segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Auto-antropofagia

domingo, 30 de outubro de 2011

Shakespeare

Um interessantíssimo livro sobre o que não se sabe, ou o que se julga saber, ou o que se sabe mas não se tem a certeza.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Viver

Viver de vento volátil, circunscrever-se a marés sem nome,
arrastar-se na frieza das ausências.
Quem me diz o que é viver?

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Pés de barro

Durer
A capa do rinoceronte era a armadura de pés de barro, latentes.
Já sabia que a armadura não era dura, nem armadura. Nem mesmo armamole.
Era vento de vento.
O amor da minha vida cansou-se de estar triste.
Tive um diamante, de amante e perdi tudo, por minha culpa.
Não me desculpo.

domingo, 23 de outubro de 2011

Mesmo Mal

A vitória  de ontem sobre o Beira-Mar foi imerecida.
Benfica jogou mesmo mal e é incompreensível que o treinador continue dizer, sempre, que foi um excelente jogo e que merecemos a vitória. Ontem não.

Copiar o exemplo do FêCêPê não nos dignifica.

sábado, 22 de outubro de 2011

Faith no Fé

Completamente

Ontem, num programa televisivo, António Barreto afirmou que era ateu, completamente.
Eu reafirmo o que penso desde a adolescência: eu funciono ao contrário: sou completamente ateu.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Kaddafi e Sócrates: o Petróleo e a Cobardia II


Fora da tenda: o petróleo e a coqueluche do Magalhães (?).
Com beija -mão e tudo.

Kaddafi e Sócrates: o Petróleo e a Cobardia I


Na tenda, amizade e olhos nos olhos.
Leite de cabra a acompanhar(?).

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Cartazes Políticos LXII

Poço sem fundo à vista

Nos séculos XVII e XVIII ainda tínhamos o ouro do Brasil e a transumância esclavagista. Mas o novo-riquismo predominava, ainda pior, esmagava toda tentativa de criação de riqueza.
Portugal tem vivido, como disse António Sérgio, de uma "política de transporte" ao invés de uma "política de consolidação" da riqueza que fomos criando.
Vários séculos depois parece que não aprendemos nada: gastaram-se mundos e fundos em auto-estradas num número bem acima do desejado, construiram-se estádios para europeu ver, ergueram-se escolas como nem os países ricos têm. Destruiu-se a agricultura e afundaram-se os barcos de pesca. Sobrevalorizou-se o sector terciário e deslumbrámo-nos com o consumo sem fim.
Sempre fomos pobres, no contexto europeu, mas vivemos  como se fôssemos ricos.
Agora estamos a pagar a factura de quem tem 100 mas gasta 250.
Não sei se pode ser doutra maneira mas não se podia continuar indefinidamente assim.
O que mais choca é que a classe política continua imune aos sacríficios de todos os que pagam impostos.
Para cúmulo sem nenhuma autoridade moral. Pior ainda, desgraçadamente imoral.

domingo, 16 de outubro de 2011

CAUSAS DA DECADÊNCIA DOS POVOS PENINSULARES I

"No princípio do século XVII, quando Portugal deixa de ser contado entre as nações, e se desmorona por todos os lados a monarquia anómala, inconsistente e desnatural de Filipe II; quando a glória passada já não pode encobrir o ruinoso do edifício presente, e se afunda a Península sob o peso dos muitos erros acumulados, então aparece franca e patente por todos os lados a nossa improcrastinável decadência. Aparece em tudo; na política, na influencia, nos trabalhos da inteligência, na economia social e na indústria, e como consequência de tudo isto, nos costumes. A preponderância, que até então exercêramos nos negócios da Europa, desaparece para dar lugar à insignificância e à impotência. Nações novas ou obscuras erguem-se e conquistais no mundo, à nossa custa, a influência de que nos mostrámos indignos. A coroa de Espanha é posta em leilão sangrento no meio das nações, e adjudicada, no fim de doze anos de guerra, a um neto de Luís XIV. Com a dinastia estrangeira começa uma política antinacional, que envilece e desacredita a monarquia. E esse rei estrangeiro custa à Espanha a perda de Nápoles, da Sicília, do Milanês, dos Países Baixos! Em Portugal, é a influência inglesa, que, por meio de cavilosos tratados, faz de nós uma espécie de colónia britânica. Ao mesmo tempo as nossas próprias colónias escapam-nos gradualmente das mãos: as Molucas passam a ser holandesas; na índia lutam sobre os nossos despojos holandeses, ingleses e franceses: na China e no Japão desaparece a influência do nome português. Portugueses e Espanhóis, vamos de século para século minguando em extensão e importância, até não sermos mais que duas sombras, duas nações espectros, no meio dos povos que nos rodeiam!... E que tristíssimo quadro o da nossa política interior!"
ANTERO DE QUENTAL

