quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Ser mais velho do que o pai


Ser mais velho do que o pai

É algo em que decididamente não pensava quando era mais novo, mesmo quando o meu pai faleceu naquele Dezembro de 82, tinha eu vinte e três anos.
Quando o meu aniversário coincidiu com o do meu pai quando faleceu, achei estranho. Tinha, então, a idade do meu pai. Não deve ser incomum, sobretudo para aqueles órfãos de pais desaparecidos ainda na meia idade.  Mas agora que já sou seis mais velho do que ele já acho mesmo desagradável e deselegante. Tanta coisa que eu teria querido saber e não pude, e não consegui, quando tinha 6 anos! É algo que não deveria existir para pessoas como nós: para além do tempo.

Turismo Explosivo


1 em cada 7

1 em cada 7 habitantes do planeta viajam de avião num ano. Prevê-se que por volta de 2050 o número entre em equilíbrio repartido, sendo que serão cerca de 5 biliões de pessoas a viajar pelo mundo. Que futuro maravilhoso!

Lembro-me do fascínio que tive quando cheguei a Veneza pela primeira vez. Sair pela escadaria fronteira à Stazione di Venezia Santa Lucia e ver o Canal Grande e os , depois vim a saber, vaporetti ziguezagueando pelas águas. Passava uma ambulância aquática e eu nunca me tinha lembrado, ou imaginado, que os feridos também oscilavam nas pequenas vagas ocasionadas pelas múltiplas embarcações. Felizmente não teriam de sofrer com “nids de poule” nas estradas e se havia muitos, por aquelas alturas, anos 80 do longínquo séc.XX, nas vias portuguesas!…

Voltei mais três vezes àquela cidade, a caminho da ponta leste da Europa e, uma vez, mesmo com mais tempo. Adorei. As pequenas praças vazias, vielas, pontes e pontinhas, as escadarias das igrejas, o olhar sério das suas fachadas, os poucos turistas, exceptuando la Piazza San Marco e os seus mosaicos bizantinos que me encantaram tanto.

Lendo e vendo agora que aquela cidade especial recebe vinte milhões de turistas por ano, desfaleço. Não mais quero voltar a sentir ser feliz num sítio de onde a humanidade e a civilidade desertaram.

Quatro vezes num espaço de cinco anos, cerca de quinze dias no total, gostei muito de Veneza. Se lá voltasse agora iria odiar. Não volto.