"Foi tudo uma
ilusão artificial, como agora nos dizem? Teve aspectos ilusórios, expectativas
excessivas, mas não foi uma ilusão, foi uma melhoria. Não precisamos que nos venham dar lições morais com a parte da ilusão, para nos arrancarem as
melhorias, porque a melhoria de vida dos portugueses deve ser defendida ao
limite. O que conseguiram nos últimos anos foi feito com muito esforço, já para
não falar da obrigação de reparação do muito que se devia ao homem comum, pobre
e trabalhador, pela ideologia da santidade da "pobreza honrada" dos
últimos quarenta anos, que deixou uma pilha de ouro no banco e uma população
analfabeta e cujos filhos morriam no parto como tordos."
domingo, 2 de dezembro de 2012
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
"Depois de um aeroporto sem aviões, Beja inaugura escola sem alunos"
"Beja tem agora novas instalações de uma escola do Politécnico que não tem alunos e que custou
seis milhões de euros. A solução passa por oferecer o espaço a instituições de
utilidade pública."
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
Pacheco Pereira e a proximidade do fim
"O
espectáculo da governação neste último mês é de facto penoso de se ver. No
momento em que escrevo, o primeiro-ministro anda fugido de aparecer em público
nas comemorações de 5 de Outubro para evitar ser vaiado, e evitou
cuidadosamente "dar a cara", como tinha prometido de peito cheio,
para anunciar as "más notícias". Um brutal pacote fiscal, já bem
dentro do terreno do puro confisco, foi anunciado por um ministro das Finanças
que fez uma declaração de amor aos portugueses que se manifestaram chamando-lhe
a ele e aos seus colegas de Governo "gatunos".
terça-feira, 2 de outubro de 2012
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
"Deixei de Acreditar neste Governo "
"NINGUÉM pode dizer que não tentei. É verdade que o fiz a custo mas, após a queda do engº Sócrates, decidi que o Executivo, qualquer que fosse, teria o meu apoio. Nem todo o «crescimento» é bom, como nem toda a «austeridade» é má. Nos últimos anos, «crescimento» significou, à cabeça, estádios de futebol, onde ninguém joga, fundações como a «Magalhães», que oferecia computadores, e obras em aeroportos, como o de Beja, onde não pousam aviões. Chegámos à situação caricata de sermos o país da Europa com mais auto-estradas per capita e uma população que não tem dinheiro para a gasolina."
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
terça-feira, 11 de setembro de 2012
Nicolau Santos
"O atual colapso da economia portuguesa não é apenas resultado de erros acumulados no passado. Resulta tambem da orientação económica que tem vindo a ser seguida. As medidas ontem anunciadas insistem no mesmo caminho. É pouco inteligente pensar que os resultados serão diferentes."
"OCDE defende que mais alunos por turma "piora" educação"
“Portugal investiu muito em dar mais tempo de estudo aos alunos”, disse o director adjunto para a Educação da OCDE, Andreas Schleicher. “Mas o aumento do número de alunos por turma piora o nível da educação e Portugal foi o que mais cresceu”, salientou, no entanto."
Governo ao fundo ou no fundo?
Dizem Van Zeller e Bagão Félix
"Não é por causa desta diminuição que vai haver um aumento de contratações. O que vai acontecer é que estas medidas, que diminuem o rendimento disponível das famílias, vão diminuir o consumo e, diminuindo o consumo, provavelmente é atacada a saúde das empresas e o desemprego tenderá a subir", concluiu."
"Não é por causa desta diminuição que vai haver um aumento de contratações. O que vai acontecer é que estas medidas, que diminuem o rendimento disponível das famílias, vão diminuir o consumo e, diminuindo o consumo, provavelmente é atacada a saúde das empresas e o desemprego tenderá a subir", concluiu."
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
"Se trabalharem muito, podem roubar, mas só um bocadinho, diz ..."
...Diz um, pelo menos, sincero ministro , Shivpal Singh Yadav, no estado indiano de Uttar Pradesh.
Margarida Rebelo Pinto
"Se não achasse que a referida autora está para a escrita como o senhor Tobias, que me pintou os rodapés do corredor, está para as Belas Artes, provavelmente ter-me-ia chocado. Mas não. Depois temos "as outras", as que sabem escrever - graças a Deus. Os livros que vai expelindo aparecem nos escaparates normalmente agrafados a um brinde ou enfeitados. Um enorme laçarote, um espelho de rosto, um batom ou uma caixinha de pensos higiénicos. Em boa verdade o livro é o brinde, e não o contrário. Há que distrair os potenciais leitores, não deixá-los perceber de que há papel para além do higiénico, ou vão achar que mais valia terem gasto os quinze ou vinte euros no café da esquina a esfregar raspadinhas, ou pegado na "gordinha" e tirado a barriga de misérias num restaurante de rodízio."
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
A máquina
"Já repararam que quando alguém critica o governo, seja um
bispo, um responsável desportivo, um empresário “vermelho”, um chefe dos
bombeiros..." diz Pacheco Pereira.
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domingo, 26 de agosto de 2012
“O Vaticano é um antro de misóginos”
"O que falta à Igreja?
Amor. Enquanto Jesus significava amor, solidariedade e compaixão, a Igreja tornou-se seca, árida, quezilenta e sempre contra tudo. É um espaço de exclusão e não de abertura.
Que balanço faz destes sete anos de pontificado do Papa Bento XVI?
Péssimo. Acho que é uma pessoa dura e, pelo que ele fez ao longo de 30 anos como braço-direito de João Paulo II, nomeadamente ao nível dos castigos permanentes aos teólogos, não tenho boa impressão dele.
A governação deste Papa é autocrática?
Sim, aliás monárquica absoluta. E outra coisa que me faz impressão é que ele voltou a usar aqueles chapéus... como é que num mundo tão pobre, os cardeais andam vestidos de seda e rendas. O luxo das igrejas horroriza-me."
Diz Maria João Sande Lemos
Amor. Enquanto Jesus significava amor, solidariedade e compaixão, a Igreja tornou-se seca, árida, quezilenta e sempre contra tudo. É um espaço de exclusão e não de abertura.
Que balanço faz destes sete anos de pontificado do Papa Bento XVI?
Péssimo. Acho que é uma pessoa dura e, pelo que ele fez ao longo de 30 anos como braço-direito de João Paulo II, nomeadamente ao nível dos castigos permanentes aos teólogos, não tenho boa impressão dele.
A governação deste Papa é autocrática?
Sim, aliás monárquica absoluta. E outra coisa que me faz impressão é que ele voltou a usar aqueles chapéus... como é que num mundo tão pobre, os cardeais andam vestidos de seda e rendas. O luxo das igrejas horroriza-me."
Diz Maria João Sande Lemos
Cursos de inserção...
"Para as prostitutas, o valor das multas vai "apenas" dos 100 aos 750 euros, podendo optar por participar em "cursos de inserção".
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
Portugal Real I
Em 2007,
"Segundo os resultados do Inquérito às
Condições de Vida e Rendimento (EU-SILC), realizado em 2010, incidindo sobre
rendimentos de 2009, a população residente em risco de pobreza mantinha-se em17,9%. O contributo das transferências sociais reduziu em 8,5 pontos
percentuais a proporção da população em risco de pobreza, significando um
aumento deste contributo face ao ano anterior (cerca de 6,5 pontos
percentuais).