Voltaire

Eu não sou mas que importa quem é?

O Silva das vacas

Primoroso texto de
Luís Manuel Cunha in «Jornal de BARCELOS
"Algumas das reminiscências da minha escola primária têm a ver com vacas. Porque a D.ª Albertina, a professora, uma mulher escalavrada e seca, mais mirrada que uva-passa, tinha um inexplicável fascínio por vacas. Primavera e vacas. De forma que, ora mandava fazer redacções sobre a primavera, ora se fixava na temática da vaca. A vaca era, assim, um assunto predilecto e de desenvolvimento obrigatório, o que, pela sua recorrência, se tornava insuportavelmente repetitivo. Um dia, o Zeca da Maria "gorda", farto de escrever que a vaca era um mamífero vertebrado, quadrúpede ruminante e muito amigo do homem a quem ajudava no trabalho e a quem fornecia leite e carne, blá, blá, blá, decidiu, num verdadeiro impulso de rebelião criativa, explicar a coisa de outra
forma. E, se bem me lembro ainda, escreveu mais ou menos isto:
"A vaca, tal como alguns homens, tem quatro patas, duas à frente, duas atrás, duas à direita e duas à esquerda. A vaca é um animal cercado de pêlos por todos os lados, ao contrário da península que só não é cercada por um. O rabo da vaca não lhe serve para extrair o leite, mas para enxotar as moscas e espalhar a bosta. Na cabeça, a vaca tem dois cornos pequenos e lá dentro tem mioleira, que o meu pai diz que faz muito bem à inteligência e, por não comer mioleira, é que o padre é burro como um tamanco. Diz o meu pai e eu concordo, porque, na doutrina, me obriga a saber umas merdas de que não percebo nada como as bem-aventuranças. A vaca dá leite por fora e carne por dentro, embora agora as vacas já não façam tanta falta, porque foi descoberto o leite em pó. A vaca é um animal triste todo o ano, excepto no dia em que vai ao boi, disse-me o pai do Valdemar "pauzinho", que é dono do boi onde vão todas as vacas da freguesia. Um dia perguntei ao meu pai o que era isso da vaca ir ao boi e levei logo um estalo no focinho. O meu pai também diz que a mulher do regedor é uma vaca e eu também não entendi. Mas, escarmentado, já nem lhe perguntei se ela também ia ao boi."
Foi assim. Escusado será dizer que a D.ª Albertina, pouco dada a brincadeiras criativas, afinfou no pobre do Zeca um enxerto de porrada a sério. Mas acabou definitivamente com a vaca como tema de redacção. Recordei-me desta história da D.ª Albertina e da vaca do Zeca da Maria "gorda", ao ler que Cavaco Silva, presidente da República desta vacaria indígena, em visita oficial ao Açores, saiu-se a certa altura com esta pérola vacum: "Ontem eu reparava no sorriso das vacas, estavam satisfeitíssimas olhando o pasto que começava a ficar verdejante"! Este homem, que se deixou rodear, no governo, pelo que viria a ser a maior corja de gatunos que Portugal politicamente produziu; este homem, inculto e ignorante, cuja cabeça é comparada metaforicamente ao sexo dos anjos; este político manhoso que sentiu necessidade de afirmar publicamente que tem de nascer duas vezes quem seja mais honesto que ele; este "cagarola" que foi humilhado por João Jardim e ficou calado; este homem que, desgraçadamente, foi eleito presidente da República de Portugal, no momento em que a miséria e a fome grassam pelo país, em que o desemprego se torna incontrolável, em que os pobres são miseravelmente espoliados a cada dia que passa, este homem, dizia, não tem mais nada para nos mostrar senão o fascínio pelo "sorriso das vacas", satisfeitíssimas olhando o pasto que começava a ficar verdejante"! Satisfeitíssimas, as vacas?! Logo agora, em tempos de inseminação artificial, em que as desgraçadas já nem sequer dispõem da felicidade de "ir ao boi", ao menos uma vez cada ano!
Noticiava há dias o Expresso que, há mais ou menos um ano e aquando de uma visita a uma exploração agrícola no âmbito do Roteiro da Juventude, Cavaco se confessou "surpreendidíssimo por ver que as vacas, umas atrás das outras, se encostavam ao robô e se sentiam deliciadas enquanto ele, durante seis ou sete minutos, realizava a ordenha"! Como se fosse possível alguma vaca poder sentir-se deliciada ao passar seis ou sete minutos com um robô a espremer-lhe as tetas!! Não sei se o fascínio de Cavaco por vacas terá ou não uma explicação freudiana. É possível. Porque este homem deve julgar-se o capataz de uma imensa vacaria, metáfora de um país chamado Portugal, onde há meia-dúzia de "vacas sagradas", essas sim com direito a atendimento personalizado pelo "boi", enquanto as outras são inexoravelmente "ordenhadas"! Sugadas sem piedade, até que das tetas não escorra mais nada e delas não reste senão peles penduradas, mirradas e sem proveito.
A este "Américo Tomás do século XXI" chamou um dia João Jardim, o "sr. Silva". Depreciativamente, conforme entendimento generalizado. Creio que não. Porque este homem deveria ser simplesmente "o Silva". O Silva das vacas. Presidente da República de Portugal. Desgraçadamente."

