Embirrações...
Embirro muitas vezes. É aborrecido e chato porque não me apetece embirrar, é cansativo, é inútil, e é mesmo profundamente estéril.
Embirro, então, comigo próprio por embirrar com muita coisa, muita gente, muitas pessoas, até com 'conceitos' (outro chavão dos tempos actuais)...
Não serve para nada e eu sei disso, sem me equivocar.
Embirro com todas as marcas, as marcas que as pessoas vestem ou calçam porque assim vêem-se melhor no espelho dos outros e no verso do seu próprio espelho. É uma das minhas maiores embirrações, o ser considerado mais bem vestido, e visto, e considerado, porque se tem um logo que é símbolo de se ser aristocrata do gosto. E odiar a roupa que não é de marca, sem prestígio e meramente formal, assim como uma t-shirt banal que só é útil quando temos de tentar reparar o sifão e não podemos estar só vestidos de pele.
Embirro com as pessoas que acham que são humoristas e são só tristes porque não conhecem o valor das palavras, das metáforas, e, principalmente, por não terem uma grama de humor. O que é desastroso para quem acha que tem. Embirro com o snobismo e o artificionalismo, o modismo e o anacronismo.
Por embirrar tanto, é que fico enfastiado comigo. Às vezes é uma embirração de morte. Aí...só me apetece não embirrar comigo e, principalmente, com inocentes marcas, pessoas, conceitos...
Por vezes, acho-me o máximo porque, apesar de achar que as gravatas são um dos adereços mais estúpidos do mundo (acho mesmo que o nome adequado, e lógico, seria esgana- pescoços), já nem fico feliz por ver que em público o que era impensável, apertar pescoços, já não é inevitável.
Embirro com o luxo, com a ganância, com a pomposidade, com a futilidade, com camisolas cr7, com flores de plástico, cantores que não cantam, realizadores de filmes que erraram na profissão, enfim, a lista é vasta. E chata.
Por exemplo, embirro com celulares que não têm células, com marrons quando não se marra em ninguém, caminhão quando ninguém dirige caminhos, mesmo dirigir um veículo e não uma reunião, aterrissar, israelense, goleiro, banheiro e outros...
Parece xenofobia linguística e, se calhar, é mas quando se embirra é terrível, até cometemos perjúrios, ofensas, mentiras, má-fé, e outras miseráveis misérias (aqui, pleonasmo evidente!). E mesmo à coca, outras embirrações, a dos pleonasmos e a das verborreias, políticas, ideológicas, morais, injuriosas...ou ficcionais...
"Posso ir no banheiro?", se estou bem disposto e com o vento das embirrações, inerte, até deixo passar o banheiro e o horroroso "no".
É quando sou condescendente com os outros e, principalmente, comigo próprio.
Mas as embirrações...
(●'◡'● Escrevo sempre contra o desacordo ortográfico)
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