para um é liberdade para outro. E vice-versa. 

          Um único reparo, se me permite e ao qual não vou responder pelas razões através aduzidas: a História nunca parou, nem nunca parará no Tempo, por mais que as nossas opiniões, superstições e crenças assim o queiram. 

Feliz ou infelizmente para todos (facto). 

A Voltaire, que me abriu as portas para a Liberdade, agradeço do fundo do coração. Até, et pour cause, pela defesa que fez de quem com ele discordava profundamente. 

          Caro sr José:

          Muita saúde e resto de vida boa. 

          ….

P. S. : A subjectividade da utilização das vírgulas pertence ao estilo com que se escreve.