sexta-feira, 26 de junho de 2020

Cardoso Pires, e "O burro-em-pé"

João Janica com as botas de couro e as praias de Cascais, o capataz e os dois chineses vendedores de coisa alguma, e a visão sarcástica do ditador sáurico...
Não é um dos meus autores preferidos mas foi um grande escritor. 

Yes, o meu grupo rock preferido

O meu grupo rock preferido
Yes



Capas de Roger Dean

OPINIÃO


Professores no “Preço Certo”: a ascensão da insignificância

O facto de ninguém ter gritado alto e bom som que tal participação envergonha a classe é mais um óbvio sintoma da “apagada e vil tristeza” a que o sistema educativo chegou.

Padre Amaro amnistiado...

"(...) e todo o clero! Ora aí tem! O cónego, já antes esfalfado dos  excessos do seu furor, ficou agora,  àquelas palavras, como um boi atordoado. Só  pôde dizer daí a pouco, muito murcho: — Que traste você me  sai! O padre Amaro então, quase tranquilo, certo do silêncio do cónego, disse com bonomia: — Traste por quê? Diga-me lá! Traste  por quê? Temos ambos culpas  no cartório, eis aí está. E olhe que eu não  fui perguntar, nem peitar a  Totó... Foi muito naturalmente ao entrar em casa. E se me vem agora com  coisas de moral, isso fazme rir. A moral é para a escola e para o  sermão.  Cá na vida eu  faço isto, o senhor faz aquilo, os outros fazem o que podem.  O padre-mestre que já tem idade agarra-se à velha,  eu que sou novo  arranjo-me com a pequena. É triste, mas que quer? É a natureza que manda.  Somos homens. E como  sacerdotes, para honra da classe, o que temos é fazer costas! O cónego escutava-o, bamboleando a cabeça, na aceitação muda  daquelas verdades. Tinha-se deixado cair numa cadeira,  a descansar de  tanta cólera inútil; e erguendo os olhos para Amaro: — Mas você, homem, no começo da carreira! — E você, padre-mestre, no fim da carreira! Então riram ambos. Imediatamente cada  um declarou retirar as palavras ofensivas que tinham dito; e apertaram-se gravemente a mão. Depois  conversaram. O cónego, o que o tinha enfurecido era ser lá com a pequena da casa.  Se fosse com outra... até estimava! Mas a Ameliazinha!... Se a pobre mãe  viesse a saber, estourava de desgosto. — Mas a mãe escusa de saber! exclamou  Amaro. Isto é entre nós,  padremestre! Isto é segredo de morte! Nem  a mãe sabe de nada, nem eu  mesmo digo  à pequena o que se passou hoje entre nós. As coisas ficam como estavam, e o mundo continua a rolar... Mas  você, padre-mestre,  tenha cuidado!... Nem uma palavra  à S. Joaneira... Que não haja agora traição! O cónego, com a mão sobre o peito, deu gravemente a sua palavra  de honra de cavalheiro e de sacerdote que aquele segredo ficava para sempre sepultado no seu coração. Então apertaram ainda uma outra  vez afetuosamente a mão. Mas a torre gemeu as três badaladas. Era a hora de jantar do cónego. E  ao sair, batendo nas costas de Amaro, fazendo luzir um olho de entendedor: — Pois seu velhaco, tem dedo! — Que quer você? Que diabo... Começa-se por brincadeira... — Homem! disse o cónego sentenciosamente, é o que a gente leva  de melhor nesta vida.
-É verdade, padre-mestre, é verdade! É  o que a gente leva de  melhor deste mundo. Desde esse  dia Amaro gozou uma completa tranquilidade de alma.  Até aí incomodava-o, por vezes, a ideia de que correspondera ingratamente  à confiança, aos carinhos que lhe tinham prodigalizado  na Rua da Misericórdia. Mas a tácita aprovação do cónego viera tirar-lhe, como ele dizia,  aquele espinho da consciência. "

Eça de Queirós
" O crime do padre
Amaro"

" O Ensino@distância não foi um sucesso"

O Ensino@Distância  à distância foi um remendo necessário, mas está longe de ser uma solução brilhante. Considero que muitos alunos não só não evoluíram como, bem pior, regrediram. De modo algum o volume de tarefas se traduziu em aprendizagens concretas e sólidas.

quinta-feira, 25 de junho de 2020

O que desune George Orwell e Miguel Sousa Tavares?

