sexta-feira, 24 de julho de 2020

Felicidade/Happiness (sem ou com y)

A fotografia não é minha, para grande desgosto meu, tendo estado no meio de um paraíso com beija-flores a poucos centímetros da minha cara (Costa Rica, "pura vida") e ver os seus olhos, as cores mutantes, o som das asas volteando rapidíssimas...
Só faltava tocar com a ponta dos dedos... E tirar boas fotografias (fiquei só com sofríveis)...
No link há uma boa viagem por estas maravilhosas aves... 

segunda-feira, 20 de julho de 2020

Nada foi oferecido.











John Lewis is dead.




domingo, 19 de julho de 2020

Hagia Sophia...

...foi o último dos grandes monumentos que vi, melhor, revi, em Fevereiro deste ano, numa derradeira sortida (sabe-se lá quando se poderá voltar a viajar e como... ), menos de quinze dias antes do lockdown de Março.
Já o tinha visto décadas atrás mas os olhos de então não poderiam ser os mesmos.
Naquele quase final de século (agosto de 1982), os Turcos de então viam Ataturk como os de agora (a julgar pelas eleições, mais duvidosas ou não... ) já não verão e isso é uma mudança de vulto.
A islamização deste país sunita não é uma coisa boa, como nunca foi a religionização de nenhum país, há milénios, há séculos, há décadas. 
O Poder e os seus Imperadores (dos Magnuns aos Minimuns... ), a Ganância e o seu Deus Supremo, o Dinheiro, a Prisão Mental e as suas Teologias e a Indiferença formam a parte cancerosa do mundo. 
Mas ainda há uma Minoria capaz de remar contra a maré. 
Assim a minoria turca o consiga. 

Hagia Sophia... Jorge Almeida Fernandes

Erdogan “reconquista” Hagia Sophia

A reconversão da Hagia Sophia em mesquita é uma jogada nacionalista determinada pelas ambições políticas e regionais do Presidente Erdogan. Mas a esplendorosa basílica é muito mais do que um tema de disputa: as suas pedras, os seus pilares e os seus mosaicos encerram a complexidade de 1500 anos da História europeia e turca, das tradições cristãs e islâmicas. Para o historiador Procópio, a sua cúpula não parecia terrena mas suspensa do céu.
 

Aya Sophia... Pacheco Pereira

José Pacheco Pereira, no Público
 " Na Aya Sophia não se sai como se entra, não se chamasse à coisa “divina sabedoria”, mas entrar como mesquita não é a mesma coisa que entrar num museu.

A divina sabedoria
Na Aya Sophia não se sai como se entra, não se chamasse à coisa “divina sabedoria”, mas entrar como mesquita não é a mesma coisa que entrar num museu.
Duvido que alguém preste muita atenção ao facto que motiva este artigo: a ameaça do retorno da Aya Sophia
 da sua actual função de museu para ser mesquita de novo. (Uso o nome turco, em vez do grego Hagia Sophia, mas como todas as coisas que têm muita história, tem muitos nomes.) É um ataque desnecessário e puramente político a um local dos mais importantes da nossa história comum do Ocidente, incluindo a própria Turquia, e que nada tem de religioso. Na própria história dos locais sagrados do Islão este nunca foi muito relevante. O significado mais forte desta opção é o abandono de uma das decisões fundamentais de Atatürk na sua tentativa verdadeiramente revolucionária de laicizar a Turquia. É contra isso que vai Erdogan.

