A Lei do Mal é a Lei da Fealdade
"A conclusão de Hannah Arendt é para mim, portanto, brilhante. Hitler e Goebbels conseguiram convencer os nazis e - pior - o povo alemão de que ninguém era culpado por nada, mas a tal "Providência" os havia colocado naquela situação sem volta, o beco sem saída do destino triunfal ariano e anti-semita, que o Führer chamava de busca do "espaço vital" (Lebensraum) pangermânico. Era este o Éden que prometia aos alemães: a colonização de toda a Europa, sem compaixão, escrúpulos ou culpa, e com todos os benefícios espúrios (e despojos) advindos da eliminação "pura" e simples de todas as populações concorrentes. Era esta a visão hitlerista do darwinismo. Por isso fica difícil "romantizar" a questão da participação colectiva dos alemães nessa empreitada fatídica, como se tivessem sido todos enganados por um único estelionatário carismático. Tanto os jovens soldados que morreram nos campos de batalha, como o povo que padecia e sucumbia aos constantes...