Dia 25 de Junho, o dia do nascimento é o mesmo.
Tudo o resto será diferente.
Um escreveu, e bem, sobre realidades que conheceu (Birmânia em 1923), bairros pobres e cozinhas de hotéis de Londres, a vida boémia e mais barata em Paris nos anos 30, a guerra civil espanhola, onde lutou com o POUM (trotskistas) contra os franquistas,
O outro teve uma mãe poetisa, grande poetisa, e um pai um pouco desbocado mas corajoso, sem dúvida. Viveu sempre no milieu do jornalismo, escreveu uns relatos de viagens, um romance premiado e convenceu-se que sabia de tudo e que era uma eminência, não parda mas de beiçola caída e buldoganiana.
(É verdade que com Margarida Marante fez dupla de entrevistadores, ela melhor, antes de soçobrar)
Eminência que, apesar de não ser solitária, acha que tudo sabe, tudo compreende e sobre tudo tem opinião "fundamentada" (da risível "perseguição aos fumadores", da caça real à "caça aos professores" que tratou abaixo de cão, da condenada tourada - uma questão de tempo: ver a caça à raposa na Anglia - à defesa do "anti-politicamente correcto" que, por ironia, se revê em espelho-, enfim, o homem é convencido, muito convencido mas não é o único.
Não tem é comparação com Orwell. A não ser no dia e no mês de nascimento. Prova de que os progenitores de ambos, não se conhecendo, "obraram" em conjunto.
É sensível que eu não suporto o homem, o segundo? É. 

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Poupa, comum em Portugal

É uma poupa. Clica 

Nem tailandeses nem alemães...

... se importariam com o 24 de Junho de 1128 (só há 892 anos...). Mas José Hermano Saraiva, imaginativamente ou não, ou assim assim, conta aqui... 
E com a também muito imaginada imagem ficámos todos pelos

saecula saeculorum

... 
E outros, bastantes outros, relataram com mais ou menos atraente português este episódio (ou mais do que isso?...) da nossa História. 

24 de junho de...

1939 o
Sião muda de nome e passa a chamar-se Tailândia. 
"O filme conta a história verídica de Anna Leonowens que viaja ao Sião (actual Tailândia) contratada como preceptora e professora dos filhos do rei. Apesar de no princípio haver um certo choque de culturas e hábitos, eles acabam por se aceitar na sua diversidade. Com muito humor, coreografias e músicas lindas e contagiantes, se tornou um clássico no mundo todo.
E ainda neste dia mas em 1374 — Um súbito surto de Dança de São João faz com que as pessoas nas ruas de Aachen, na Alemanha, experimentem alucinações e comecem a pular e contrair-se incontrolavelmente até desmaiarem de cansaço.

THIS DAY IN HISTORY, 1374: THOUSANDS OF PEOPLE ON THE STREETS OF AACHEN, GERMANY SUDDENLY SUFFER FROM THE “FORGOTTEN PLAGUE”, DANCE MANIA



Ensino à distância decorreu com constrangimentos e desigualdades

Ensino à distância decorreu com constrangimentos e desigualdades

por Antena 1

Que grande novidade!

Sócrates e a Antonomásia

antonomásia | s. f.


an·to·no·má·si·a

nome feminino

Substituição de um nome próprio por um nome comum (ex.: o Historiador por Alexandre Herculano), ou de um nome comum por um nome próprio (ex.: Hipócrates por médico).
"antonomásia", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020
Um exemplo claro
Para Sócrates, o ex-político, o Fotocópias. 

terça-feira, 23 de junho de 2020

Tiago Brandão Rodrigues, vidente?

"Próximo ano lectivo vai começar entre 14 e 17 de Setembro

O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, afirmou que o próximo ano lectivo começará entre os dias...".   Está bem, abelha! 

O que é Suum cuique tribuere?

O que é que significa Suum cuique tribuere?

"Iuris praecepta sunt haec: honeste vivere, alterum non laedere, suum cuique tribuere" 

“Os preceitos do direitos são estes: viver honestamente, não lesar a outrem, dar a cada um o que é seu”

Eneo Domitius UlpianusTiro150 — Roma22 3 foi um jurista romano.

Suum Cuique Tribuere... Bruegel

Suum cuique Tribuere
Peter Bruegel, O velho
"The wedding dance" 
Pieter Bruegel (1525?-1569) é considerado como o maior pintor holandês do séc. XVI.
A criatividade na individualização de personagens, caras e posturas é o que mais me agrada nele. 
O todo é o pormenor de cada um. De cada vez que se observa parece um novo quadro. 