A título complementar, os resultados do inquérito para os indicadores Europa 2020 indicam uma proporção de 25,3% de indivíduos em risco de pobreza ou exclusão social: indivíduos em risco de pobreza ou vivendo em agregados com intensidade laboral per capita muito reduzida ou em situação de privação material severa.
E em 2012?
Em 2009,
A título complementar, os resultados do inquérito para os indicadores Europa 2020 indicam uma proporção de 25,3% de indivíduos em risco de pobreza ou exclusão social: indivíduos em risco de pobreza ou vivendo em agregados com intensidade laboral per capita muito reduzida ou em situação de privação material severa.
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
Ninguém mandou Passos Coelho tentar salvar um povo tão estúpido
"Um dos problemas da salvação oferecida por Passos Coelho é que a maior parte das pessoas não se apercebe de que está a ser salva. Não compreende que está desempregada para seu bem, que vive mal para impressionar favoravelmente os mercados, que ganha salários miseráveis para glória presente e futura de Portugal.
Ninguém mandou Passos Coelho tentar salvar um povo tão estúpido."
Ninguém mandou Passos Coelho tentar salvar um povo tão estúpido."
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terça-feira, 21 de agosto de 2012
"Ah! ah! monsieur est Persan? C'est une chose bien extraordinaire! Comment peut-on être Persan? "
RICA AU MEME.
A Smyrne.
Les habitants de Paris sont d'une curiosité qui va jusqu'à l'extravagance. Lorsque j'arrivai, je fus regardé comme si j'avais été envoyé du ciel: vieillards, hommes, femmes, enfants, tous voulaient me voir. Si je sortais, tout le monde se mettait aux fenêtres; si j'étais aux Tuileries, je voyais aussitôt un cercle se former autour de moi; les femmes mêmes faisaient un arc-en-ciel nuancé de mille couleurs, qui m'entourait. Si j'étais aux spectacles, je voyais aussitôt cent lorgnettes dressées contre ma figure: enfin jamais homme n'a tant été vu que moi. Je souriais quelquefois d'entendre des gens qui n'étaient presque jamais sortis de leur chambre, qui disaient entre eux: Il faut avouer qu'il a l'air bien persan. Chose admirable! Je trouvais de mes portraits partout; je me voyais multiplié dans toutes les boutiques, sur toutes les cheminées, tant on craignait de ne m'avoir pas assez vu.
Tant d'honneurs ne laissent pas d'être à la charge: je ne me croyais pas un homme si curieux et si rare; et quoique j'aie très bonne opinion de moi, je ne me serais jamais imaginé que je dusse troubler le repos d'une grande ville où je n'étais point connu. Cela me fit résoudre à quitter l'habit persan, et à en endosser un à l'européenne, pour voir s'il resterait encore dans ma physionomie quelque chose d'admirable. Cet essai me fit connaître ce que je valais réellement. Libre de tous les ornements étrangers, je me vis apprécié au plus juste. J'eus sujet de me plaindre de mon tailleur, qui m'avait fait perdre en un instant l'attention et l'estime publique; car j'entrai tout à coup dans un néant affreux. Je demeurais quelquefois une heure dans une compagnie sans qu'on m'eût regardé, et qu'on m'eût mis en occasion d'ouvrir la bouche; mais, si quelqu'un par hasard apprenait à la compagnie que j'étais Persan, j'entendais aussitôt autour de moi un bourdonnement: " Ah! ah! monsieur est Persan? C'est une chose bien extraordinaire! Comment peut-on être Persan? "
A Paris, le 6 de la lune de Chalval, 1712
A Smyrne.
Les habitants de Paris sont d'une curiosité qui va jusqu'à l'extravagance. Lorsque j'arrivai, je fus regardé comme si j'avais été envoyé du ciel: vieillards, hommes, femmes, enfants, tous voulaient me voir. Si je sortais, tout le monde se mettait aux fenêtres; si j'étais aux Tuileries, je voyais aussitôt un cercle se former autour de moi; les femmes mêmes faisaient un arc-en-ciel nuancé de mille couleurs, qui m'entourait. Si j'étais aux spectacles, je voyais aussitôt cent lorgnettes dressées contre ma figure: enfin jamais homme n'a tant été vu que moi. Je souriais quelquefois d'entendre des gens qui n'étaient presque jamais sortis de leur chambre, qui disaient entre eux: Il faut avouer qu'il a l'air bien persan. Chose admirable! Je trouvais de mes portraits partout; je me voyais multiplié dans toutes les boutiques, sur toutes les cheminées, tant on craignait de ne m'avoir pas assez vu.
A Paris, le 6 de la lune de Chalval, 1712
domingo, 19 de agosto de 2012
Orgulho Gay proíbido para os próximos cem anos!
Legislar para 100 anos!!
A Rússia dos dias de hoje (ou de anteontem?).
A Rússia dos dias de hoje (ou de anteontem?).
sábado, 18 de agosto de 2012
Elena
"Elena e Vladimir (Nadezhda Markina e Andrey Smirnov) já passaram dos 60
e, apesar de um passado tão díspar, mantêm um casamento estável. Ele é um homem
frio e distante, que nunca conseguiu manter um bom relacionamento com Katerina
(Elena Lyadova), a filha de um casamento anterior. Ela, uma mulher simples, de
temperamento doce, está sempre preocupada com o futuro de Sergey (Aleksey
Rozin), o seu único filho, que luta com graves dificuldades financeiras e mal
consegue sustentar a mulher e os seus dois filhos. Certo dia, depois de um
ataque cardíaco que o leva ao hospital, Vladimir decide reatar com a filha e
fazê-la herdeira de toda a sua fortuna. Uma decisão que compromete as
esperanças de Elena em ajudar o filho e os netos a terem uma vida melhor.
Porém, algo parece ter ateado nela uma capacidade de luta que nada deixava
adivinhar."
Um belo filme sobre a solidão e o sofrimento e o despojamento.
Um belo filme sobre a solidão e o sofrimento e o despojamento.
Homens-Mulheres.Mulheres-Homens
"Open question to the Internet: Why is it apparently mysogynistic of men to get excited about the Olympics women’s beach volleyball because there’s pretty ladies jumping about in tight sport bikinis, when half of the female Internet population has done little else this week but perve over the Olympic male swimmers in their tiny swimming trunks?
Because female athletes aren’t considered to be serious competitors. Because the women’s football tickets are being given away, and the men’s football tickets cost thousands upon thousands of pounds. Because female athletes struggle for sponsorship unless they’re stereotypically aesthetically attractive enough to get modelling deals whereas Wayne Rooney’s neanderthal face gets paid millions. Because male athletes are valued because of their prowess, their skill, their charm, and female athletes are valued for their bodies. Because Michael Phelps breaks records and is a national hero, and Ye Shiwen breaks records and is accused of doping. Because the male gaze is a product of hundreds of years of oppression, of complex gender dynamics, of sexualisation and sexual exploitation, and there’s no female equivalent. Because the female exposure of the body is a sign of vulnerability, of sex, of reproduction, of physical use and nothing more, whereas male exposure is a sign of confidence, of power, of physical strength. Because women are naked on the covers of magazines to pleasure men and men are naked on the cover of magazines to inspire other men. In other words, the world is backwards, and twisted, and complicated, and your observation is perversely oversimplified."
