terça-feira, 9 de agosto de 2016

Goa, verão de 2016... -XXI-

"Portugal é um país do 3º mundo"
"Só neste país!"
"É o país que temos." (esta, a campeã da idiotice porque a pessoa que fala não pertence ao país a que diz pertencer!)


As mulheres mais velhas, mais novas e as jovens circulam em quantidade nas scooters e lambretas um pouco por todo o lado, aqui em Pangim.
Vestem-se com saris tradicionais, às vezes, mas a maior parte usa umas turkas (camisas até ao joelho) e umas calças por baixo. Outras mais novas vestem-se à ocidental. Contudo, não se vêem mulheres com saias ou vestidos que mostrem as pernas.
(Não se vêem homens e mulheres de mão dada mas quanto aos homens sim).
Quanto aos lenços, as mulheres indianas podem cobrir os cabelos com parte do tecido do sari mas não parece ser norma. As mulheres muçulmanas usam sempre lenço a cobrir o cabelo e deixando só visível a cara. Também se vêem algumas só com os olhos à mostra -vimos muitas no aeroporto de Bombaim, talvez por ser uma zona de passagem/ligação com o Próximo Oriente.

A Índia não é um país fácil (e o que é que quer dizer "um país fácil"?).
A Ásia do Pacífico (China, Japão, Coreia, Vietname...) tem pontos de confluência com a Ásia do Índico mas é outra (muitas outras) realidade(s).
O Afeganistão e o Paquistão (literalmente "o país dos puros") e que é o arqui-inimigo da Índia desde a divisão a seguir à capitulação inglesa, em 1947. E é ferozmente muçulmano.
O Irão é persa e é maioritariamente xiita. E vive num mundo muito próprio.
O Médio Oriente e o Norte de África são uma caldeirada de sunismos rivais e pouco ou nada confluentes.
Israel é Israel e será sábio quando souber (?) viver neste vulcão por vezes terrífico.

E a Índia? A Índia é a multiplicação de imensos antigos estados com línguas, variantes religiosas e mesmo étnicas (os punjabes do norte têm muito pouco a ver com os tamiles do sul). E muitas, muitas desigualdades, até justificadas pelas religiões.

Aqui, em Goa, todos os goeses que encontramos nos dizem que "Goa não é a Índia!", mas também os que não falam português mas que nos dizem que os avós falam ou falavam o dizem. E sempre com simpatia.
Mas é uma das batalhas finais porque as gerações muito velhas ou mais velhas estão a desaparecer e não parece haver substitutos.
Ficarão os significantes nomes próprios e apelidos, bem como a toponímia e os outdoors do passado... "Barbearia Coimbra"! E isso é muito, muito especial.