Aqui, mais uma vez no excelente The Guardian, um estudo comparativo entre Bruegel e Bosch, dois dos meus preferidos, fantasmas e anjos e demónios de alguns dos meus duplos sonhos, irreais e reais. 

Philip Roth

Philip Roth, o meu autor norte-americano preferido. 
Apesar de muito centrada numa região particular ( New Jersey), num universo bastante definido (uma certa intelectualidade da East Cost), num ramo religioso subterrâneo (um certo judaísmo agnóstico), Roth consegue a meu ver (e é só o que penso e sinto) transpor tudo isso, transcender-se meticulosamente e tornar-se não norte-americano, não-intelectual e não-judaico. Em suma, humano e universal. 
Gosto da escrita (confio nas traduções, - tema bem pouco simples a que voltarei), dos ambientes criados, da "visualização" de universos mentais, interiores, contraditórios, falíveis, dos enredos e das personagens. 
A sua pequena biografia... aqui... https://en.m.wikipedia.org/wiki/Philip_Roth

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Holandeses, Portugueses e Ingleses, que belos amigos!




Territórios do império português (azul) e espanhol (vermelho) durante a União Ibérica (1580-1640).
. .. A profunda amizade ancestral não começou com o que disse Dijsselbloem, ex-presidente do Eurogrupo, a elogiar o comportamento dos portugueses. Começa antes com o ataque a São Tomé mas é em Olinda que...
... e não é muito polémico que a Lei da Selva Marítima estivesse prestes a mudar, passando do Mare Clausum ao Mare Liberum, e dos dois galos só um não naufragaria... 
Sabemos quem foi mas, recordemos um pouco... 
Armada Portuguesa vs. Companhias Holandesas: A captura de Cochim pela V.O.C. aos portugueses em 1663. Atlas van der Hagen, 1682.
, contra o Império e colónias portugueses. Fazendo parte da Guerra da Restauração, entrou para a História como o primeiro grande conflito à escala planetária.
Travada de 1595 a 1663, caracterizou-se principalmente pelas invasões das companhias majestáticas holandesas aos territórios do império português nas Américas, África, Índia e Extremo Oriente. Os confrontos foram iniciados durante a dinastia Filipina, a pretexto da Guerra dos Oitenta Anos, travada então, na Europa, entre a Espanha e os Países Baixos. Portugal foi envolvido no conflito por estar sob a coroa Espanhola dos Habsburgos, durante a chamada União Ibérica, mas os confrontos ainda perduraram, mesmo vinte anos após o 1º de dezembro de 1640 da Restauração da Independência
O conflito estaria pouco relacionado com a guerra na Europa, servindo principalmente o propósito de estabelecer um império ultramarino holandês, assim como o domínio do comércio das especiarias, aproveitando a vulnerabilidade dos Portugueses. Forças Inglesas, rivais de Espanha e livres da aliança que os ligava aos portugueses durante a União Ibérica, também auxiliaram os holandeses em certos momentos, até à restauração, altura em que a aliança voltou vigorar.
A guerra resultou na perda do domínio português no oriente e na fundação do império colonial holandês nos territórios conquistados. As ambições holandesas noutros teatros de competição económica, como o Brasil e Angola, foram em grande parte invertidas pelos esforços Portugueses. Os interesses Ingleses beneficiaram também do conflito prolongado entre os seus dois principais rivais no oriente."

Camboja está caro!

"Quem viajar para o Camboja tem de deixar caução de quase 2700 euros para entrar"

