Poço sem fundo à vista
Nos séculos XVII e XVIII ainda tínhamos o ouro do Brasil e a transumância esclavagista. Mas o novo-riquismo predominava, ainda pior, esmagava toda tentativa de criação de riqueza.
Portugal tem vivido, como disse António Sérgio, de uma "política de transporte" ao invés de uma "política de consolidação" da riqueza que fomos criando.
Vários séculos depois parece que não aprendemos nada: gastaram-se mundos e fundos em auto-estradas num número bem acima do desejado, construiram-se estádios para europeu ver, ergueram-se escolas como nem os países ricos têm. Destruiu-se a agricultura e afundaram-se os barcos de pesca. Sobrevalorizou-se o sector terciário e deslumbrámo-nos com o consumo sem fim.
Sempre fomos pobres, no contexto europeu, mas vivemos como se fôssemos ricos.
Agora estamos a pagar a factura de quem tem 100 mas gasta 250.
Não sei se pode ser doutra maneira mas não se podia continuar indefinidamente assim.
O que mais choca é que a classe política continua imune aos sacríficios de todos os que pagam impostos.
Para cúmulo sem nenhuma autoridade moral. Pior ainda, desgraçadamente imoral.
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