A Vergonha dos Desavergonhados
«Para
aqueles que falaram de vergonha, é bom que façam um pequeno exercício de
memória. Vergonha é ser condenado por corrupção desportiva. Vergonha para o
país foi saber-se que houve quem corrompesse árbitros com prostitutas e outros
esquemas. Vergonha foi todos sabermos o que se passou, quando e como se passou,
mas a justiça portuguesa ter preferido ignorar os factos. Vergonha é recordar a
imagem de árbitros como José Pratas e outros a fugirem de campo de jogadores e
adeptos. Vergonha é agredir jornalistas por terem opinião. Vergonha é intimidar
pessoas do próprio Clube apenas porque pensam de forma diferente. Vergonha é
ameaçar ou agredir jogadores apenas porque estes não querem renovar ou ser
emprestados. Vergonha é ter ordenados em atraso e fazer de conta que não se
passa nada! Vergonha é saber que algumas pessoas gozam de total impunidade em
Portugal", aqui
terça-feira, 14 de agosto de 2012
O homem que gostava de cães
"Em 2004, com a morte da mulher,
Iván, um aspirante a escritor, relembra um episódio que lhe aconteceu em 1977,
quando conheceu um homem enigmático que passeava pela praia acompanhado de dois
galgos russos. Após vários encontros, «o homem que gostava de cães» começou a
confidenciar-lhe relatos singulares sobre o assassino de Trótski, Ramón
Mercader, de quem conhecia pormenores muito íntimos. Graças a essas
confidências, Iván irá reconstituir a trajetória de Liev Davídovitch Bronstein,
mais conhecido por Trótski, e de Ramón Mercader, e de como se tornaram em
vítima e verdugo de um dos crimes mais reveladores do século XX.
Através de uma escrita poderosa sobre duas testemunhas ambíguas e convincentes, Leonardo Padura traça um retrato histórico das consequências da mentira ideológica e do seu poder destrutivo sobre a utopia mais importante do século XX."
Através de uma escrita poderosa sobre duas testemunhas ambíguas e convincentes, Leonardo Padura traça um retrato histórico das consequências da mentira ideológica e do seu poder destrutivo sobre a utopia mais importante do século XX."
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
Ele está em toda a parte...
"Nesse Domingo também tinham reservado lugar outras pessoas, e eu tinha que me desembaraçar para deixar os quartos de dormir e os quartos de banho preparados antes de eles chegarem. Como tive um acidente num braço, sou um pouco lenta nestes trabalhos. Por isso confiei a S. Josemaria a organização do dia que se apresentava difícil."
O "nosso" Silva
O Silva das vacas
Algumas das reminiscências da minha escola primária têm a ver com vacas. Porque a D.ª Albertina, a professora, uma mulher escalavrada e seca, mais mirrada que uva-passa, tinha um inexplicável fascínio por vacas. Primavera e vacas. De forma que, ora mandava fazer redacções sobre a primavera, ora se fixava na temática da vaca. A vaca era, assim, um assunto predilecto e de desenvolvimento obrigatório, o que, pela sua recorrência, se tornava insuportavelmente repetitivo. Um dia, o Zeca da Maria "gorda", farto de escrever que a vaca era um mamífero vertebrado, quadrúpede ruminante e muito amigo do homem a quem ajudava no trabalho e a quem fornecia leite e carne, blá, blá, blá, decidiu, num verdadeiro impulso de rebelião criativa, explicar a coisa de outra forma. E, se bem me lembro ainda, escreveu mais ou menos isto:
"A vaca, tal como alguns homens, tem quatro patas, duas à frente, duas atrás, duas à direita e duas à esquerda. A vaca é um animal cercado de pêlos por todos os lados, ao contrário da península que só não é cercada por um. O rabo da vaca não lhe serve para extrair o leite, mas para enxotar as moscas e espalhar a bosta. Na cabeça, a vaca tem dois cornos pequenos e lá dentro tem mioleira, que o meu pai diz que faz muito bem à inteligência e, por não comer mioleira, é que o padre é burro como um tamanco. Diz o meu pai e eu concordo, porque, na doutrina, me obriga a saber umas merdas de que não percebo nada como as bem-aventuranças. A vaca dá leite por fora e carne por dentro, embora agora as vacas já não façam tanta falta, porque foi descoberto o leite em pó. A vaca é um animal triste todo o ano, excepto no dia em que vai ao boi, disse-me o pai do Valdemar "pauzinho", que é dono do boi onde vão todas as vacas da freguesia. Um dia perguntei ao meu pai o que era isso da vaca ir ao boi e levei logo um estalo no focinho. O meu pai também diz que a mulher do regedor é uma vaca e eu também não entendi. Mas, escarmentado, já nem lhe perguntei se ela também ia ao boi."
Foi assim. Escusado será dizer que a D.ª Albertina, pouco dada a brincadeiras criativas, afinfou no pobre do Zeca um enxerto de porrada a sério. Mas acabou definitivamente com a vaca como tema de redacção. Recordei-me desta história da D.ª Albertina e da vaca do Zeca da Maria "gorda", ao ler que Cavaco Silva, presidente da República desta vacaria indígena, em visita oficial ao Açores, saiu-se a certa altura com esta pérola vacum: "Ontem eu reparava no sorriso das vacas, estavam satisfeitíssimas olhando o pasto que começava a ficar verdejante"! Este homem, que se deixou rodear, no governo, pelo que viria a ser a maior corja de gatunos que Portugal politicamente produziu; este homem, inculto e ignorante, cuja cabeça é comparada metaforicamente ao sexo dos anjos; este político manhoso que sentiu necessidade de afirmar publicamente que tem de nascer duas vezes quem seja mais honesto que ele; este "cagarola" que foi humilhado por João Jardim e ficou calado; este homem que, desgraçadamente, foi eleito presidente da República de Portugal, no momento em que a miséria e a fome grassam pelo país, em que o desemprego se torna incontrolável, em que os pobres são miseravelmente espoliados a cada dia que passa, este homem, dizia, não tem mais nada para nos mostrar senão o fascínio pelo "sorriso das vacas", satisfeitíssimas olhando o pasto que começava a ficar verdejante"! Satisfeitíssimas, as vacas?! Logo agora, em tempos de inseminação artificial, em que as desgraçadas já nem sequer dispõem da felicidade de "ir ao boi", ao menos uma vez cada ano!
Noticiava há dias o Expresso que, há mais ou menos um ano e aquando de uma visita a uma exploração agrícola no âmbito do Roteiro da Juventude, Cavaco se confessou "surpreendidíssimo por ver que as vacas, umas atrás das outras, se encostavam ao robô e se sentiam deliciadas enquanto ele, durante seis ou sete minutos, realizava a ordenha"! Como se fosse possível alguma vaca poder sentir-se deliciada ao passar seis ou sete minutos com um robô a espremer-lhe as tetas!! Não sei se o fascínio de Cavaco por vacas terá ou não uma explicação freudiana. É possível. Porque este homem deve julgar-se o capataz de uma imensa vacaria, metáfora de um país chamado Portugal, onde há meia-dúzia de "vacas sagradas", essas sim com direito a atendimento personalizado pelo "boi", enquanto as outras são inexoravelmente "ordenhadas"! Sugadas sem piedade, até que das tetas não escorra mais nada e delas não reste senão peles penduradas, mirradas e sem proveito.
A este "Américo Tomás do século XXI" chamou um dia João Jardim, o "sr. Silva". Depreciativamente, conforme entendimento generalizado. Creio que não. Porque este homem deveria ser simplesmente "o Silva". O Silva das vacas. Presidente da República de Portugal. Desgraçadamente.