Aya Sophia foi uma igreja cristã ortodoxa, uma igreja cristã latina, depois uma mesquita (estão lá os minaretes que foram acrescentados) e, por fim, um museu, no milénio e meio da sua história. As datas cruciais são 1453, 1931-5, mas estamos em 2020 e o significado deste processo, na Turquia de Erdogan, é um ainda maior afastamento do resto da Europa. Neste processo, a União Europeia tem muitas culpas: prometeu à Turquia o ingresso na União, se cumprisse determinadas condições, a Turquia cumpriu-as, e depois tiraram-lhe o tapete. Erdogan está lá também por causa disso, agora sob a asa sinistra de Trump, cujo secretário de Estado Pompeo, todos muito religiosos, já lavou as mãos do futuro da Aya Sophia.
A transformação de museu em mesquita não é inócua do ponto de vista político e geopolítico e implica riscos para o património cultural preservado até hoje. O grande mosaico do Cristo Pantocrator e outros mosaicos bizantinos terão de ser de novo emparedados, como estiveram muitos séculos, e muitos detalhes da história cristã,  por todo o edifício, terão de ser retirados ou escondidos.
A Aya Sophia é um daqueles locais difíceis da história pelo excesso de sagrado e pela densidade da sua própria história, tal como Jerusalém. Como todos os turistas acidentais visitei várias vezes a Aya Sophia. Como todos os turistas acidentais intelectuais, há sempre a presunção de que o olhar é diferente, ou de que, iludindo os outros visitantes comuns, se está lá como um viajante do século XVIII que foi visitar a Porta partindo de Marselha à procura do exótico. Tretas. Mas o que se vê é o que se vê.
Quando entrei pela primeira vez, repeti a sensação atribuída ao seu construtor, o imperador Justiniano, sobre a dimensão da cúpula, um feito arquitectónico e de engenharia que permitiu resistir a terramotos, vandalismo, destruições. A gigantesca cúpula, aliás, foi o modelo para as mesquitas, porque não havia precedente arquitectónico no Islão e Aya Sophia sempre foi durante séculos o maior prédio do mundo. Mas eu sou homem de detalhes e perdi-me pelos detalhes e ainda hoje, se lá voltar outra vez, vou de novo aos detalhes. Os detalhes e as histórias à volta deles, meias lendas, meias verdades.
Começo pelo Umbigo do Mundo, o Omphalos, o círculo de mármore onde eram coroados os imperadores bizantinos. Não é todos os dias que se está no Umbigo do Mundo. À minha volta, no piso térreo, se houver fantasmas, passarão os cruzados latinos da Quarta Cruzada que profanaram a catedral, entrando com um carro de bois com prostitutas, quando da conquista de Bizâncio no século XIII, no meio do saque generalizado da cidade. Muito do saque foi para Veneza, cujo doge Dandolo, que participou no assalto, teve os ossos atirados aos cães e depois colocados num túmulo térreo, que só foi marcado no século XIX numa galeria da catedral. Este foi um dos incidentes que mais marcaram o cisma entre os católicos e os ortodoxos, pelo qual o Papa pediu desculpa.

Outro grupo de fantasmas é o dos que estiveram na última missa realizada na catedral imediatamente antes da invasão otomana, com a presença de Constantino XI Paleólogo, o último imperador bizantino. Saiu dali para combater e desapareceu, nunca tendo sido encontrado o seu corpo. Numa versão sebastianista, corrente entre os gregos da diáspora, não teria morrido e estaria no interior das muralhas à espera de sair e libertar a cidade dos turcos. Até hoje.
Lá fora há muitas distracções, desinteresse e geopolítica e cá dentro é um assunto tão remoto como a estrela Sirius, mas temos gente que sabe história e é sensível à cultura que podia pressionar a embaixada e a nossa diplomacia
Subindo às galerias, é a explosão da grande arte bizantina dos mosaicos, em honra de vários imperadores e imperatrizes e sob a égide de Cristo Pantocrator, omnipotente, todo-poderoso. Olha-se para estas figuras, que sobreviveram aos iconoclastas, ao emparedamento, e nunca há cansaço, há sempre novos detalhes numa figuração densa de símbolos religiosos. Verdade seja dita, também as devemos ao sultão Abdul Medid, que as protegeu e restaurou.
Na Aya Sophia não se sai como se entra, não se chamasse à coisa “divina sabedoria”, mas entrar como mesquita não é a mesma coisa  que entrar num museu. Não porque haja algum mal nas mesquitas – Istambul tem algumas das mais belas mesquitas do mundo –, mas o olhar muda, os gestos mudam, e muito do que hoje vemos não pode ser exposto numa mesquita sem violar preceitos do Islão.
Lá fora há muitas distracções, desinteresse e geopolítica e cá dentro é um assunto tão remoto como a estrela Sirius, mas temos gente que sabe história e é sensível à cultura que podia pressionar a embaixada e a nossa diplomacia. Em nome inclusive da herança de Mustafa Kemal Atatürk, o pai dos turcos, coisa que não é certamente Erdogan."

