A Batalha dos Nomes

J. vai nascer. J. ainda não participa na escolha de nomes dos do lado do alto. J. por agora só participa na aceitação de nomes dos do lado de baixo.
(Na religião os anabaptistas não acreditam no baptismo cristão ou outro que seja feito sem ser por escolha consciente de quem quer ou quiser ser baptizado. Se eu fosse crente, pelo menos quanto ao ritual da aceitação de pertença a uma tribo mística, seria anabaptista...Mas como fui baptizado com dois meses, estou salvo, ou perdido, ou coisa nenhuma.)
A escolha dos nomes para os filhos deve ser das sementeiras e dos actos pós-natais mais intensos, não esquecendo que muitos começam muito, muito tempo antes... do solo ser regado.
A subjectividade é, penso, a mais determinante característica desta escolha. 
Por que é que Teodoro é um nome anacrónico e serôdio (superado ainda assim pelo Teodorico do Eça...) para uns, desinteressante ou incolor para outros e adorável e lindo para os que o escolhem?
Pela fonética? Pela lembrança de alguém homónimo? Pelo imaginário que provoca? Por nada?
Jacintas e Jacinto. Nomes que são biformes. 
Uma, passageira, que é primeira ministra neozelandesa. Outra, vidente, que tocou luzes brancas ou amarelas rebentando de nuvens mágicas. O outro eternizado pelas Cidades e as Serras dos portugueses que lêem.
Isabel e Isabelo. Não dá. (Espanto-me por a inventiva brasileira ainda não ter produzido um Isabelo!...)
Joaquina e Joaquim. 
Luís e Luísa. 
Rita e Rito. Não dá. Ainda que fosse divertido, talvez, ter um Rito que não fosse muito ritualista.
Manuel e Manuela. Maria e Mário (Mario não dava...). Carlos e Carla ou Carlota. Miguel e Miguela é o compincha da Rita e do Rito. E já agora Rui é que está só, nem tentando Ruia, ou mesmo Ruiva ou Rua, dava. 
Existem nomes que são moldáveis, outros ainda tentam, mas Ricardo não tem Ricarda e Ricardina não tem Ricardino. 
Outros são exclusivistas. Ou é ou não é. Ana nunca dará Ano, Tomé não dará Toma nem Tomá, Cristina não dará Cristino.
E não me venham  com Cristiano que dou-vos já com a Cristiana.
E só o pobre Cristo não tem Crista.

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