sábado, 15 de outubro de 2011

Antropofagia na actualidade

Os "mercados" que nos comem, umas vezes lentamente, outras de um dia para o outro

Indignados 1000

«Fui a duas manifestações na minha vida, embora só me recorde de uma, quando os EUA de Bush II invadiram o Iraque. A outra terá sido no 1 de Maio seguinte ao 25 de Abril, assegurou-me o meu pai, que me levou às cavalitas.

Não tenho nada contra manifestações. Mas às vezes reforçam mais os propósitos que se pretendem combater do que pô-los verdadeiramente em causa. O sistema onde vivemos é uma entidade plástica, capaz de absorver tudo, mesmo aquilo que lhe é aparentemente antagónico. Não tenho por isso ilusões. Mas no sábado também vou.
Sei que outros protestos virão. Mas há um aspecto que me é simpático neste: é transnacional. É assumir o mal-estar global. Vou caminhar ao lado de pessoas que gritarão contra a crise, a precariedade, a austeridade, a desregulação dos bancos, a dívida, uma democracia mais participativa, mais transparência, melhores líderes políticos, melhores condições de vida. Tudo coisas com as quais concordo.
Mas esperem lá: conhecem alguém que não concorde com tudo isto? Pois. Eu também não. Aí estamos todos de acordo. Logo estamos a protestar contra o quê? Será que o problema não é outro? A solução é procurar culpados, propor reajustes, acreditar no aperfeiçoamento do que já temos, ou será que o verdadeiro problema é o sistema em si?
Façam um exercício. Pensem naquele dia que telefonaram para um call center e chegaram ao fim frustrados. Telefona-se por causa de uma dúvida simples e o que acontece? Ouvimos os detalhes ditos por uma operadora pouco preparada e de voz repetitiva que não nos consegue informar de nada. Nem sequer podemos descarregar a nossa raiva porque é infrutífero, não existe objecto para o fazer. Porque, como a operadora tratará de nos informar com voz de robô: “não há aqui ninguém que saiba o que quer e ninguém pode fazer nada, mesmo que pudesse.”
A zanga fica num vácuo, sem efeito, ou então é direccionada para a operadora, que é mais vítima do que agente de um sistema irresponsável, impessoal, descentralizado, abstracto e fragmentado. Podemos imaginar que com pessoas mais bem preparadas e alguns reajustes o call center funcionaria melhor. Talvez.
Mas pensem bem: o impreparação não fará parte do exercício do próprio sistema? Os vícios são engendrados pela própria estrutura e enquanto esta se mantiver, reproduzir-se-ão. E será que um call center é assim tão diferente da forma como opera um sistema financeiro de contornos indefinidos que permite a desresponsabilização?
Em 1989, como tantas outras pessoas, chorei ao ver o muro de Berlim ser derrubado. O eclipsar do comunismo pareceu-me normal. O capitalismo parecia ser o único sistema político e económico viável. Em nome do pragmatismo não valia a pena sequer imaginar alternativas.
