A blogar, na procura de algo que não era isto...
O sr é... aquele indivíduo que foi coerente
desde o início (e como medi-lo?), corajoso salazarista, arauto do regime
autoritário, católico insuspeito e radialista interessante e com humor, Jaime
Nogueira Pinto, não é?
O alvitre é sempre um
tiro na dedução mas a verve sabatinal escorre das suas palavras e da sua prosa
linear.
Vale o que vale, um
tiro.
Mas, se o admiro, mais
ainda se me tornam incompreensíveis os tecidos lógicos com que terá construído
o seu legado intelectual.
Sou ateu, figurinha
anónima e pouco ou nada significante, céptico profundo mas ainda, lá nas
profundezas, idealista de um mundo menos injusto, desigual e não dominado pelo
Império (que palavra/conceito/domínio mais horrível!...) do dinheiro e dos embrutecimentos ideológicos e, desculpar-me-á, religiosos.
Nem sequer sei porque
razão lhe escrevo. Talvez para encontrar algo de espiritual que sei que não
encontrarei por ser inexistente.
Cumprimentos
Caro ….:
Eu, o Jaime Nogueira
Pinto? Nem o conheço pessoalmente e leio-o apenas há alguns, poucos,
anos.
O Jaime Nogueira Pinto
é um intelectual muito melhor preparado do que eu jamais serei.
Ainda bem que admira
alguma coisa no JNP porque também eu admiro, embora provavelmente não seja a
mesma coisa que admiramos.
Então vamos lá a isto,
resumidamente:
Não sou ateu e isso
nota-se e quero que se note. Deus é Algo de que precisamos como seres humanos,
para entender quem somos e o que fazemos aqui. Sem Deus o vazio seria
insuportável, para mim. Por outro lado, nunca teremos respostas suficientes
para tudo se prescindirmos de Deus.
Quanto à religião, a
minha é a católica porque nasci aqui, onde o catolicismo é tradição. A religião
católica é um modo de chegar a Deus e prestar vassalagem à única Entidade que
verdadeiramente a merece. Todas as outras são figuras da humanidade e filhos do
mesmo Deus.
Salazar? Tento
colocá-lo no seu tempo e admiro profundamente o que fez, do modo como fez. Como
era crente, católico e vindo da terra, rural e ao mesmo tempo erudito no
essencial da cultura, admiro-o acima da maior parte das figuras histórias que
conheci.
Quanto ao
"embrutecimento" a perspectiva que apresenta pode ser revertida e
afinal o embrutecimento resultar dessas luzes de uma ribalta que cegam quem se
deveria esforçar por ver ara além disso.
Quanto ao resto, sou
apenas um diletante que procura entender certas coisas. E escreve sobre elas do
modo que sabe melhor, mas sem fazer muito esforço. Daí os erros de escrita,
vírgulas fora do sítio e empenho em demonstrar com factos ou referências. Uma
opinião gratuita, para mim é apenas isso e dou pouco valor, na maior parte dos
casos.
De qualquer modo
obrigado pela atenção pois obriga-me a reflectir sobre mim mesmo.
Não se deixe fascinar
pela aparência e tente sair da caixa intelectual em que se meteu. Deus é o mais
importante, de tudo, para mim. Porque, existindo, deve ser assim mesmo.
Não acha?
Cumprimentos,
José
Bom dia, sr José
Obrigado pela sua
resposta, a qual complementa bem o que li do seu pensamento e opiniões.
Enfiando (para mim,
não) a carapuça, não me sinto nada preso em nenhuma caixa de nenhuma
espécie.
Essa liberdade para
mim é tão fundamental como a religião o é para si e para grande parte da humanidade
(facto).
Liberdade, já agora,
que um maravilhoso despertar telúrico em Abril trouxe a Portugal ou, pelo
menos, à esmagadora e imensa maioria da população (facto) que a tempos negros
não quer (e não vai: facto) voltar.
Se o baptismo fosse
sinónimo de catolicismo, eu sê-lo-ia. A ideia de me "desbaptizar" só
não é levada à prática por mera preguiça. Talvez, quando a necessidade do
baptismo católico for adquirida e praticada por indivíduos livres e
pensantes, digamos, com capacidade para escolher a crença em que Querem
acreditar, ou Não, eu complete essa total insignificância que trago
comigo.
Uma frase numa
montanha do Chile "Dios es una necessidad" fez-me lembrar o quão
verdadeira deve ser essa manifestação de existência de deuses ou deus (embora,
confusamente, os believers de um deus singular anulem o deus único de outros
believers, ou decretem sem valor ou inexistentes os milhares de deuses das
crenças hindus, p.e.) para a humanidade.
Também eles, crentes
de todos os bordos, ateus ("Vá de retro, Satanás!" ) por empréstimo e sem remissão (o outro, ou
os outros não existem....).
Humanidade que, no
desconhecimento, na ignorância e no medo ou no terror, tão paulatinamente
elaborados, criou (facto, para mim; blasfémia, para si) os entes etéreos que os
governam e dirigem.
Seria fastidioso,
penso que concordará comigo, prosseguir num debate inquinado à partida por tão inconciliáveis
opiniões, posturas e práticas sobre, provavelmente quase, ou mesmo tudo, de
essencial para cada um.
Uma prisão para um é
liberdade para outro. E vice-versa.
Um
único reparo, se me permite e ao qual não vou responder pelas razões através
aduzidas: a História nunca parou, nem nunca parará no Tempo, por mais que as
nossas opiniões, superstições e crenças assim o queiram.
Feliz ou infelizmente
para todos (facto).
A Voltaire, que me
abriu as portas para a Liberdade, agradeço do fundo do coração. Até, et pour
cause, pela defesa que fez de quem com ele discordava profundamente.
Caro
sr José:
Muita
saúde e resto de vida boa.
….
P. S. : A subjectividade da utilização das vírgulas pertence ao estilo com
que se escreve.
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