Educação, Desastre Ecológico Português



Um amigo psiquiatra, Gilles, quando lhe perguntámos como tinha sido a adolescência das filhas, pediu-nos para pensarmos em algo de verdadeiramente mau e multiplicá-la por 10. Pode ser uma imagem um pouco excessiva mas o que se passou na Educação desde 2004-2005, não tem andado muito longe do que esta imagem pode indiciar.
Tratar os professores como se fossem os causadores do insucesso escolar e do mal-geral da escola portuguesa; querer avaliar a todo o custo, de qualquer maneira e,singularmente, com um modus operandi execrável; atafulhar de burrocracia e de legislação diária, contradizendo hoje o que se tinha decretado ontem; inventar um estatuto do aluno sui generis e desprestigiante; criar a "escola a tempo inteiro" sem se preocupar minimamente em saber se havia ou não condições objectivas; impor as AECs com ou sem animadores, com ou sem formação; criar dois tipos de professores dentro dos professores, ainda que do mesmo ciclo e com as mesmas competências; descredibilizar a escola e os professores; refazer a avaliação dos docentes mas deixá-la moribunda e falaciosa; fechar escolas de forma cega e criar mega-agrupamentos desumanizados;etc,etc.

O que deveria ter sido feito e não foi:

implicar os professores em qualquer mudança que se pretendesse efectuar; avaliar os professores por organismos independentes e credenciados; valorizar a imagem dos professores e educadores; reformular com realismo e qualidade os programas escolares; inverter completamente a lógica concentracionista e economicista que concebe a "escola de qualidade" se for grande, com paredes novas e muitos computadores fechados numa sala; divulgar os casos de sucesso, não para serem copiados mas para tornarem visíveis as mudanças qualitativas; acabar com o conceito de "escola a tempo inteiro" ou só o implementar onde existissem condições e empenhamento cívico dos pais e enc. de educação;

NÃO FAZER MUDANÇAS NOS PRÓXIMOS DEZ ANOS e AVALIAR/COMPARAR, então aí com resultados credíveis, o estado geral do ensino e da escola pública.

É pedir muito?

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