Qualquer hipótese alternativa era sinónimo de ilusão perigosa. Ousar sequer pensar nisso era visto como uma quimera. O capitalismo liberal era a única solução. Não surpreende por isso que para a maior parte dos manifestantes, em especial os mais jovens, imaginar alternativas ao capitalismo esteja fora do seu horizonte de pensamento. Para eles isso nunca foi uma questão. E essa é que talvez seja a questão: perceber porque é que deixámos de ousar.
Quanto à minha geração adoptou uma irónica distância assente na ideia de que a nossa democracia não era perfeita, mas pelo menos não tínhamos ditadores, nem vivíamos na miséria. Tornamo-nos pós-ideológicos. Ou, noutra visão mais lúcida, a ideologia dominante começou a ser o cinismo.
É disso que estou farto. Não padeço de nenhuma ilusão bipolar. Até acho, veja-se lá, que Portugal é um país mais ou menos. Mas também sei que se não ousarmos sequer pensar – pensar, lembram-se? – em alternativas credíveis, o pragmatismo capitalista continuará a dominar.
Estou farto que me venham com o Lobo Mau dos comunismos ou dos fascismos, como se o regresso ao passado fosse a única solução de futuro. Não quero regressar a nada, nem sou ingénuo. Não me parece que venha aí uma vaga messiânica que nos apontará o caminho, nem o capitalismo vai soçobrar de repente.
Vou porque é preciso aproveitar esta energia, mesmo se envolta em contradições. Vou mesmo sabendo que vou estar imerso num hipermercado de protestos. Vou porque é necessário considerar alternativas credíveis, algo que ainda temos medo de imaginar, encapsulados no pragmatismo capitalista que, afinal, também não conseguiu mais do que nos conduzir até aqui, a este sábado de protesto global.
Vou pelo direito a imaginar um novo começo.»
(versão de um texto publicado no jornal Público de 13-10-2011)
Vitor Belanciano

Hieronymus Bosch

Hieronymus Bosch

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Sermão da Sexagésima Padre António Vieira

"Os piores ouvintes que há na Igreja de Deus, são as pedras e os espinhos. E porquê? -- Os espinhos por agudos, as pedras por duras. Ouvintes de entendimentos agudos e ouvintes de vontades endurecidas são os piores que há. Os ouvintes de entendimentos agudos são maus ouvintes, porque vêm só a ouvir sutilezas, a esperar galantarias, a avaliar pensamentos, e às vezes também a picar a quem os não pica. Aliud cecidit inter spinas: O trigo não picou os espinhos, antes os espinhos o picaram a ele; e o mesmo sucede cá. Cuidais que o sermão vos picou e vós, e não é assim; vós sois os que picais o sermão. Por isto são maus ouvintes os de entendimentos agudos. Mas os de vontades endurecidas ainda são piores, porque um entendimento agudo pode ferir pelos mesmos fios, e vencer-se uma agudeza com outra maior; mas contra vontades endurecidas nenhuma coisa aproveita a agudeza, antes dana mais, porque quanto as setas são mais agudas, tanto mais facilmente se despontam na pedra. Oh! Deus nos livre de vontades endurecidas, que ainda são piores que as pedras."