No UK, o futuro que nos espera?


‘It was like a bomb had hit an off-licence’: rise in wild camping hits beauty spots

Campsites in popular areas are close to capacity, so holidaymakers pitch tents without permission on public or private land
Ler aqui

sábado, 18 de julho de 2020

A Obra ao Negro/ L' oeuvre au noir

O que leio neste momento, uma escrita sublime de uma autora de outro livro extraordinário, "Memórias de Adriano", esse, o meu preferido dos livros de autores estrangeiros. 
Só se podem comparar arquitecturas, estéticas e perfumes que sejam comparáveis mas, há poucos dias, rejetei "A noite e o riso" de N. Bragança.
Todo o seu universo, a imagética, o estilo me repeliram.
Exactamente o contrário do que sinto ao ler esta escritora belga. 

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Fala quem sabe, MEC.

"Os países pequenos que tiveram impérios têm uma coisa grande: a dificuldade em ver-se como são. A Inglaterra é um país pequeno que compensa essa pequenez com a mania das grandezas."
Fala quem sabe, Miguel Esteves Cardoso. 

MEO e NOS, o que se passa?

MEO horribilus
NOS  horrubilis
Não conto agora o inacreditável processo por que estamos a passar, até porque o caso pessoal não interessa.
O que farei mais tarde será um alerta para os péssimos desfuncionamentos de quem tem a faca e o queijo na mão e actua em cartel, não de Medellin, mas de Zainal, Granadeiro, Mexia, Salgado, Sócrates, Pinho, Proença de Carvalho, Oliveira e Costa, Duarte Lima, Berardo, Isaltino, Carlos Costa, Vítor Constâncio (até tu, Brutus, não viste nada?), Cavaco, Mário Lino e quase todos os outros membros dos Conselhos de Administração de empresas públicas e privadas.
São os outros todos iguais?
Não, claro que há gente honesta. Mas talvez não seja muita (Eanes, Sampaio, Bagão Félix, Marcelo e mais alguns)

(Mas a lista dos outros está em manutenção e em lista de muita espera ...)

terça-feira, 14 de julho de 2020

Roger Casement, aqui
Personagem principal do romance "O Sonho do Celta" "de Mario Vargas Llosa, que estou a acabar.

segunda-feira, 13 de julho de 2020

As belas 12 praias da costa de Torres Vedras

Dante, Dantes...



              
"iciarem a sua ansiada subida. Cada um dos sete círculos correspondem a um dos Sete pecados capitais, na seguinte ordem: OrgulhoInvejaIraPreguiçaAvareza junto ao Pródigo, Gula e Luxúria. Os Avarentos e Pródigos estão juntos no mesmo círculo, pois são os dois extremos, onde o avarento super valoriza o dinheiro e o Pródigo o desperdiça."
Dante

Se o Pródigo não o desperdiça não há Gula que não se enfarte mas daí ao Orgulho se invejar da Luxúria vai o passo de uma Ira. A Preguiça de ser avaro é a condição de se matar o egoísmo. 

As minhas circunstâncias... Alguns dos espantos meus...



 "A Parábola das Dez Virgens, também conhecida como Parábola das Virgens Néscias, é uma das mais conhecidas parábolas de Jesus. No entanto, ela aparece em apenas um dos evangelhos canónicos. De acordo com o Mateus 25:1-13, as cinco virgens que estão preparadas para a chegada do noivo são recompensadas, ​​enquanto que as cinco que não estão são excluídas do seu banquete de casamento. A parábola tem um tema claramente escatológico: estar preparado para o Juízo Final
Foi uma das parábolas mais populares na Idade Média, com enorme influência sobre a arte gótica, a escultura e a arquitetura de catedrais alemãs e francesas."