Luís Manuel Cunha in «Jornal de Barcelos», 5 de Outubro, 2011.
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segunda-feira, 30 de julho de 2012
domingo, 22 de julho de 2012
sexta-feira, 20 de julho de 2012
as escolas privadas e a demagogia do cheque-ensino
"Isto não significa, porém, que não existam diferenças entre as escolas privadas e as escolas públicas. Uma parte da explicação para os distintos resultados escolares médios obtidos dever-se-á também ao facto de os estabelecimentos de ensino privado serem em regra de menor dimensão, muitos deles com turmas constituídas com um menor número de alunos e a um funcionamento orgânico mais definido e consolidado. Nada disto, todavia, é intrínseco a uma suposto “código genético” das escolas privadas, antes sugerindo ao sistema público alguns caminhos de mudança que é urgente percorrer, e que se revelam incompatíveis com o desinvestimento a que este tem sido sujeito nos últimos anos (nomeadamente com a redução do pessoal auxiliar e docente e com uma agregação cega das escolas em “mega-estabelecimentos” de ensino)."
Aqui.
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Estudar
"Tal como os grupos humanos, as classes sociais, as instituições e as empresas, todos os sectores devem ser objecto de poupança e austeridade. Todos os sectores devem sobretudo ser objecto de reforçada luta contra o desperdício. Mas alguns sectores devem ser protegidos de um excesso de austeridade. Sem privilégios, devem ser objecto de algum esforço. Entre esses, a educação sem qualquer dúvida. Porquê? Porque é, a prazo, um sector com capacidade reprodutiva e com potencialidade para proporcionar um retorno. Direi também o mesmo na sua formulação negativa: porque é um dos sectores em que um recuo geracional mais desgaste ou mais estragos produziria. Um excesso de austeridade, em tempos de crise, pode simplesmente ser irrecuperável na geração seguinte. Pode deixar cicatrizes que dificilmente saram. E diminuirá seguramente as próprias capacidades e energias para ultrapassar a crise."
António Barreto, no Jacarandá
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quinta-feira, 19 de julho de 2012
Vinte e quatro horas na vida de uma mulher
«Não acha então desprezível ou repugnante que uma mulher deixe o seu marido e as suas crianças para ir atrás de um homem qualquer, a respeito do qual ainda não me é de modo algum possível saber se é digno do seu amor? É realmente capaz de perdoar a uma mulher um comportamento tão negligente e leviano, que todavia não é miúda nenhuma e que, tendo em atenção as suas próprias crianças, já deveria ter sido ensinada a respeitar-se a si própria?»
Em trânsito
Jerusalém
"A proximidade entre o Bem e o Mal; entre o amor e o ódio; a vida vizinha da morte – um caminho apenas. Talvez a cruz de Jerusalém, cidade e nome do livro, metáfora para o hospício Georg Rosemberg, onde Mylia e Ernst viveram, amaram e conceberam Kaas. É Mylia quem diz, citando a Bíblia: “Se eu me esquecer de ti, Jerusalém, que seque a minha mão direita”. E mais adiante: Se eu me esquecer de ti, Georg Rosemberg”, que seque a minha mão direita”.
Numa escrita crua, dura, directa e atraente, GMT percorre a vida de personagens-tipo, que vivem nas margens ténues da loucura normal."
(relido intensamente)
Numa escrita crua, dura, directa e atraente, GMT percorre a vida de personagens-tipo, que vivem nas margens ténues da loucura normal."
(relido intensamente)
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segunda-feira, 16 de julho de 2012
Idiossincrasia nacional e/ou Chico-espertismo nacional?
O ministro Relvas é tão relevante como um aparador de excrescências vegetais num jardim, bem ou mal cuidado.
O "caso" Relvas SÓ SERVE para mostrar como a irrelevância pode tomar forma institucional e conduzir-nos, pelos vistos (abra-se um parenteses para realçar que o Portugal da segunda década do sé. XXI, AINDA NÃO TEVE a força cívica para obrigar à auto-demissão mas que JÁ TEVE a força cívica para contribuir para a sua mais que provável demissão), ainda.
É bom não esquecer que temos um presidente da República, com sólida e reconhecida formação académica mas com densidade intelectual, e com projecção simbólica, próxima do copo de água... vazio.
Mas o Verão vai-se animando...
"O objetivo é apelar à demissão do ministro Miguel Relvas e exigir dignidade aos órgãos que nos representam. Exatamente por isso é que foi marcada para a Assembleia da República", esclareceu.
Sublinhando que a manifestação não surgiu por causa da questão da licenciatura do ministro -- "uma pessoa ter um curso superior não a torna mais legítima para governar" -- o realizador explica que a ideia é combater "um padrão de comportamento de mentiras e mudanças de versões de uma semana para a outra".
"O ministro mentiu declaradamente no Parlamento, dizendo que não conhecia (o ex-espião) Jorge Silva Carvalho, depois houve uma pressão aos jornais, e depois vem esta cereja no topo do bolo, que é esta questão do curso superior", declarou.
CONTUDO, no Portugal da segunda década do séc. XXI, demitido o ministro (das) Relvas, logo um Cargo como Administrador surgirá na MOTA-ENGIL, na parte lucrativa da TAP, ou em mais uma qualquer dependência arquitectada pela engenharia sócio-capitalista, e que O acolherá de braços abertos...
Com o beneplácito dos cilícios da OPUS DEI ou com os aventais ridículos da MAÇONARIA...
O "caso" Relvas SÓ SERVE para mostrar como a irrelevância pode tomar forma institucional e conduzir-nos, pelos vistos (abra-se um parenteses para realçar que o Portugal da segunda década do sé. XXI, AINDA NÃO TEVE a força cívica para obrigar à auto-demissão mas que JÁ TEVE a força cívica para contribuir para a sua mais que provável demissão), ainda.
É bom não esquecer que temos um presidente da República, com sólida e reconhecida formação académica mas com densidade intelectual, e com projecção simbólica, próxima do copo de água... vazio.
Mas o Verão vai-se animando...
"A convocatória surgiu no Facebook na segunda-feira passada, pela mão do realizador de cinema Miguel Gonçalves Mendes, e já agregou uma outra iniciativa que estava marcada para sábado. (...)
"Isto não é nem uma manifestação partidária, nem contra a crise, nem contra a 'troika', nem contra o poder político, nem contra o estado miserável em que o mundo está", disse à agência Lusa Miguel Gonçalves Mendes. "O objetivo é apelar à demissão do ministro Miguel Relvas e exigir dignidade aos órgãos que nos representam. Exatamente por isso é que foi marcada para a Assembleia da República", esclareceu.
Sublinhando que a manifestação não surgiu por causa da questão da licenciatura do ministro -- "uma pessoa ter um curso superior não a torna mais legítima para governar" -- o realizador explica que a ideia é combater "um padrão de comportamento de mentiras e mudanças de versões de uma semana para a outra".
"O ministro mentiu declaradamente no Parlamento, dizendo que não conhecia (o ex-espião) Jorge Silva Carvalho, depois houve uma pressão aos jornais, e depois vem esta cereja no topo do bolo, que é esta questão do curso superior", declarou.
CONTUDO, no Portugal da segunda década do séc. XXI, demitido o ministro (das) Relvas, logo um Cargo como Administrador surgirá na MOTA-ENGIL, na parte lucrativa da TAP, ou em mais uma qualquer dependência arquitectada pela engenharia sócio-capitalista, e que O acolherá de braços abertos...