Quando lá estivemos há seis anos, vindos do Vietname, o contraste com o vizinho agigantado era bem visível em tudo. É bem verdade que três semanas de Hanoi a Ho-Chi-Min não se equiparam a 4 dias (e só em Siem Reap para estar nos Templos de Angkor) mas as realidades são bem diferentes. E os percursos e os passados históricos dos últimos 50 anos também.
Um regime de partido único, com a foice e o martelo bem expostos (era o 69° aniversário da proclamação da República do Vietname em 1945) por todo o lado mas com um desenfreado desenvolvimento económico capitalista (carros de luxo "competindo" com bois...), e um regime com alguns partidos, numa aparente democracia em disputa eleitoral mas, mesmo para uma região fulcralmente turística, com pouco dinamismo apercebível e bastantes crianças de pé descalço.
Alguma das minhas fotografias do Camboja, 2014, estão no meu Flickr. Esta aqui (do google) é só para mostrar o sol e as multidões que não tivemos em Angkor. 
Tema para desenvolver mais adiante "Como fugir a multidões de turistas" (embora a pandemia possa vir a ter consequências estruturais, por definir, a médio e longo prazo). 
Há muitos anos, em Santorini, num sítio muito bonito e num dos múltiplos miradores existentes na vila, com um confortável sol azul e uma calma tranquilizadora, pelas oito horas de uma manhã feliz, um repentino vendaval de turistas japoneses (nenhuma ofensa para eles; agora são mais chineses; li que perto de 100 milhões de chineses viajam para onde dantes só podiam na imaginação; qualquer bando de curiosos - muitas vezes não parecendo mais curiosos do que para se colarem aos adereços paisagísticos ou arquitectónicos em biliões de fotografias estáticas e nunca estéticas, invariavelmente para lembrar nos álbuns caseiros ou mentais que estiveram "ali"; afinal, como quase toda a gente, mas com notável excepção acrescida do campeão mundial bárbaro, castelhano e do barulho e confusão insuportáveis!) demoliu tudo. Em segundos. 

Raças e racismos

Aqui, no Público, mais uma visão não simplista.
Opinião de António Bracinha Vieira

Pobreza dos ricos...

"O crime do padre Amaro", do eterno Eça de Queirós.

"(...)-Pra Deus não há pobre nem rico - suspirou a S. Joaneira. - Antes pobre, que dos pobres é o Reino do Céu! 
-Não, antes rico-acudiu o cónego, estendendo a mão para deter aquela falsa interpretação da lei divina. - Que o céu também é para os ricos. A senhora na compreende o preceito. Beati pauperes (..) " 
pág. 325 
Edições Livros do Brasil 

domingo, 21 de junho de 2020

Suum Cuique Tribuere

Revisitando Picasso (na pintura volta-se sempre ao mesmo sítio diferente...)...



sábado, 20 de junho de 2020

Dois deuses: Jesus e a Pimenta

"Não havia protestos agora, senão esperanças, cubiças, ambições. Não partiam á aventura; partiam á conquista do que tinham descoberto, e queriam trazer para Portugal, para casa. Ninguem duvidava do exito, e o capitão levava cartas solemnes do{pg. 221} rei para o Çamorim. Em troca d'ellas, da sua alliança, dos presentes que lhe mandavam, viriam os rubis e as esmeraldas, a pimenta e a canella, monopolisada pelo turco, inimigo de Deus!
Já na praia começava a levantar-se a basilica, monumento ingenuo d'essa religião do commercio, erguido a Jesus e á Pimenta—os dois deuses que viviam no céu portuguez (ou carthaginez): dois deuses piamente adorados, mas servidos ambos de um modo egualmente barbaro.
O almirante acaso pensava, já no Tejo, n'esse rumo de Oeste, o de Colombo, que o levaria á America; e porventura acreditava pouco na existencia do lendario Preste-Joham, por cuja causa tantas viagens se tinham feito. Não o mandavam descobrir, mandavam-no conquistar; mas elle queria tambem inscrever o seu nome na lista dos que, durante o seculo anterior, tinham pouco a pouco rasgado as trevas do mar mysterioso. A sua viagem, além de iniciar o dominio portuguez na India, teve, com effeito, as duas consequencias desejadas. Varreu as duas lendas, a do Preste e a do Mar Tenebroso: descobriu o Brazil, e veiu dizer a D. Manuel que o supposto imperador do Oriente era um miseravel rei preto, infiel, acantonado nas montanhas invias da Abyssinia.
Atraz de uma lenda, attrahido por uma voragem, Portugal descobrira os continentes e ilhas do Atlantico e chegára á India. Por uma illusão, consummára a realidade que espantava o mundo inteiro. O mundo é uma miragem, e os homens sombras levadas pelos sabios ventos do destino...
Reconhecidas as terras, sulcados os mares, por occidente e por oriente, faltava porém ainda reunir essas duas metades do mundo conhecido, e dar-lhe a volta, para se saber que cabia todo, inteiro, nas{pg. 222} mãos do homem: eis ahi o valor da viagem de Magalhães, vinte annos mais tarde.
Não ha mais trevas no mar; consummou-se a grande conquista. Mas uma nova empreza se desenha agora: devorar o descoberto, digerir o mundo.
Portugal inteiro embarca para a India na esquadra de Cabral[81]."
Oliveira Martins 
História de Portugal 
Grafia de 1908

Os gatos e o meu gato

Os gatos são essa tribo independente que os dependentes tanto invejam. Não conseguem, porque não percebem que ser livre não é fazer o que se quiser mas querer tudo o que se faz. A toda a hora e sem sapos.

