O Estômago do Luxo

N. dizia (e mais tarde ouvi outras vozes) que preferia ir 1 vez a um restaurante "bom" do que 7 ou 8 a restaurantes "normais".
Seria primeiro necessário pôrmo-nos de acordo quanto ao conceito e classificação de "bom" e de "normal". Mas adiante.
N. gostava de algum luxo e acho que se referia a isso: ser servido por alguém muito atencioso (e servil?), cheio de maneirismos estudados, em pratos com monogramas e quantidades ridículas mas com uma arquitectura visual aderente  e copos de cristal da Bohemia com vinhos provados em balão e com direito a mesinha exclusiva, ou sobremesas e queijos com nomes franceses, e comidas muito consideradas quanto mais gustativamente fossem salivados, com imperceptível discrição, os nomes etiquetados na fama do chef.
L, que era eu e sou eu, que detesto luxo, ser servido com maneirismos e jactância, e tenho interesse genuíno e talvez bárbaro pelo paladar do prestes a ser saboreado e engolido, preferia e, décadas passadas, prefiro comer bem num ambiente simples (daí eu ser simplório), sem afectação nem postura de casta superior.
Por falar em castas, não faço cavalo de batalha por nenhuma mas escolho e prefiro claramente as que medram em solos, sóis e ventos tintos do Além... Tejo.
Quanto a estas, proibidas estão na lei, mas poderão vários milhares de anos viajar à velocidade sónica? Por duas vezes, nesse imenso país que é a Índia, nunca fui capaz de distinguir mais do que é possível observar num país superpopuloso e com contrastes gigantescos e muito agudos. Como noutros locais, aliás.

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