Com o beneplácito dos cilícios da OPUS DEI ou com os aventais ridículos da MAÇONARIA...
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Realidade
Que pena não ser eu um dos primeiros homens a inventar as palavras,
para criar a verdade!
Encontrei-as já todas feitas
umas doces, outras amargas,
estas rudes, aquelas imperfeitas,
acasos de som
- mar de espuma de gaivotas e vagas.
Com este cheiro tão bom
a realidade.
José Gomes Ferreira
A poesia continua: velhas e novas circunstâncias (Moraes, 1981), o poema IV
(pescado no De Rerum Natura)
para criar a verdade!
Encontrei-as já todas feitas
umas doces, outras amargas,
estas rudes, aquelas imperfeitas,
acasos de som
- mar de espuma de gaivotas e vagas.
Com este cheiro tão bom
a realidade.
José Gomes Ferreira
A poesia continua: velhas e novas circunstâncias (Moraes, 1981), o poema IV
(pescado no De Rerum Natura)
domingo, 15 de julho de 2012
PQP ---- Puta Que os Pariu
"Sinto que mais uma vez não se pega o touro pelos cornos?É assim a
modos que uma pega de ?cernelha?, porque quanto ao Pré-escolar e ao 1º
Ciclo nada de fundamental.
Transição obrigatória no 1º ano? Sim, continua a palhaçada.
Planos de Recuperação, Planos de Acompanhamento? Sim, continua a palhaçada.
Apoio ao Estudo para todos? Sim, continua a palhaçada com os EE a
dizer que sim, que sim, que sim? 27 horas letivas!
Sim que ao Apoio ao Estudo vão TODOS, que todos são filhos de gente!
PCT? Sim, continua a palhaçada da burocracia.
Mono docência coadjuvada, em expressões? Sim, continua a palhaçada?
Apoios? Sim, continua a palhaçada da burocracia da articulação e mais
planificações e relatórios e relatórios e relatórios dos relatórios,
etc?
Das AECs, do Apoio Educativo, da E. Especial, da coadjuvação, da
articulação da atividade A com as restantes, da B com as restantes,
das C com as restantes, da D com as restantes?.
O 1º Ciclo é assim como um Aterro Sanitário da Educação! Tudo lá vai
parar! Tudo quanto existe cai! É a própria gravidade pura!
Não há tempo para o essencial!
Ouviu bem Sr Ministro? Não há tempo!
É tudo Projeto: é o PNL, é o PAM, é o de E. Sexual, é o Ens. Ex. das
Ciências, é o de FC, é o de Área de Projeto, é o da CPCJ, é o do
Centro de Saúde, é o da Biblioteca Municipal, é o da Câmara Municipal,
é o da Proteção Civil, é o da articulação com o 2º Ciclo, é o da
articulação com o 3º Ciclo, é o da articulação com o Secundário, é o
da articulação com o Pré Escolar, é o da articulação com todos?
É O DA PQP !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
E depois, planifique lá, faça esquemas e mostre lá como se articula
cada um com cada qual e cada um com as diferentes áreas curriculares
disciplinares e com as áreas curriculares não disciplinares, e com as AECs?
E depois registe lá, também, os Contatos Informais: com EE, com
colegas, com e com e com e com?
E depois, avalie lá o que planificou explanando toda a articulação: o
que foi conseguido, o que não foi, o que fugiu à planificação, o que
adaptou e porquê? o que introduziu e porquê?
E depois faça lá umas grelhas com os resultados alcançados, um
relatório ?corrido? também, e já agora uns gráficos? e já agora mais
do mesmo, mas comparativos, período a período, e já agora compare lá
com os resultados do ano passado? PQP!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
E já agora passe lá uns Inquéritos e faça lá o tratamento dos dados? e
o relatoriozinho corrido?
E já agora, não se esqueça de fazer a avaliação de cada atividade do
PAA, de outras que surjam e de cada projeto com os seus alunos, pois
existem documentos para o efeito? folhas para fotocópias, tonner, etc
e tal é que não?
E já agora, Não se atrevam a dizer que não! Não falo de ouvir falar:
- falo porque esta é a minha realidade!
NÃO TENHO ESPAÇO, NÃO TENHO TEMPO PARA O ESSENCIAL. - Estou farta!
GOSTAVA DE SER SÓ PROFESSORA!» (SIC)
retirado da Net e subscrito 500 %!!
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sexta-feira, 13 de julho de 2012
Uma verdadeira caixa de Pandora
"Surpreendida fiquei eu quando, aqui há uns anos, descobri que a “história de vida” e as “competências profissionais” poderiam dar equivalência a diploma de final de Ensino Básico. E, passados mais uns tempos, que podiam dar equivalência a diploma de Ensino Secundário. E, passados mais uns tempos, que podiam dar equivalência a diploma de Ensino Superior. E, neste evoluir, ver gente bem pensante a achar tudo muito bem, que, sim senhor, que não é só a instituição escolar que detém o saber, que a vida e o trabalho também são escolas… Pois!"
Aqui no De Rerum Natura
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terça-feira, 10 de julho de 2012
quinta-feira, 28 de junho de 2012
"Há cem anos, que não é assim um tempo muito distante - estamos a falar, grosso modo, dos tempos da Primeira Guerra, cujos últimos combatentes morreram na última década - os livros da biblioteca familiar estavam numa casa grande no Porto, perdidos que foram os palácios e vendidas que estavam a ser as grandes quintas do Douro. Nada de especial. Depois, algumas décadas depois, a biblioteca estava em casas cada vez mais pequenas, o que dava a sensação de que tinha aumentado. Os livros eram mais, mas não muitos mais, enquanto o espaço era cada vez menos."
no Abrupto
no Abrupto
quarta-feira, 27 de junho de 2012
terça-feira, 26 de junho de 2012
O meu amor
"O meu amor tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca quando me beija a boca
A minha pele inteira fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada, ai
O meu amor tem um jeito manso que é só seu
Que rouba os meus sentidos, viola os meus ouvidos
Com tantos segredos lindos e indecentes
Depois brinca comigo, ri do meu umbigo
E me crava os dentes, ai
Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz
O meu amor tem um jeito manso que é só seu
De me deixar maluca quando me roça a nuca
E quase me machuca com a barba malfeita
E de pousar as coxas entre as minhas coxas
Quando ele se deita, ai
O meu amor tem um jeito manso que é só seu
De me fazer rodeios, de me beijar os seios
Me beijar o ventre e me deixar em brasa
Desfruta do meu corpo como se o meu corpo
Fosse a sua casa, ai
Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz "
E que me deixa louca quando me beija a boca
A minha pele inteira fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada, ai
O meu amor tem um jeito manso que é só seu
Que rouba os meus sentidos, viola os meus ouvidos
Com tantos segredos lindos e indecentes
Depois brinca comigo, ri do meu umbigo
E me crava os dentes, ai
Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz
O meu amor tem um jeito manso que é só seu
De me deixar maluca quando me roça a nuca
E quase me machuca com a barba malfeita
E de pousar as coxas entre as minhas coxas
Quando ele se deita, ai
O meu amor tem um jeito manso que é só seu
De me fazer rodeios, de me beijar os seios
Me beijar o ventre e me deixar em brasa
Desfruta do meu corpo como se o meu corpo
Fosse a sua casa, ai
Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz "
segunda-feira, 25 de junho de 2012
Ricardo, Otelo e os pêlos
"Só li ainda a primeira
página da nova biografia Otelo, o Revolucionário, de Paulo Moura. Não por falta
de tempo, mas porque a primeira página do livro oferece tanto material para
reflexão que ainda não me sinto preparado para avançar na leitura. A primeira
frase é esta: "Otelo demora, todos os dias, cerca de duas horas na casa de
banho, a tratar da higiene pessoal." Sou um velho apreciador de biografias
que investigam os hábitos de higiene do biografado."
