Crise (III)

"2. O Manuel e a Maria são casados e têm dois filhos. Ela está desempregada, já não tem direito a subsídio, ele trabalha na construção civil, ganha 800 euros brutos por mês. Um cenário que já se arrasta há mais de dois anos, uma vez que a crise se encarregou de congelar o salário do Manuel. Pelo menos, é essa a desculpa que lhe dá o patrão. Pois o Manuel e a Maria foram chamados a colaborar no "esforço patriótico" que o primeiro-ministro anunciou por estes dias. Inicialmente, Sócrates tinha garantido que os portugueses isentos de IRS continuariam a estar isentos. Mas depois deu o dito por não dito, o que começa a ser uma espécie de imagem de marca, e Manuel e Maria foram chamados a colaborar. E assim o casal, que até aqui estava isento de IRS, pela simples razão de que tem um rendimento miserável - 200 euros por cada elemento do agregado familiar -, vai passar a descontar seis euros por mês, 84 euros no total do ano. Manuel e Maria já decidiram em que patrióticas obras querem ver aplicado o seu magro contributo: 34 euros para a linha de TGV entre o Poceirão e o Caia [compromissos internacionais são para honrar], 30 para a terceira travessia do Tejo e 20 para as auto-estradas do Pinhal Interior [a família da Maria é de uma aldeola da Beira Baixa]."

Bem de acordo com Rafael Barbosa.
Ninharias...

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