sábado, 28 de fevereiro de 2015

"A eloquência patética do presidente"

"Chamo eloquência patética aos traços móveis da face, à parte dinâmico-motora e plástica do rosto e do corpo que ganham um enorme valor expressivo e se oferecem imediatamente à interpretação. Sempre que fala, seja sobre o milho ou sobre a Grécia, o Presidente da República faculta imensa matéria para uma fisiognomonia e quase nenhuma para a interpretação e o comentário políticos, apesar de haver ainda gente ociosa que insiste nessa tarefa. Muito dificilmente encontramos hoje, na retórica política, a aristocracia da máscara, com origem na sociedade de corte, maliciosamente astuta e enganosa, própria da grande comédia."
António Guerreiro       Público