Ricardo Araújo Pereira aqui
Ricardo Araújo Pereira aqui
sábado, 23 de junho de 2012
Café
"Abre o livro e olha para a marca que fez no
canto inferior direito. Faz sempre marcas no canto inferior direito. Sempre viu
marcas de paragens de leitura no canto superior direito. Deve ser por isso que
marca as paragens dos livros que está a ler dessa maneira.Sente-se bem, dormiu bem,
gosta de si."´
quinta-feira, 21 de junho de 2012
terça-feira, 19 de junho de 2012
segunda-feira, 18 de junho de 2012
sábado, 16 de junho de 2012
Na pirâmide de Kéops
Via-o frequentemente.
Não vos direi que, eu mesmo, não ficasse surpreendido com essa meticulosidade. As nossas conversas, os nossos silêncios, as nossas perturbações, as nossas reflexões, a nossa felicidade, misturavam-se numa ordem cíclica, metódica mas inesperada. Porque é preciso dizer que nunca sabíamos quando seria o encontro seguinte. A imprevisibilidade era a lei e a natureza da nossa relação. Relação que era, apesar de tudo, imemorial. Eu explico-me.
O meu amigo, acho que o posso denominar assim, não era como os outros. Não digo isto pelo sentimento pedante que poderia ter por esta originalidade. Digo-o porque nunca o compreendi. E só achamos normal o que conhecemos, ou julgamos conhecer.
Ele gostava de metamorfosear-se. A magia imanente do carnavale veneziano estava-lhe no sangue, o seu rosto e o seu corpo corriam em mutação permanente. E, asseguro-vos, que isso me afectava profundamente. Mas uma espécie de louca atração impelia-me para a sua companhia. Inexorável e sincera, misteriosa e banal, mortífera e indispensável, dolorosa e visionária, reflexiva e violenta, esta companhia era
um prolongamento da alma. Ora não há nada mais enigmático e profundo do que esta.
Chegava sem avisar. Eu estava, por exemplo, sentado próximo do speaker’s corner em Hyde Park, onde um velho gentil com óculos de aros redondos fustigava o silêncio com uma reflexão sobre a virtuosidade, acho mesmo que tinha um livro sobre os joelhos e que, provavelmente, meditava sobre nada. A sua voz polimórfica interpelou-me, de repente, sobre a estagnação do prazer e da realidade movediça de Galileo, ou da pretensão muito banal de conhecer o vermelho sem nunca ter corrido na erva atrás de grandes borboletas de cores vivas. Suspendeu o fôlego antes de prosseguir “Uma partição de Mozart nunca pertenceu à dor.” O meu amigo amava as afirmações negativas. Eu, deixava-me impregnar pelo odor das suas palavras.
Alguns meses mais tarde, estávamos ambos sentados em face da montanha que observa Kyoto. A espera cadenciava-se pela nossa respiração. De repente, perguntou-me se conhecia os astros. Respondi-lhe que um dia anémonas gigantes me tinham ensinado a encontrar Capricórnio. Olhou-me fixamente e fez-me um longo discurso sobre os quatro elementos do universo: confesso que só me lembro do que amo mais: o fogo. Um fogo enorme debutava na colina em frente e, malignamente, pensei no inferno. Nunca mais regressei ao Japão.
A luminosidade nunca se tinha dado bem com o meu amigo e, contudo, os seus olhos eram como duas queimaduras. Uma vez falou-me sobre a perversidade. Vinha de um campo de batalha ainda fumegante de ardor e de faíscas. Os vencedores desse dia tinham sido os vencidos de outrora. A carnificina que eles tinham sofrido pertencia ao esquecimento. Nada, apesar disso, tinha mudado. Tinha assistido à batalha. ”Os amantes esquecem sempre que a verdade nunca está sozinha”. Lembro-me que chovia.
Eu não vivia em função de um objectivo mas unicamente cristalizado na minha incerteza. Lia Gramsci e recebia o vento na face.
Na pirâmide de Kéops apareceu-me um dia e perguntou-me se conhecia Bizâncio. Disse-lhe que tinha ido uma vez a Ravenna. Então ele abriu um velho livro bordado a ouro e explicou-me a origem do medo. Entre os tesouros do Sultão Ahmet no Top Kapi havia uma esmeralda, única, conhecida por estar na génese da sinceridade. Numa noite de verão, aproveitando a ebriedade de um dos guardas, um homem jovem com um turbante cinzento, partiu-a em mil pedaços. Na manhã seguinte o guarda foi enforcado e a tempestade instalou-se.
Neste universo híbrido, lembro-me por vezes de excertos de conversas, o mais frequente, de sensações. Não eram mais carícias lúdicas que acreditava ver refletidas na água.
Uma noite, estávamos num desses bairros lúbricos que cada grande cidade sabe tão bem estigmatizar e, ao mesmo tempo, preservar de raivas dissimuladas. Num quarto com as paredes azul claro, sujas de lassidão, um mundo de mulheres nuas escutava o relato de um conto, curiosas. Ele voltou-se para mim e fez-me um desenho num pequeno pedaço de papel; um castelo, cuja arquitectura era estranha, emergia das areias. Perguntei-lhe o que queria dizer. “Cada castelo mascara uma verdade obscura. Os homens estão errados em não a procurar mais.” Senti-me gelado mas não ousei dizer nada.
Uma outra vez, a memória não me ajuda mais, acho que junto do Tibre, assistimos a um crime. Um homem, outrora pai, jazia morto, uma mulher ao lado olhando, petrificada, os seios tombados. De repente, uma faca estava nas mãos de um rapaz que corria, corria na direcção do poente. Segui-o. A minha personagem esperava-me e não me disse nada. Senti aí todo o peso da dor.
Uma noite, extenuado com uma página misteriosa de um poeta argentino, encontrei-me numa caverna. Pensava no enigma. Não sei como. Trouxe-me um líquido vivo e deu-me a beber. Pensei morrer. Quando acordei, o meu amigo abriu os olhos e os seus lábios mexeram-se quase imperceptivelmente “O amor está no fundo de um abismo mas só o encontraremos nas vagas.” Olhei-o mas os meus olhos não o viam mais.
Num dia com cores indefinidas veio e perguntou-me onde estava a pureza.
Mil outros encontros ocorreram sem que eu possa separá-los ou detalhá-los, ou mesmo saber a sucessão temporal. De resto, nunca tive a certeza daquilo que afirmo hoje. Não sei que força me impele mas sei que ela existe. Tudo o resto me espanta.
Olhava há pouco pela janela e lembrei-me. Uma vez, via os pictogramas dum livro muito antigo, assírio. Folheava maquinalmente as páginas. Bruscamente uma gravura, a gravura do meu amigo, enfrentou-me. Fiquei seriamente perturbado. Acho que nunca mais me refiz. O meu amigo, o meu inseparável amigo, o sonho, estava morto.
Desde esse dia nunca mais sonhei. Uma insónia crónica emprisionou-me, acho, para sempre.
