quinta-feira, 31 de março de 2022

O PCP e os Vizinhos

Em 1956 Budapest foi brutalmente invadida e devastada porque multidões de agentes da CIA imperialista ofendiam e violentavam a construção, tão recente, do paraíso finalmente terreno.

Já tinha havido algo perturbador na Checoslováquia em 1948. E a construção do inqualificável Muro a dividir Berlin. Em 1961. E a crise de Cuba em 1962.

Mas, lá está, o imperialismo americano voltava à carga e, desta vez, ainda com mais numerosos e felizes participantes, era novamente esmagado, nas ruas, pela amizade dos eternamente adorados vizinhos soviéticos, que tinham sido chamados e, a um amigo, nada se recusa. Era 1968. E em Praga. 




Grande ironia, mas fantástica, havia outro vulcão social e político a centenas de quilómetros dali, o capitalismo estrebuchava nas ruas e nas margens do Sena. Era 1968. E em Paris.

E havia ditaduras ferozes em muitos lados, Argentina, Brasil, Espanha, Portugal, Grécia, Paraguai, entre outras.

O Chile ganhou, ao que parece, a Palma de Ouro da ignomínia. Em 1973. Em Santiago. 

Pequena ironia da História, o Vietnam estava a poucos anos de dar uma tareia histórica ao imperialismo norte-americano. Era em 1975. Em Saigão. 

Poucos anos mais tarde, o Vietname invade o Camboja. Era 1977. Em Phnom Penh.

Dois anos mais tarde, também a pedido, a União Soviética invadia o Afeganistão. Era 1979 (até 1989). Em Kabul.

Os Estados Unidos também invadem o Afeganistão. Em 2001 (até 2020). Na requisitada Kabul.

E a Republica Dominicana, em 1965. E o Panamá em 1964 e em 1989. E o Iraque, em 2003 (até 2011). Bagdad ao que parece.

Os dois grandes no Mundo invadiam a bel prazer. Mas a galinha da vizinha era sempre pior que a deles. Num qualquer ano, em qualquer sítio. De um lado que era sempre ou anti-imperialista ou anti-comunista. O Bem e o Mal. E vice-versa.

A China ria-se do Imperialismo Americano e do Social-Imperialismo Soviético.

Mas tinha a sua maquiavélica Revolução Cultural. Uma Invasão Caseira. Era 1966. Em Pequim. E o Tibete. Era 1950. Em Lhasa.

23/05/1951 - Assinatura do Acordo dos Dezassete Pontos entre líderes tibetanos e as autoridades chinesas.

09/1954 - Dalai Lama vai a Pequim para participar na Assembleia Popular Nacional como deputado e encontra-se com o presidente da China Mao Zedong.

10/03/1959 - Início da revolta tibetana em Lhasa contra as autoridades chinesas.

23/03/1959 - Exército chinês coloca ponto final a revolta.

Mao Zedong acompanhado por Panchen Lama, à sua direita, e pelo Dalai Lama, à sua esquerda. Pequim, 1954.

A História é muito traiçoeira. 

A Ucrânia está a ser literalmente esmagada. Não só em Kiev. É em 2022.

E o PCP, onde fica? 

Como em 1956, em 1968, em 1979. Com um dos vizinhos. Como habitualmente. 

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