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Durer... Cristo entre Doutores

Pormenor de "Cristo entre Doutores"
Albrecht Durer

domingo, 9 de outubro de 2011

Coisas da Avaliação Docente...

Há dois anos obtive a classificação de Regular. Fui avaliado pela Directora e acólitos.
No ano passado repetiu-se o enredo.
Duas vezes Regular, pertinho, bem pertinho do Insuficiente.
Este ano fui avaliado por uma colega e obtive a classificação de Bom a 0,1 do Muito Bom (7,9)
Os parâmetros, altamente sofisticados e ridículos, foram os mesmos para estas três "avaliações".
Cada vez estou mais seguro que não participar na fantochada é um bálsamo. Mesmo que sofra as co(m)sequências.
Dedicação exclusiva aos Alunos e fogo sobre a Nomenklatura.

Hieronymus Bosch

Jeroen van Aeken, cujo pseudónimo é Hieronymus Bosch, e também conhecido como Jeroen Bosch, ('s-Hertogenbosch, c. 1450 — Agosto de 1516), foi um pintor e gravador holandês dos séculos XV e XVI.
"Foi especulado, ainda que sem provas concretas, que o pintor terá pertencido a uma (das muitas) seitas que na época se dedicavam às ciências ocultas. Aí teria adquirido inúmeros conhecimentos sobre os sonhos e a alquimia, tendo-se dedicado profundamente a esta última. Por essa razão, Bosch teria sido perseguido pela Inquisição. Sua obra também sofreu a influência dos rumores do Apocalipse, que surgiram perto do ano de 1500.(...)a grande abundância de pinturas de Bosch na Espanha é explicada pelo facto de Filipe II de Espanha ter colecionado avidamente as obras do pintor.

Bosch é considerado o primeiro artista fantástico."

Sermões do Padre António Vieira II

"Dá-me grande exemplo o semeador, porque, depois de perder a primeira, a segunda e a terceira parte do trigo, aproveitou a quarta e última, e colheu dela muito fruto. Já que se perderam as três partes da vida, já que uma parte da idade a levaram os espinhos, já que outra parte a levaram es pedras, já que outra parte a levaram os caminhos, e tantos caminhos, esta quarta e última parte, este último quartel da vida, porque se perderá também? Porque não dará fruto? Porque não terão também os anos o que tem o ano? O ano tem tempo para as flores e tempo para os frutos. Porque não terá também o seu Outono a vida? As flores, umas caem, outras secam, outras murcham, outras leva o vento; aquelas poucas que se pegam ao tronco e se convertem em fruto, só essas são as venturosas, só essas são as que aproveitam, só essas são as que sustentam o Mundo. Será bem que o Mundo morra à fome? Será bem que os últimos dias se passem em flores? -- Não será bem, nem Deus quer que seja, nem há-de ser. Eis aqui porque eu dizia ao princípio, que vindes enganados com o pregador. Mas para que possais ir desenganados com o sermão, tratarei nele uma matéria de grande peso e importância. Servirá como de prólogo aos sermões que vos hei-de pregar, e aos mais que ouvirdes esta Quaresma."