Não vos direi que, eu mesmo, não ficasse surpreendido com essa meticulosidade. As nossas conversas, os nossos silêncios, as nossas perturbações, as nossas reflexões, a nossa felicidade, misturavam-se numa ordem cíclica, metódica mas inesperada. Porque é preciso dizer que nunca sabíamos quando seria o encontro seguinte. A imprevisibilidade era a lei e a natureza da nossa relação. Relação que era, apesar de tudo, imemorial. Eu explico-me.
O meu amigo, acho que o posso denominar assim, não era como os outros. Não digo isto pelo sentimento pedante que poderia ter por esta originalidade. Digo-o porque nunca o compreendi. E só achamos normal o que conhecemos, ou julgamos conhecer.
Ele gostava de metamorfosear-se. A magia imanente do carnavale veneziano estava-lhe no sangue, o seu rosto e o seu corpo corriam em mutação permanente. E, asseguro-vos, que isso me afectava profundamente. Mas uma espécie de louca atração impelia-me para a sua companhia. Inexorável e sincera, misteriosa e banal, mortífera e indispensável, dolorosa e visionária, reflexiva e violenta, esta companhia era
um prolongamento da alma. Ora não há nada mais enigmático e profundo do que esta.
Chegava sem avisar. Eu estava, por exemplo, sentado próximo do speaker’s corner em Hyde Park, onde um velho gentil com óculos de aros redondos fustigava o silêncio com uma reflexão sobre a virtuosidade, acho mesmo que tinha um livro sobre os joelhos e que, provavelmente, meditava sobre nada. A sua voz polimórfica interpelou-me, de repente, sobre a estagnação do prazer e da realidade movediça de Galileo, ou da pretensão muito banal de conhecer o vermelho sem nunca ter corrido na erva atrás de grandes borboletas de cores vivas. Suspendeu o fôlego antes de prosseguir “Uma partição de Mozart nunca pertenceu à dor.” O meu amigo amava as afirmações negativas. Eu, deixava-me impregnar pelo odor das suas palavras.
Alguns meses mais tarde, estávamos ambos sentados em face da montanha que observa Kyoto. A espera cadenciava-se pela nossa respiração. De repente, perguntou-me se conhecia os astros. Respondi-lhe que um dia anémonas gigantes me tinham ensinado a encontrar Capricórnio. Olhou-me fixamente e fez-me um longo discurso sobre os quatro elementos do universo: confesso que só me lembro do que amo mais: o fogo. Um fogo enorme debutava na colina em frente e, malignamente, pensei no inferno. Nunca mais regressei ao Japão.
A luminosidade nunca se tinha dado bem com o meu amigo e, contudo, os seus olhos eram como duas queimaduras. Uma vez falou-me sobre a perversidade. Vinha de um campo de batalha ainda fumegante de ardor e de faíscas. Os vencedores desse dia tinham sido os vencidos de outrora. A carnificina que eles tinham sofrido pertencia ao esquecimento. Nada, apesar disso, tinha mudado. Tinha assistido à batalha. ”Os amantes esquecem sempre que a verdade nunca está sozinha”. Lembro-me que chovia.
Eu não vivia em função de um objectivo mas unicamente cristalizado na minha incerteza. Lia Gramsci e recebia o vento na face.
Na pirâmide de Kéops apareceu-me um dia e perguntou-me se conhecia Bizâncio. Disse-lhe que tinha ido uma vez a Ravenna. Então ele abriu um velho livro bordado a ouro e explicou-me a origem do medo. Entre os tesouros do Sultão Ahmet no Top Kapi havia uma esmeralda, única, conhecida por estar na génese da sinceridade. Numa noite de verão, aproveitando a ebriedade de um dos guardas, um homem jovem com um turbante cinzento, partiu-a em mil pedaços. Na manhã seguinte o guarda foi enforcado e a tempestade instalou-se.
Neste universo híbrido, lembro-me por vezes de excertos de conversas, o mais frequente, de sensações. Não eram mais carícias lúdicas que acreditava ver refletidas na água.
Uma noite, estávamos num desses bairros lúbricos que cada grande cidade sabe tão bem estigmatizar e, ao mesmo tempo, preservar de raivas dissimuladas. Num quarto com as paredes azul claro, sujas de lassidão, um mundo de mulheres nuas escutava o relato de um conto, curiosas. Ele voltou-se para mim e fez-me um desenho num pequeno pedaço de papel; um castelo, cuja arquitectura era estranha, emergia das areias. Perguntei-lhe o que queria dizer. “Cada castelo mascara uma verdade obscura. Os homens estão errados em não a procurar mais.” Senti-me gelado mas não ousei dizer nada.
Uma outra vez, a memória não me ajuda mais, acho que junto do Tibre, assistimos a um crime. Um homem, outrora pai, jazia morto, uma mulher ao lado olhando, petrificada, os seios tombados. De repente, uma faca estava nas mãos de um rapaz que corria, corria na direcção do poente. Segui-o. A minha personagem esperava-me e não me disse nada. Senti aí todo o peso da dor.
Uma noite, extenuado com uma página misteriosa de um poeta argentino, encontrei-me numa caverna. Pensava no enigma. Não sei como. Trouxe-me um líquido vivo e deu-me a beber. Pensei morrer. Quando acordei, o meu amigo abriu os olhos e os seus lábios mexeram-se quase imperceptivelmente “O amor está no fundo de um abismo mas só o encontraremos nas vagas.” Olhei-o mas os meus olhos não o viam mais.
Num dia com cores indefinidas veio e perguntou-me onde estava a pureza.
Mil outros encontros ocorreram sem que eu possa separá-los ou detalhá-los, ou mesmo saber a sucessão temporal. De resto, nunca tive a certeza daquilo que afirmo hoje. Não sei que força me impele mas sei que ela existe. Tudo o resto me espanta.
Olhava há pouco pela janela e lembrei-me. Uma vez, via os pictogramas dum livro muito antigo, assírio. Folheava maquinalmente as páginas. Bruscamente uma gravura, a gravura do meu amigo, enfrentou-me. Fiquei seriamente perturbado. Acho que nunca mais me refiz. O meu amigo, o meu inseparável amigo, o sonho, estava morto.
Desde esse dia nunca mais sonhei. Uma insónia crónica emprisionou-me, acho, para sempre.
sexta-feira, 15 de junho de 2012
Renascimento
Absorver o prazer de voltar. Respirar o novo oxigénio sem fim.
Renascer.
Já não acreditava que fosse possível, ou talvez no fundo estivesse à espera que pudesse vir a acontecer.
Acho que aconteceu.
quarta-feira, 13 de junho de 2012
Principezinho
"Julgava-me muito rico por ter uma flor única no mundo e, afinal só tenho uma rosa vulgar...
Foi então que apareceu uma raposa .
- Olá, bom dia! disse a raposa.
- Olá, bom dia! - Respondeu delicadamente o principezinho...
-Anda brincar comigo - pediu o principezinho. Estou tão triste...
- Não posso ir brincar contigo - disse a raposa. - Ainda ninguém me cativou...
Andas á procura de galinhas? (diz a raposa)
Não... Ando á procura de amigos. O que é que "cativar" quer dizer?
... Quer dizer que se está ligado a alguém, que se criaram laços com alguém.
Laços?
Sim, laços - disse a raposa. - ...
Eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo e eu serei para ti, única no mundo...
(raposa) Tenho uma vida terrivelmente monótona...
Mas se tu me cativares, a minha vida fica cheia se Sol.