Na minha bronquite aguda e na minha javalite encefálica, não consigo ver beleza nestas parábolas reproduzidas décadas depois de terem sido (?) proferidas. 
Mas também por isso é que sou bronco e porco. 
E céptico. Muito. 

Basta de psicologismos!

Enough of the psychobabble. Racism is not something to fix with therapy

domingo, 12 de julho de 2020

Racism. Racismo. Racisme. Rassismus

No The Guardian, hoje

Hagia/Aya Sophia

"Tribunal turco dá luz verde a transformação de Hagia Sophia em mesquita

Actualmente um museu, Hagia Sophia (Santa Sofia) já foi uma catedral bizantina e uma mesquita otomana. O seu estatuto neutro era visto como símbolo do secularismo da Turquia." 
Aqui, no Público
Por duas vezes em visitas demoradas e muito distanciadas temporalmente, temo que seja mais um dos sinais dos tempos vertiginosos. 
O que Mustafá Kemal Ataturk conseguiu erigir com vontade férrea e visão moderna pode estar a ruir, uma vezes parecendo menos rápidas, outras mais simbólicas, ou bem mais do que isso. 
Como parece ser o caso.

sábado, 11 de julho de 2020

BENFICA

Benfica.
E se não merecem ser campeões, se não é possível ganhar jogos a adversários de nível inferior (pelo menos na comparação directa entre orçamentos e salários), se se esforçam (e é claro que se esforçam! Quem é que quer perder? Masoquistas?!) mas não conseguem o objectivo mínimo que é  de, em cada jogo, marcar sempre mais um golo do que o oponente, não merecem ser campeões ganhadores. É triste pa
ra nós mas quem é responsável assume se os objectivos foram atingidos ou se ainda podem ser alcançados. 
Não façamos como a tribo do norte para quem o "inimigo" é sempre culpado de algo quando perdem, sempre que perdem. 
Pelos vistos, para o ano há mais. Paciência. 

sexta-feira, 10 de julho de 2020

Rui Tavares na mouche de Rita Rato

Está lá tudo no escrito de Rui Tavares:Cultura-Ípsilo

OPINIÃO

O único problema de Rita Rato

É de Rita Rato que é preciso perceber de uma vez por todas se nega ou reconhece a realidade histórica do Gulag como repressão em massa de milhões de seres humanos, se a condena ou não, e se se arrepende ou não das suas declarações passadas sobre o assunto.
Não, caros colegas historiadores, o problema com Rita Rato ter vencido o processo de recrutamento para dirigir o Museu do Aljube não é ela não ser historiadora nem museóloga. O que não falta por aí são excelentes diretores de museu, programadores culturais e gestores públicos que não são uma coisa nem a outra. Pode haver vantagem em ter um museu dirigido por quem tenha investigado o tema — que, já agora, não tem de ser forçosamente de história contemporânea: vai fazer em breve 450 anos de quando Damião de Góis esteve ali preso —, como pode haver vantagem em ser alguém de fora do meio historiográfico a fazê-lo. Tudo depende do projeto para o museu que tenha quem se candidata, e da avaliação de quem escolhe os candidatos.
Não, caros concidadãos de direita, o problema de Rita Rato não é certamente ser do PCP. Não vale a pena fazer a lista de tantos e tantas militantes do PCP — partido fundador do nosso regime constitucional democrático — que souberam gerir com competência e imparcialidade instituições públicas. Essa lista seria longa. O que valeria talvez a pena seria perguntarmo-nos por que raio assumimos com tanta naturalidade a nomeação de gente do CDS, por exemplo, para conselhos de administração de empresas públicas, e agora faríamos um escândalo por uma candidata oriunda do PCP ter sido escolhida. A não ser que Rita Rato viesse a demonstrar querer hegemonizar a história da prisão do Aljube ou apagar a memória de todas as outras correntes ideológicas, de anarquistas a monárquicos, que por lá passaram, era só o que mais faltava se houvesse uma barragem política a que alguém do PCP exercesse um cargo deste tipo.
E não, o problema de Rita Rato não é ter sido política. Se alguém pensa que a vida de um ex-político fica mais facilitada numa prova deste género, está bem enganado. Quando chega à altura da entrevista final, o empregador que quer sossego e distância de polémicas vai pensar duas vezes antes de se decidir por alguém que vai gerar falatório garantido, e os jurados que não são da persuasão política da candidata vão precisar de ver uma dose extra de qualidade para se deixarem convencer.
Em resumo e até aqui, não vejo problema em Rita Rato ser diretora do Museu do Ajube: houve um processo de recrutamento aberto em vez de uma indicação direta e se Rita Rato o ganhou entre dezenas de candidatos é porque demonstrou méritos para exercer o cargo ao qual se candidatou — o que até nem surpreende quem, sendo de um partido e de uma família ideológica bem distinta, e não a tendo nunca conhecido pessoalmente, seguiu a trajetória de Rita Rato.