sábado, 8 de outubro de 2011

Sermões do Padre António Vieira I

"Pouco disse S. Paulo em lhe chamar comédia, porque muitos sermões há que não são comédia, são farsa. Sobe talvez ao púlpito um pregador dos que professam ser mortos ao mundo, vestido ou amortalhado em um hábito de penitência (que todos, mais ou menos ásperos, são de penitência; e todos, desde o dia que os professamos, mortalhas); a vista é de horror, o nome de reverência, a matéria de compunção, a dignidade de oráculo, o lugar e a expectação de silêncio; e quando este se rompeu, que é o que se ouve? Se neste auditório estivesse um estrangeiro que nos não conhecesse e visse entrar este homem a falar em público naqueles trajos e em tal lugar, cuidaria que havia de ouvir uma trombeta do Céu; que cada palavra sua havia de ser um raio para os corações, que havia de pregar com o zelo e com o fervor de um Elias, que com a voz, com o gesto e com as ações havia de fazer em pó e em cinza os vícios. Isto havia de cuidar o estrangeiro. E nós que é o que vemos? Vemos sair da boca daquele homem, assim naqueles trajos, uma voz muito afectada e muito polida, e logo começar com muito desgarro, a quê? A motivar desvelos, a acreditar empenhos, a requintar finezas, a lisonjear precipícios, a brilhar auroras, a derreter cristais, a desmaiar jasmins, a toucar primaveras, e outras mil indignidades destas. Não é isto farsa a mais digna de riso, se não fora tanto para chorar? Na comédia o rei veste como rei, e fala como rei; o lacaio, veste como lacaio, e fala como lacaio; o rústico veste como rústico, e fala como rústico; mas um pregador, vestir como religioso e falar como... não o quero dizer, por reverência do lugar. Já que o púlpito é teatro, e o sermão comédia se quer, não faremos bem a figura? Não dirão as palavras com o vestido e com o ofício? Assim pregava S. Paulo, assim pregavam aqueles patriarcas que se vestiram e nos vestiram destes hábitos? Não louvamos e não admiramos o seu pregar? Não nos prezamos de seus filhos? Pois por que não os imitamos? Por que não pregamos como eles pregavam? Neste mesmo púlpito pregou S. Francisco Xavier, neste mesmo púlpito pregou S. Francisco de Borja; e eu, que tenho o mesmo hábito, por que não pregarei a sua doutrina, já que me falta o seu espírito?"
Sermão da Sexagésima

"Dirigente do PS pede afastamento dos que estiveram mais próximos de Sócrates"

"Na reunião da Comissão Política defendeu também que “é preciso fazer uma reflexão sobre quem foram os responsáveis” da situação a que o país chegou.Manuel dos Santos disse ao i que o PS precisa de recuperar a credibilidade que “perdeu nos últimos seis anos” e entende que esse caminho não pode ser feito com “os mesmos protagonistas”. “Não entendo, por exemplo, como é que o Alberto Martins e o Jorge Lacão aparecem a dar a cara pelo partido na área da justiça. Eles são responsáveis pelas anteriores políticas”, diz o ex-deputado socialista, que esteve afastado durante a liderança de José Sócrates."
Edificante mas não chega.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

"Pássaro" de Júlio Resende

Anatomia- subsídios para um estudo XLVI

"When the language of human agents was extended to talk about invisible agents, it wasn’t clear which ideas were to transfer with the language. Do invisible agents have invisible hands? Do invisible agents have thoughts, beliefs, fears, desires? Do invisible agents make mistakes in the same way that human agents do? Does it make sense to be upset with an invisible agent? To ask it a question? Do invisible agents have invisible parents?" no blogue Black Socrates

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Homeopatia I

Merece ser lido até ao fim...e ir ao site. Aprendem-se coisas fantásticas!
"O período de reação a um medicamento homeopático depende da natureza da doença, da força vital do paciente e da precisão da receita. Muitas vezes, a resposta a uma doença aguda é muito rápida. Judyth lembra-se de quando era residente na Universidade de Bastyr, EUA, em 1982. Ela deu uma dose de Pulsatilla a uma menininha que se queixava de muita dor de garganta e estava encolhida, apática, no colo da mãe. Judyth mal se virou após ministrar o remédio e a pequena já corria para cima e para baixo pelo corredor, sem se lembrar da dor. Em outra ocasião, a própria Judyth torceu o tornozelo ao descer correndo os degraus de concreto para sua casa. Ela caiu no chão sentindo forte dor. Estava a caminho de uma reunião e precisava pegar o seu frasco d e Arnica. Subiu dois lances de escada literalmente de quatro e tomou uma dose de Arnica 30C. Em cinco minutos, quase não sentia mais dor. Conseguiu dirigir o carro e participar da reunião, tomando apenas uma dose adicional de Arnica três horas mais tarde. Em outra ocasião, fazendo compras em um shopping, ela derramou sopa fervente sobre si mesma. Vinte minutos mais tarde, uma pessoa que assistira ao acidente expressou sua preocupação. Judyth lhe assegurou que a dor da queimadura havia passado segundos após tomar Cantharis.

