«Fui a duas manifestações na minha vida, embora só me recorde de uma, quando os EUA de Bush II invadiram o Iraque. A outra terá sido no 1 de Maio seguinte ao 25 de Abril, assegurou-me o meu pai, que me levou às cavalitas. Não tenho nada contra manifestações. Mas às vezes reforçam mais os propósitos que se pretendem combater do que pô-los verdadeiramente em causa. O sistema onde vivemos é uma entidade plástica, capaz de absorver tudo, mesmo aquilo que lhe é aparentemente antagónico. Não tenho por isso ilusões. Mas no sábado também vou. Sei que outros protestos virão. Mas há um aspecto que me é simpático neste: é transnacional. É assumir o mal-estar global. Vou caminhar ao lado de pessoas que gritarão contra a crise, a precariedade, a austeridade, a desregulação dos bancos, a dívida, uma democracia mais participativa, mais transparência, melhores líderes políticos, melhores condições de vida. Tudo coisas com as quais concordo. Mas esperem lá: conhecem alguém que não concorde com tudo...