segunda-feira, 1 de junho de 2020

Simonia, 1580 e Lutero

Oliveira Martins refere a simonia como uma das causas do descalabro na sociedade portuguesa na fase final da 2° Dinastia (cap. III da História de Portugal, volume II). 
"A prática da simonia no final da Idade Média provocou sérios problemas à postura moral da IgrejaDante Alighieri condena os simonistas ao oitavo círculo do inferno, onde encontra o Papa Nicolau III enterrado de cabeça para baixo, com as solas dos pés em chama. O exemplo de Nicolau III serve como aviso e previsão aos Papas Bonifácio VIII, o Papa contemporâneo à "Divina Comédia", e Clemente V, seu sucessor, pela prática de tal pecado. Escritores menos devotos, como Maquiavel e Erasmo, também condenaram a simonia séculos mais tarde.
A prática de simonia foi uma das razões que levou Martinho Lutero a escrever as suas "95 teses" e a rebelar-se contra a autoridade de Roma. "  wikipedia 

BLACK LIVES MATTER

Teresa de Sousa escreveu

Black Lives Matter

Klu klux klan

Klu klux klan


As Costas dos Outros

As dores das costas dos outros não costumam doer nada. É tão óbvio que parece tautologia. Só sentimos as nossas dores e, por isso, é que somos tão egoístas. Porque só elas são verdadeiras, as dores dos e nos outros só existem no pensamento que poderemos ou não querer construir sobre elas.
Mas nada disto é ou pode também ser real.
Lembro-me na Índia de 1987 (40 anos exactos depois da Independência de 15 de Agosto), termos ficado angustiados com o esforço desumano que infligíamos ao triciclista de rickshaw que nos levava pelas ruas de pó e calor, desdobrando os magros membros que, no suor e retesados e levados ao limite, lhe iriam permitir ter algumas rupias para a fome, os filhos ou o que mais fosse, conquanto não devesse ser muito.
E, no entanto, era ele o vencedor dos burgueses rickshaws motorizados que há época já também havia. Despesas de manutenção e combustível não tinha. Mas muito mais importante era ter trabalho, mesmo que fosse à custa de um esforço doentio.
40 anos depois, na Goa relativamente mais rica do que o Rajasthan de então, só rickshaws motorizados para nosso alívio.
(Uma vez, em Hánoi, um táxi-mota fenomenal dava-nos toda uma outra perspectiva, até porque muito mais movimentada, barulhenta e estranhamente nada caótica)
Agora, há poucos dias e num cenário completamente diferente, assisti à força bruta nas costas de quem vive acartando, subindo, descendo escadas e patamares, corredores e varandas. Pensei no homem de Agra.
Penso muitas vezes no homem, e nos homens e nas mulheres de todas as Agras do mundo. 

Mummification Museum of Luxor

Um dos melhores museus actuais do Egipto, visitado em Agosto de 2017, trinta e quatro anos depois...