Os exemplos acima, é verdade, são situações de emergência. A resposta a doenças agudas, físicas ou mentais, muitas vezes aparece em 24 horas. É impossível dizer quantas vezes receitamos medicamentos homeopáticas para infecções urinárias e fomos informados pelo paciente que os sintomas desapareceram ou melhoraram de forma incrível dentro de 20 ou 30 minutos. Uma paciente estava com forte hemorragia uterina. Um dia, depois de tomar Belladonna, foi como se tivessem fechado uma torneira. Outra história de Judyth: há alguns anos, ela sofreu um aborto muito doloroso — nem Demerol conseguia minorar a dor. Entretanto, instantes após uma dose de Aurum metallicum ela conseguiu relaxar e sentiu alívio da dor semelhante a de um parto.
Nos casos crônicos, a resposta pode ser demorada. Muitos pacientes encontram alívio inicial alguns dias ou uma semana depois de tomar o remédio. Quer o problema seja de acessos de fúria da criança com problema de hostilidade, a dor excruciante de uma hérnia de disco, a agonia de depressão suicida ou as palpitações cardíacas que acompanham um acesso de pânico — o paciente vai notar uma melhoria dos sintomas no prazo de alguns dias ou semanas a partir da medicação. Por ocasião do retorno ao consultório — geralmente após seis semanas — os sintomas em geral melhoraram 60% a 70%, às vezes mais. No caso de depressão, por exemplo, é provável que o efeito da homeopatia seja mais rápido do que o efeito de um antidepressivo. "
Aqui

Homeopatia II

"A homeopatia é diferente de qualquer outro tipo de medicina. Um único medicamento homeopático trata todos os sintomas do paciente, não somente a sua queixa principal. O efeito de uma dose pode durar meses ou mesmo anos. Os medicamentos não têm data de validade — podem durar por toda a vida. Dez pacientes asmáticos podem precisar de dez medicamentos diferentes. Os medicamentos são seguros para o recém-nascido e a gestante, porém suficientemente poderosos para suster uma hemorragia e até tirar pacientes do coma em questão de minutos. Qualquer substância encontrada na natureza pode ser transformada em um remédio homeopático."
(muito giro o "em um"... para além do resto, claro!)

O casamento dos "padres papistas "

Os EUE

Talvez que os Estados Unidos da Europa nunca tenham estado tão próximo.
Cada vez mais vozes nesse sentido.

União Europeia: o antes, o durante e o depois

domingo, 2 de outubro de 2011

Amadeo de Souza Cardoso

Ciganos
Amadeo de Souza Cardoso

Perfilados de medo I

"Alexandre O’Neill era poeta e as suas palavras fizeram a autópsia de um país de governantes medíocres e pessoas cujo silêncio cobarde sustentava qualquer ditadura. “Ah o medo vai ter tudo. Tudo (penso que o medo vai ter tudo e tenho medo que é justamente o que o medo quer). O medo vai ter tudo, que se tudo e cada um por seu caminho havemos todos de chegar quase todos a ratos. Sim, a ratos”, escreveu." http://www.ionline.pt/opiniao/perfilados-medo

Perfilados de medo II

Perfilados de medo, agradecemos

o medo que nos salva da loucura.
Decisão e coragem valem menos
E a vida sem viver é mais segura.


Aventureiros já sem aventura,
perfilados de medo combatemos
irónicos fantasmas à procura
do que não fomos, do que não seremos.


Perfilados de medo, sem mais voz,
o coração nos dentes oprimido,
os loucos, os fantasmas somos nós.


Rebanho pelo medo perseguido,
já vivemos tão juntos e tão sós
que da vida perdemos o sentido...

Alexandre O'Neil

"Madeira: Alberto João Jardim insiste que dívida da região é de 5,8 mil ME"

Só?!

sábado, 1 de outubro de 2011

Anatomia- subsídios para um estudo XLII

"Cristaloterapia": cristais que "ajudam" a curar o cancro, a tuberculose, as doenças venéreas e as cardio-vasculares... a rouquidão e as dores de estômago, as hemorróides...etc...