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A mostrar mensagens de junho 20, 2020

Dois deuses: Jesus e a Pimenta

"Não havia protestos agora, senão esperanças, cubiças, ambições. Não partiam á aventura; partiam á conquista do que tinham descoberto, e queriam trazer para Portugal, para casa. Ninguem duvidava do exito, e o capitão levava cartas solemnes do {pg. 221}  rei para o Çamorim. Em troca d'ellas, da sua alliança, dos presentes que lhe mandavam, viriam os rubis e as esmeraldas, a pimenta e a canella, monopolisada pelo turco, inimigo de Deus! Já na praia começava a levantar-se a basilica, monumento ingenuo d'essa religião do commercio, erguido a Jesus e á Pimenta—os dois deuses que viviam no céu portuguez (ou carthaginez): dois deuses piamente adorados, mas servidos ambos de um modo egualmente barbaro. O almirante acaso pensava, já no Tejo, n'esse rumo de Oeste, o de Colombo, que o levaria á America; e porventura acreditava pouco na existencia do lendario Preste-Joham, por cuja causa tantas viagens se tinham feito. Não o mandavam descobrir, mandavam-no conquistar; mas el...

Os gatos e o meu gato

Os gatos são essa tribo independente que os dependentes tanto invejam. Não conseguem, porque não percebem que ser livre não é fazer o que se quiser mas querer tudo o que se faz. A toda a hora e sem sapos. Um dependente nunca compreenderá porque toda a vida faz o que acha que deve ou tem de fazer. Ao contrário dos gatos. O meu gato passou a primeira noite fora de casa. Fugiu do conforto da comidinha sempre certa e da ternura do calor da pele para o desconforto da noite escura e alta. Ele não queria bem fugir. Ele não sabia era como voltar. Ele, no fundo, queria correr mundo nem que fosse no telhado bem pertinho, vá dar-se o caso de não saber o que pensar. Pelo menos, foi isso que eu quis acreditar. Não tinha medo de pneus assassinos, ou de matilhas desbocadas, nem de víboras lendárias. Tinha medo não sei de quê. Além disso era a sua primeira vez. O que tinha eu com isso afinal? Voltou, ajudado, de manhã, com pelo sujo e com barriga temerosa e fria. Vi-lhe nos olhos a sapi...

Duas vezes

Por duas vezes estive perto dela. Mas não cheguei a conhecê-la. Nunca a tinha visto, nem desconfiava de nada. Mas sabia que existia. E que existe e que, dizem, nunca deixará de existir. Porque a vida depende dela. E ela da vida, toda a vida. Da primeira foi na fúria desmedida de um desencontro anunciado. Na segunda foi num ensaio milimétrico, genuinamente puro e puroso mas sem oxigénio redentor. Vou voltar a estar perto mas, desta vez, sem esperar por ela. A bem dizer, agora quero-a longe e sem saudade mas, de mim, ela achará a sua fortuna. 

Champions, SNS, Scolari e o Foleirismo Português

"Mas daí a classificar o feito como “irrepetível, é uma vez na vida”, como o fez um sobreexcitado Marcelo, ou uma espécie de “prémio ao SNS”, como disse António Costa, é ir um bocadinho para fora de pé." Ana Sá Lopes Público  É por esta e muitas outras (bandeirinhas às janelas, (ch)orar pela selecção, a grande gesta lusitana ((ler Oliveira Martins a descrever a acção de Vasco da Gama, Afonso de Albuquerque, Duarte Pacheco, Cabral e outros, literalmente no caminho para/e na Índia, é de arrepiar e estarrecer!...)), somos os melhores, o fado e a grande alma lusitana, demos novos mundos ao mundo, o Céu escolheu-nos em Fátima, nha, nha,nha) que eu me sinto muito pouco nacionalista e orgulhoso (fomos um povo "escolhido" como os que se acham diferentes e que foram "eleitos" pelo sr. Judah?). Este choradinho é insuportável. Os "outros" também têm? E depois? A vaidade espanhola, o chauvinismo francês, a superioridade inglesa, a soberba norte-america...

Hoje, Xanana de Gusmão.

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Xanana de Gusmão , um dos líderes políticos que mais admirei/admiro. Entre muitas razões, por demonstrar desapego ao poder, como Ramos Horta, aliás. O que não deixa de ser curioso. Ou não. Como apêndice "não histórico" um BENFICA - SPORTING nos mares de Timor... Nasceu há 74 anos. Parabéns!