Um dependente nunca compreenderá porque toda a vida faz o que acha que deve ou tem de fazer. Ao contrário dos gatos.

O meu gato passou a primeira noite fora de casa. Fugiu do conforto da comidinha sempre certa e da ternura do calor da pele para o desconforto da noite escura e alta.
Ele não queria bem fugir. Ele não sabia era como voltar.
Ele, no fundo, queria correr mundo nem que fosse no telhado bem pertinho, vá dar-se o caso de não saber o que pensar.

Pelo menos, foi isso que eu quis acreditar.
Não tinha medo de pneus assassinos, ou de matilhas desbocadas, nem de víboras lendárias.
Tinha medo não sei de quê.
Além disso era a sua primeira vez. O que tinha eu com isso afinal?

Voltou, ajudado, de manhã, com pelo sujo e com barriga temerosa e fria.
Vi-lhe nos olhos a sapiência de quem sabe que viveu o inferno no melhor dos céus possíveis.
Arranjei um everest que o impedisse de repetir, nem dois segundos se passaram naquele pulo fantástico de não vir.
Agora, está preso no castelo dos sapos. Chora sem chorar para não se ver o que é um gato chorar. Aprendeu com os humanos a fingir? 

Duas vezes

Por duas vezes estive perto dela. Mas não cheguei a conhecê-la. Nunca a tinha visto, nem desconfiava de nada. Mas sabia que existia. E que existe e que, dizem, nunca deixará de existir. Porque a vida depende dela. E ela da vida, toda a vida.
Da primeira foi na fúria desmedida de um desencontro anunciado. Na segunda foi num ensaio milimétrico, genuinamente puro e puroso mas sem oxigénio redentor.
Vou voltar a estar perto mas, desta vez, sem esperar por ela. A bem dizer, agora quero-a longe e sem saudade mas, de mim, ela achará a sua fortuna. 

Champions, SNS, Scolari e o Foleirismo Português

"Mas daí a classificar o feito como “irrepetível, é uma vez na vida”, como o fez um sobreexcitado Marcelo, ou uma espécie de “prémio ao SNS”, como disse António Costa, é ir um bocadinho para fora de pé."
Ana Sá Lopes
Público 

É por esta e muitas outras (bandeirinhas às janelas, (ch)orar pela selecção, a grande gesta lusitana ((ler Oliveira Martins a descrever a acção de Vasco da Gama, Afonso de Albuquerque, Duarte Pacheco, Cabral e outros, literalmente no caminho para/e na Índia, é de arrepiar e estarrecer!...)), somos os melhores, o fado e a grande alma lusitana, demos novos mundos ao mundo, o Céu escolheu-nos em Fátima, nha, nha,nha) que eu me sinto muito pouco nacionalista e orgulhoso (fomos um povo "escolhido" como os que se acham diferentes e que foram "eleitos" pelo sr. Judah?).
Este choradinho é insuportável. Os "outros" também têm? E depois? A vaidade espanhola, o chauvinismo francês, a superioridade inglesa, a soberba norte-americana, o deusismo brasileiro, etc.? 
Tudo lenha da entranhada ideia de que as nossas casas são, sem dúvida, as melhores do mundo porque... são nossas. 
Que severa burrice! Ou, tolerantemente, "está bem, abelha!". 


"Sorriso maldoso do inspector. Óculos escuros é com ele, mas em tecnicolor polaroid. No entanto faz-se desentendido; pensa: Está bem, abelha. E recosta-se na cadeira. Tem a ordem de captura à mão de assinar mas quer ouvir primeiro, saber opiniões. Opiniões? Elias não há meio de entender por que diabo aparece o mangas da secretaria metido naqueles expedientes. Conselheiro chamado de aflição para os devidos efeitos?» (Balada da Praia dos Cães, José Cardoso Pires. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2010, 17.ª ed., p. 136).
"Tradução":  vai à....! 



"A informação que tivemos hoje é que o Dr. Fábio Koff teve uma melhora. As nossas orações para Nossa Senhora do Caravaggio por ele também estão surtindo efeito através dos médicos. Esperamos que as notícias sigam boas para que possamos, logo logo, ter ele ao nosso lado para convivermos com esta pessoa maravilhosa", disse Scolari ao fim de sua entrevista. "