Não; o problema de Rita Rato é outro — e pode mesmo ser insuperável. Não creio que Lisboa enquanto cidade, e o Museu do Aljube enquanto espaço de memória da resistência política em particular, possa conviver com uma diretora que tenha tido declarações que possam parecer como minimizando realidades historicamente comprovadas e de magnitude inescapável da repressão política no século XX.
Refiro-me, como é evidente, à entrevista de 2009 em que Rita Rato se referia ao Gulag como “uma experiência” que “admitia” que “pudesse ter acontecido”. Desde então já ouvi muitas explicações e interpretações para essas palavras: que Rita Rato era jovem; que deu uma resposta “política”; que era inexperiente na relação com a imprensa. Mas crucialmente todas essas explicações e interpretações são dadas por terceiros. Ora, Rita Rato não era então, e não o é de todo hoje, uma pessoa que precise que falem por ela. É de Rita Rato que é preciso perceber de uma vez por todas se nega ou reconhece a realidade histórica do Gulag como repressão em massa de milhões de seres humanos, se a condena ou não, e se se arrepende ou não das suas declarações passadas sobre o assunto.
É nestes momentos que importa fazer aquele exercício tão incomum no debate público: e se fosse ao contrário? E se houvesse algum político à direita que “admitisse” que os campos de extermínio fossem “uma experiência” que “pudesse ter existido”. Como reagiria a esquerda se, anos depois, e com essas declarações ainda mantidas na ambiguidade, para dizer o mínimo, a pessoa que as fez fosse escolhida para dirigir um museu que é um lugar de memória da repressão política? Bem, pelo menos eu sei como reagiria, e tento não me esquecer da indignação que sentiria nesse caso hipotético, agora que discutimos o caso real de Rita Rato.
A verdade é que um museu da resistência à repressão política com uma diretora que se permitisse não esclarecer declarações suas que podem ser vistas como minimizando a repressão política quando esta é feita em nome da sua ideologia (o que, em meu entender, até deveria levar a uma condenação mais forte) não seria um museu que se pudesse levar a sério. 
É claro que se pode ser uma pessoa que negue ou minimize a realidade histórica do Gulag. Ou pode ser-se uma diretora do Museu do Aljube que dignifique a instituição. Mas não se pode ser as duas coisas. É agora a Rita Rato que compete escolher e assim esclarecer o mais depressa possível se será para a cidade de Lisboa e para o Museu do Aljube uma mais-valia — ou uma mancha.

Heráclito nasceu em Éfeso (II)

Voltando a Éfeso
, ainda não tínhamos ido às montanhas brancas de Pamukkale e às suas piscinas carbonadas. A Capadócia bem mais distante esperava, sossegada.
(Ao que parece, bem menos nestes anos antes da pandemia)
Lembro-me do Cavalo de Tróia, cavalo de madeira real e o "verdadeiro" para quem quisesse acreditar,
 e quase toda a gente precisa de acreditar, seja numa madeira imputrescível, seja na magia dos pães, peixes ou águas impenetráveis
(No Mar Morto - o mergulho mais abacalhauzado que tive! - a imaginação aditada ao sal radical pôde fazer maravilhas e... "milagres"...).
A que não subimos por pudor (remexer nas entranhas...), medo (e se as térmitas o tivessem armadilhado?...) e proibição (não sei como se diz em turco "tenham juízo"...).
Mas tudo na Via que levava ao tesouro de Éfeso, o Teatro,

 que outrora teria acolhido 25 mil pessoas, era real:

E o êxtase face à obra humana só era comparável ao êxtase face à maravilha daquelas montanhas brancas, erigidas tectonicamente em socalcos de água morna, onde nos banhámos. Longe da beleza dos socalcos verdes do arroz vietnamita mas imensamente intrínseco naquela beleza incomum.
Era um final de tarde em Pamukkale

e existiu uma nirvanazinha portátil em cada um de nós.

{As fotografias não são minhas. Em 1982 não havia máquinas fotográficas digitais. Tenho várias analógicas, algumas bem bonitas e que um dia destes passarei para digital...}
               (continua) 

As minhas circunstâncias... José Gomes Ferreira

José Gomes Ferreira. Aqui
Aprendi com ele, nas muitas circunstâncias em que o li e reli, a brincar com a leveza das palavras, índias dos seus segredos, lapidares na sua transparência. "O mundo dos Outros" foi meu viajante assíduo.
Já não o leio hoje como o lia aos 25 anos ( nenhum livro se relê da mesma maneira) mas encantou-me mais do que o José Cardoso Pires.
Grandes escritores, com mais relevo talvez o segundo, com estilos bem vincados.

Alemanha: aprender com quem é melhor

"Germany’s culture of dual educational and vocational training programmes has never been short of admirers, including British education secretaries of the present and the past, the Chinese communist party and the daughter of the current US president. 
Its advantages are hard to ignore: around half of each year group in Germany do not go on to complete a university degree bbut a three-year apprenticeship with a company, of which they spent about 50% learning “on the job” and 50% at a vocational training school.
The 325 recognised dual training occupations are wide-ranging, including carers for the elderly, bakers, booksellers, architectural draughtsmen or bow makers.
Through the mix of practical and theory-based learning, trainees acquire skills that tend to be well matched to the needs of employers and can be plugged into businesses with relative ease: before the onset of the Covid-19 pandemic, youth unemployment in Germany hit a record low of 5.6%."
The Guardian Aqui 

quinta-feira, 9 de julho de 2020

As minhas circunstâncias... Jethro Tull

Thick As A Brick (1972)

"After Aqualung, I felt we had to take a big step forward. Many writers wrote about Aqualung as a concept album, and I kept saying, ‘Maybe two or three songs in the same area, but not a concept.’ In the wake of all of that, I thought, ‘Right, let’s show them what a concept album is,’ and it seemed like an amusing idea to go down that route in this Pythonesque way and to try to use surreal humour. It clicked in America, which was a surprise, and it was our first real foray in that sort of theatrical presentation.”
Ian Anderson,  JETHRO TUL
O que eu ouvi este disco! 

Aljube, Pide e Fascismos de Todas as Cores

Na questão do Museu do Aljube, nada mais a propósito por quem ocupa a vida a estudar o "nosso" fascismo mas não é revisionista das Histórias dos Fascismos de Todas as Cores. 
Irene Pimentel, com quem aprendo sempre. 

A Outra América: a que envergonha Trump

A notícia é velha de 5 anos mas é futurista no contexto actual.
O analfabetismo de Trump e apoiantes é uma das Américas. LER

Biblioteca Pública de Nova Iorque compra arquivo da New York Review of Books

Um subterrâneo, em betão, que está a ser construído no edifício do Bryant Park abre em Abril com o espólio da biblioteca.

