O que há em mim é sobretudo cansaço  Não disto nem daquilo,  Nem sequer de tudo ou de nada:  Cansaço assim mesmo, ele mesmo,  Cansaço.  A subtileza das sensações inúteis,  As paixões violentas por coisa nenhuma,  Os amores intensos por o suposto alguém.  Essas coisas todas -  Essas e o que faz falta nelas eternamente -;  Tudo isso faz um cansaço,  Este cansaço,  Cansaço.  Há sem dúvida quem ame o infinito,  Há sem dúvida quem deseje o impossível,  Há sem dúvida quem não queira nada -  Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:  Porque eu amo infinitamente o finito,  Porque eu desejo impossivelmente o possível,  Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,  Ou até se não puder ser...  E o resultado?  Para eles a vida vivida ou sonhada,  Para eles o sonho sonhado ou vivido,  Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...  Para mim só um grande, um profundo,  E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,  Um supremíssimo cansaço.  Íssimo, íssimo. íssimo,  Cansaço...  Álvar...