Estás a ver, ali adiante, aqueles campos de trigo? ... não me fazem lembrar de nada. É uma triste coisa! Mas os teus cabelos são da cor do ouro. Então quando eu estiver cativada por ti, vai ser maravilhoso! Como o trigo é dourado, há-de fazer-me lembrar de ti...
- Só conhecemos as coisas que cativamos - disse a raposa. - Os homens, agora já não tem tempo para conhecer nada. Compram as coisas feitas nos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos, os homens já não tem amigos. Se queres um amigo, cativa-me!
E o que é preciso fazer? - Perguntou o principezinho.
- É preciso ter muita paciência. Primeiro, sentas-te um bocadinho afastado de mim, assim em cima da relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não dizes nada . A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas todos os dias te podes sentar mais perto...
Se vieres sempre às quatro horas, às três já eu começo a ser feliz..."
Foi então que apareceu uma raposa .
- Olá, bom dia! disse a raposa.
- Olá, bom dia! - Respondeu delicadamente o principezinho...
-Anda brincar comigo - pediu o principezinho. Estou tão triste...
- Não posso ir brincar contigo - disse a raposa. - Ainda ninguém me cativou...
Andas á procura de galinhas? (diz a raposa)
Não... Ando á procura de amigos. O que é que "cativar" quer dizer?
... Quer dizer que se está ligado a alguém, que se criaram laços com alguém.
Laços?
Sim, laços - disse a raposa. - ...
Eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo e eu serei para ti, única no mundo...
(raposa) Tenho uma vida terrivelmente monótona...
Mas se tu me cativares, a minha vida fica cheia se Sol.
Estás a ver, ali adiante, aqueles campos de trigo? ... não me fazem lembrar de nada. É uma triste coisa! Mas os teus cabelos são da cor do ouro. Então quando eu estiver cativada por ti, vai ser maravilhoso! Como o trigo é dourado, há-de fazer-me lembrar de ti...
- Só conhecemos as coisas que cativamos - disse a raposa. - Os homens, agora já não tem tempo para conhecer nada. Compram as coisas feitas nos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos, os homens já não tem amigos. Se queres um amigo, cativa-me!
E o que é preciso fazer? - Perguntou o principezinho.
- É preciso ter muita paciência. Primeiro, sentas-te um bocadinho afastado de mim, assim em cima da relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não dizes nada . A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas todos os dias te podes sentar mais perto...
Se vieres sempre às quatro horas, às três já eu começo a ser feliz..."
terça-feira, 12 de junho de 2012
Todas as Cartas de Amor são
Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
Àlvaro de Campos
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Como Fénix
"A fénix (em grego ϕοῖνιξ) é um pássaro da mitologia grega que, quando morria, entrava em auto-combustão e, passado algum tempo, renascia das próprias cinzas. Outra característica da fénix é sua força que a faz transportar em voo cargas muito pesadas, havendo lendas nas quais chega a carregar elefantes. Podendo transformar-se numa ave de fogo.
Teria penas brilhantes, douradas, e vermelho-arroxeadas, e seria do mesmo tamanho ou maior do que uma águia. Segundo alguns escritores gregos, a fénix vivia exatamente quinhentos anos. Outros acreditavam que o seu ciclo de vida era de 97.200 anos. No final de cada ciclo de vida, a fénix queimava-se numa pira funerária. A vida longa da fénix e o seu dramático renascimento das próprias cinzas transformaram-na em símbolo da imortalidade e do renascimento espiritual."
domingo, 10 de junho de 2012
Portugal-Alemanha
Temia-se o pior, o que não aconteceu.
Portugal jogou bem e só foi "inferior" porque não conseguiu marcar e até teve oportunidades claras para o fazer.
Quando se demonstra garra, determinação e coragem, também se ganha para além do resultado.
Portugal jogou bem e só foi "inferior" porque não conseguiu marcar e até teve oportunidades claras para o fazer.
Quando se demonstra garra, determinação e coragem, também se ganha para além do resultado.
sábado, 9 de junho de 2012
Hinduísmo I: Castas explícitas (as deles) e implícitas castas (as nossas)
- A cabeça (Brâmanes) representa os sacerdotes, filósofos e professores;
- Os braços (Xátrias) são os militares e os governantes;
- As pernas (Vaixás) são os comerciantes e os agricultores;
- Os pés (Sudras) são os artesãos, os operários e os camponeses.
- A "poeira sob os pés" não foram originados do corpo de Brahma, por isso não pertencem às castas, mas tem um nome: são os Dalit ou párias, chamados de intocáveis (a quem Mahatma Gandhi deu o nome de Harijan, "filhos de Deus"). Os Dalit são constituídos por aqueles (e seus descendentes) que violaram os códigos das castas a que inicialmente pertenciam. São considerados impuros e, por isso, ninguém ousa tocar-lhes. Fazem os trabalhos considerados mais desprezíveis: recolha de resíduos, coveiros, talhantes, etc. Na sequência das invasões mongóis da Índia (século XIII), milhões de párias converter-se-iam ao islamismo, uma religião que não os ostracizava. "
sexta-feira, 8 de junho de 2012
quinta-feira, 7 de junho de 2012
"Há sem dúvida quem ame o infinito, Há sem dúvida quem deseje o impossível, Há sem dúvida quem não queira nada Três tipos de idealistas e eu nenhum deles"
"Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser... "
Álvaro de Campos (1890 - 1935) ... biograficamente por Pessoa: "Nasceu em Tavira, teve uma educação vulgar de Liceu; depois foi mandado para a Escócia estudar engenharia, primeiro mecânica e depois naval. Numas férias fez a viagem ao Oriente de onde resultou o Opiário. Agora está aqui em Lisboa em inactividade."
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser... "
Álvaro de Campos (1890 - 1935) ... biograficamente por Pessoa: "Nasceu em Tavira, teve uma educação vulgar de Liceu; depois foi mandado para a Escócia estudar engenharia, primeiro mecânica e depois naval. Numas férias fez a viagem ao Oriente de onde resultou o Opiário. Agora está aqui em Lisboa em inactividade."
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Suum cuique tribuere
quarta-feira, 6 de junho de 2012
Francisco José Viegas e o ridículo
Francisco José Viegas é um mau (des)portista.
No seu blogue refere-se sempre ao Benfica como "o clube da galinha".
Como secretário de estado deve deixar marca tão relevante como uma cagadela de mosca numa folha parda.
Mas o Benfica ultrapassou o ridículo com a notícia de ontem.
Há muita poeira para os olhos.
No seu blogue refere-se sempre ao Benfica como "o clube da galinha".
Como secretário de estado deve deixar marca tão relevante como uma cagadela de mosca numa folha parda.
Mas o Benfica ultrapassou o ridículo com a notícia de ontem.
Há muita poeira para os olhos.
terça-feira, 5 de junho de 2012
segunda-feira, 4 de junho de 2012
José de Almada Negreiros
José de Almada Negreiros
"Entrei numa livraria. Pus-me a contar os livros que há para ler e os anos que terei de vida. Não chegam, não duro nem para metade da livraria. Deve haver certamente outras maneira de se salvar uma pessoa, senão estarei perdido."
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domingo, 3 de junho de 2012
sábado, 2 de junho de 2012
Portugal-Turquia
Por estranho que pareça o meu país é...
o Benfica!
o Benfica!
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Interiores e Reflexões
quinta-feira, 31 de maio de 2012
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