quarta-feira, 8 de julho de 2020

Heráclito nasceu em Éfeso (I)

Dizer que vi Heráclito nascer é uma muito maior mentira que seria querer fazer crer que nunca estive em Éfeso, cidade da antiga Jónia (actual Turquia).

 Éfeso maravilhou-me, também porque estava no quase início das minhas viagens e havia ainda fraca maturidade, mas só podia imaginar o porto da cidade tão perto ali do magnífico teatro que resplandecia de fumo brilhante numa tarde abrasadora daquela
 Durante o período romano, foi por muitos anos a segunda maior cidade do Império Romano, apenas atrás de Roma, a capital. Tinha uma população de 250 000 habitantes no século I a.C., o que também fazia dela a segunda maior cidade do mundo na época. 
tarde de Agosto de 1982.
Antes tínhamos passado por Çannakkale, mesmo plasmado no célebre Estreito de Dardanelos, mas mais uma vez da sombra reflexiva de Churchill nada me refrescava naquele minibus que nos levava pela costa até ao objectivo, Ismir, que aguardava. 
Aí, dias depois, a sensação indelével, apesar da insignificância, de ver dois militares numa esquina da terceira cidade turca com metralhadoras Apontadas (!) para os transeuntes que passavam. O que era aquilo? 
O Chile tinha sido há 9 anos mas o 25 de Abril fora há 8, é certo que a Turquia não era Europa (ou já ainda não era já?...), mas o fim dos Coronéis helénicos também ainda andava por perto, e a Palestina... 
De novo só a espuma mal colada do golpe militar turco de 1980 se esvaziava diante de nós. E uma bela baía numa cidade cheia de traços ocidentalizados (bem antes das derivas autoritárias e islamizantes dos actuais sultanetes). O Irão, bem perto, já tinha posto fim às suas liberalidades durante o Xá, Khomeini tinha regressado de França há 3 anos e até havia em curso uma das guerras mais estúpidas e vazias, o controlo dos poços de petróleo do Koweit, uma estteita faixa de terra mas ao Sol do Golfo Pérsico... 
O que já tínhamos viajado, mesmo sem sairmos dos nossos corpos, em tão poucos dias. Saddam era um chefe de Estado legítimo (?), a Savak do Xá tinha-se directamente revestido de guardiã da Revolução religiosa e totalitária, Erdogan ainda era jovem, Churchill já tinha escrito sobre o Desastre de 1915, uns bons anos depois das cowboiadas dos Boers, Israel e Egipto estavam num dos raros períodos de acalmia, até com a devolução do Sinai, mas deixando sempre Eilat, pela ligação ao precioso Mar Vermelho... 
(continua...) 

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