Que ter vão era

Há muito tempo que morri, como não sei, foi antes de ter nascido, agora como, como, não sei. Acho que nasci quando adormeci da morte em que morava, bem aconchegado no calor da água, vivia nessa altura de sons e de memórias que me lançavam pelo vento fora sem rumo, mas feliz. Viajava imenso sem saber por onde ia, ou para onde ia, que importava o comboio que nos levava se nos levava, há quem não viva porque medo tem, que medo ter da alegria, e do nada, o medo, que grande a invenção dos medos, a invenção dos medrosos, a única, a fútil, a minúscula invenção dos medrosos porque justificava a existência, ou a falência, dos corajosos porque lhes dava substância e fogo, sem se ver, mas quem precisava deles, de medrosos e corajosos, só se precisava ser, mais nada, ser e mais nada, nasci então quando morri,

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