Os falsos Burros, Patos, Ratos ou primos

Sempre me fez muita confusão, enorme espanto, os jovenzinhos das agremiações partidárias por serem, a grande maioria das vezes, tão pouco jovens e tão ordeiramente entrados nos redis amorfos (por muito ruído que pudessem fazer).
Dos betinhos com lacostes amarelas da JC aos pré-candidatos a sec. de estado das JS e JSD, em que a mudança mais visível era a passagem ao uso da gravata (uma espécie de carta de condução da maioridade...) neles e, provavelmente, nelas mais rímel e saltos médios, aos UEC/JCPs de boina guevarista e ar palermamente feliz, as listas são enormes e as excepções raras, como manda a regra (lembro-me de um Carlos Pimenta, que não era beto, nem candidato à "carreira", nem lambe-botas dos "exemplos do passado"... E nunca apoiei a sua cor mas sempre admirei a sua fibra).
Para os jovens da boina o que não convém existir tem uma fórmula mágica: não existe.
Não se pode falar do que se passa na China ou Angola porque "não se é chinês, nem se é angolano" (falácias reles) . Mas pôde-se falar do Chile e da Argentina porque havia  ferozes ditaduras (verdades cruas). Pôde-se falar das ditaduras somozista e trujillista (verdades cruas) mas não se pode falar da ditadura orteguista ou castrista porque "não se é nicaraguense nem se é cubano" (falácias reles).
Os fascistas (verdadeiros) Le Pen ou Viktor Órban são personas non gratas mas os fascistas (verdadeiros) Kim Jong-un ou o saudoso Ceausescu são - ou eram!-personas gratas (falácias reles).
Os franceses, quando ainda havia PCF, criaram uma expressão (não sei se foram eles mas...) viperina:  "langue de bois" (traduzida à letra - língua de madeira; mas melhor - a célebre "cassete").
O que não interessa que exista não existe.
Como o mundo é simples, né, Rato Rita?

O nosso feliz 25 de Abril?
Não, a tragédia de Budapest em 1956.

Rita Rato, o Museu do Aljube e as perigosas palas nos olhos

Retirado do blogue Malomil
do historiador António Araújo:
"Mais, Rita Rato, tal qual os alunos cábulas, não sabe História e não se interessa por aprender História.

Uma vez, perguntaram-lhe sobre os crimes do estalinismo. Respondeu a jovem deputada... ouçamo-la, vale a pena:

- Como olha para os erros do passado cometidos por alguns partidos comunistas do Leste europeu?
- O PCP, depois do fim da URSS, fez um congresso extraordinário para analisar essa questão. Apesar dos erros cometidos, não se pode abafar os avanços económicos, sociais, culturais, políticos, que existiram na URSS.
- Houve experiências traumáticas...
- A avaliação que fazemos é que os erros que foram cometidos não podem apagar a grandeza do que foi feito de bom.
- Como encara os campos de trabalhos forçados, denominados gulags, nos quais morreram milhares de pessoas?
- Não sou capaz de lhe responder porque, em concreto, nunca estudei nem li nada sobre isso.
- Mas foi bem documentado...
- Por isso mesmo, admito que possa ter acontecido essa experiência.
- Mas não sentiu curiosidade em descobrir mais?
- Sim, mas sinto necessidade de saber mais sobre tanta outra coisa...

Tinha ela 26 anos, a licenciatura feita em Ciência Política e Relações Internacionais e, pasme-se, nunca tinha ouvido falar do estalinismo e dos seus crimes. Acreditam? 

Questionaram-na também sobre a China. De novo, a ignorância evasiva, obviamente comprometida e de má-fé:
- Concorda com o modelo que está a ser seguido na China pelo PCC?
- Pessoalmente, não tenho que concordar nem discordar, não sou chinesa. Concordo com as linhas de desenvolvimento económico e social que o PCP traça para o nosso país. Nós não nos imiscuímos na vida interna dos outros partidos.
- Mas se falarmos de atropelos aos direitos humanos, e a China tem sido condenada, coloca-se essa não ingerência na vida dos outros partidos?
- Não sei que questão concreta dos direitos humanos...
- O facto de haver presos políticos.
- Não conheço essa realidade de uma forma que me permita afirmar alguma coisa.
- Mas isto é algo que costuma ser notícia nos jornais.
- De facto, não conheço a fundo essa situação de modo a dar uma opinião séria e fundamentada.
- No curso de Ciência Política e Relações Internacionais, não discutiu estas questões?
- Não, não abordámos isto."